Depois de receber um aporte de US$ 10 milhões, liderado por Founders Fund e Kaszek Ventures, a fintech latinoamericana Belvo — que desenvolve APIs para o setor financeiro — está prestes a inaugurar sua presença no Brasil.
A expectativa é que a empresa seja aberta em agosto, conta à Finsiders por videoconferência Albert Morales, executivo contratado para liderar a operação brasileira. Foi a primeira entrevista concedida pela startup para um veículo de comunicação no país.
“Brasil é um mercado bem importante para nós. A ideia é abrir um escritório e, até o fim do ano, ter ao menos 10 pessoas na operação no país.”
O momento não poderia ser mais favorável: o Brasil tem uma agenda de regulamentação do open banking. Mas a Belvo quer ir além, como já tem feito no México e na Colômbia, os primeiros países onde começou a operar em janeiro deste ano.
‘Open finance’
“Nosso foco é ‘open finance’, não so open banking. Significa conectar todos os dados financeiros relevantes.”
No México, diz ele, a startup se conectou a aplicativos de delivery e transporte, como Rappi e Uber, que reúnem um conjunto importante de informações sobre hábitos de consumo das pessoas. Morales lembra que o México tem, desde 2018, uma lei que regula o funcionamento de fintechs, o que tem ajudado nas conexões.
A solução de infraestrutura de APIs da Belvo é vendida para bancos, fintechs, empresas de e-commerce e outros potenciais mercados. A ambição é ser um dos principais players de APIs para o setor financeiro da América Latina.
No Brasil, Morales conta que a demanda tem sido alta pela versão beta — que será lançada em agosto. Ainda assim, existe um desafio grande porque o mercado brasileiro tem especificidades, como boleto.
Expansão na AL
Hoje com quase 30 pessoas na equipe, a Belvo quer chegar a setembro com mais de 50 profissionais, incluindo as operações na Colômbia, no México e Brasil. Até o fim do ano, a previsão é ter conexões em seis países da América Latina, o que não significa manter uma presença física em todos.
Argentina, Chile ou Peru estão entre os cotados para o próximo destino da startup, afirma Morales, que foi vice-presidente de gestão de produtos da espanhola Strands e gerente de produtos da fintech inglesa Kantox.
Como tudo começou
Os espanhóis Pablo Viguera e Uri Tintore, fundadores do negócios, passaram por algumas startups antes de erguerem a Belvo. Viguera foi COO do aplicativo de pagamentos europeu Verse (adquirido há algumas semanas pela Square) e gerente-geral do Revolut. Teve, ainda, passagem como analista de investment banking do Merrill Lynch. Tintore foi engenheiro espacial na NASA por quase quatro anos e chegou a fundar a Capella Space, uma startup que levantou mais de US$ 50 milhões.
Desde a fundação, em maio de 2019, a fintech criada em Barcelona captou US$ 13 milhões. Entre os investidores estão nomes como Maya Capital, Venture Friends, Y Combinator e David Vélez, do Nubank. No fim de maio, Kaszek Ventures e Founders Fund se juntaram ao grupo.