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Nos primeiros meses da quarentena, a Cacau Crédito, com foco em antecipação de recebíveis para PME, precisou segurar a liberação de recursos por um motivo óbvio: boa parte dos clientes teve de fechar as portas. Em resumo, o faturamento zerou em muitos casos. Não à toa, o volume operacionalizado em crédito caiu 60% em maio, mês que capturou de maneira mais precisa o impacto da crise.
No início de junho, a fintech começou a retomar a operação, mas ainda longe do patamar pré-covid. Os números melhoraram, de fato, entre julho e agosto. E a empresa voltou também a fazer ações de marketing para captar novos clientes. Em agosto, a quantidade de clientes cresceu 70% ante março. Em volume, a expansão foi de 50%, contam os sócios-fundadores, os irmãos João e Frederico Meinberg (ex-sócio da Rico e Linx).
A Cacau acaba de lançar uma linha de capital de giro, por enquanto restrita aos atuais clientes — pequenas e médias empresas que faturam, em média, R$ 200 mil por mês de setores como agronegócio, comércio e serviços.
A contratação é feita 100% online por site ou aplicativo. Se o crédito for aprovado, o dinheiro cai na conta em duas ou três horas, garantem eles. Os valores liberados vão de R$ 1 mil a R$ 20 mil, com até quatro meses de prazo e taxas que variam de 2,5% a 6% ao mês.
Carteira
Antes da pandemia, o objetivo era dobrar a carteira dos atuais R$ 50 milhões para R$ 100 milhões em 2020, mas se a fintech conseguir chegar a R$ 70 milhões até o fim ano, será uma boa notícia. “Se chegarmos nesse valor, já está bom até porque trabalhamos até novembro. Em dezembro costumamos segurar crédito porque a probabilidade de fraude é alta.”
Para evitar fraudes, a fintech utiliza tecnologia para cruzar mais de 20 variáveis, além da análise de dados tradicional de concessão do crédito. Ainda assim, em torno de 30% e 35% dos pedidos têm algum tipo de fraude, contam os fundadores.
“Hoje, a gente consegue checar origem do telefone, se tem o e-mail há pouco tempo, se a nota que está trocando já foi emitida mais de uma vez.”
O funding das operações vem do FIDC Meinberg, gerido pela Ouro Preto, mas a fintech abriu o Cacau FIDC, atualmente em fase pré-operacional. A ideia é inaugurar a operação em 2021, inicialmente com R$ 10 milhões de capital próprio — uma captação com investidores não está descartada.
Desde o início da operação, no ano passado, a Cacau atendeu 1.500 empresas e hoje tem uma carteira ativa de cerca de 200 clientes, que trocam recebíveis todos os meses.
Até o fim do ano, a fintech espera aumentar a operação de capital de giro. “Com a economia voltando, o pequeno e médio empresário vai precisar de crédito para giro rápido, de 20 dias, por exemplo. Como a empresa é pequena, às vezes não tem faturamento para fazer desconto”, explicam os sócios.
A maioria da demanda por crédito vem de empresas em São Paulo (62,5%), seguidas por Bahia (25%) e Minas Gerais. Os negócios de confecção e serviços (cada um com uma fatia de 37,5%) lideram a procura por recurso na plataforma. O restante (25%) é dividido entre agronegócio e comércio.