Leia as edições anteriores da Finsiders
Tempo de leitura: 3 minutos
Os investimentos em fintechs continuam intensos neste mês. Agora foi a vez da fintech de crédito com garantia de imóvel Pontte, que levantou R$ 160 milhões de um fundo soberano asiático, segundo apuração do Valor Econômico (o nome do fundo não foi revelado).
Com os recursos, a empresa vai ampliar a oferta de empréstimos, reforçar a equipe e investir em tecnologia, diz Marcelo Lubliner, CEO da fintech, em entrevista à Finsiders.
Esta foi a primeira captação externa do negócio, criado dentro da Mauá Capital, gestora de R$ 6 bilhões fundada e liderada por Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de política monetária do Banco Central (BC).
Em 2020, até 21 de agosto, a Pontte soma R$ 5 bilhões em solicitações de crédito, segundo dados divulgados com exclusividade à Finsiders. No ano passado todo, o volume foi de R$ 1,7 bilhão em pedidos de crédito.
Lubliner não divulga o tamanho da carteira, nem o montante originado, mas diz que o objetivo é emprestar cerca de R$ 400 milhões ao longo deste ano. O ticket médio dos empréstimos é de R$ 440 mil.
Fundada em maio de 2019, a fintech atende principalmente empresas e autônomos (61%), seguidos por assalariados (30%) e funcionários públicos (9%), mas não revela a quantidade total de clientes. Na carteira PJ, a maioria é formada por empresas dos setores de alimentação e têxtil.
“São muitas vezes varejistas em busca de recuperação financeira para o seu negócio.”
PME
De olho nas pequenas e médias empresas, a Pontte aposta em novas modalidades de garantias, que incluem recebíveis de diversas naturezas e diferentes graus de performance.
A ideia é desenvolver operações em parceria com a Mauá Capital e algumas dessas estruturas devem estar em funcionamento nos próximos dois ou três meses, diz Lubliner.
“Se um indivíduo pode montar um playlist customizado de músicas que gostaria de ouvir ou montar um portfólio ideal de investimentos para o seu perfil, por que não pode ter um crédito customizado feito a partir das suas disponibilidades e necessidades específicas?”
Filão do home equity
O avanço da Pontte em crédito com garantia de imóvel ocorre num momento em que outros players também expandem a atuação no segmento. A Bcredi fechou parceria recentemente com a Ame Digital para conceder empréstimos de R$ 30 mil a R$ 2 milhões na plataforma da fintech da Americanas.
A CashMe, da Cyrela, está com uma carteira de R$ 500 milhões e prevê chegar a R$ 800 milhões em crédito até o fim do ano. Já a Creditas anunciou o lançamento do Creditas Home, solução para quem quer comprar, vender e reformar imóveis.
Começam a surgir mais concorrentes nesse mercado, segundo a Finsiders apurou. O potencial é grande: o Brasil tem algo como 48,1 milhões de imóveis quitados, conforme dados recentes do IBGE, que poderiam servir de lastro para operações de home equity.
A possibilidade de usar um imóvel como garantia de mais de um empréstimo pode ajudar a impulsionar esse mercado, cujo estoque chegou a R$ 10,7 bilhões em junho deste ano, segundo dados da Abecip, mas poderia movimentar cerca de R$ 500 bilhões, nas contas do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.