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De estilo “low profile”, o engenheiro de produção pela Poli-USP, Olavo Viana Cabral Netto, montou em 2014 uma fintech para levar autonomia financeira a micro e pequenos negócios de comércio e serviços, sem fazer alardes ou grandes campanhas de divulgação. Com ferramentas de gestão, pagamentos e acesso a produtos financeiros, como crédito, a Listo encontrou nas revendas de carros e lojas de autopeças o principal nicho de atuação.
Seis anos depois, a plataforma atende cerca de 100 mil clientes, 80% deles no setor automotivo — pequenos empreendimentos espalhados por 1.700 municípios brasileiros. Faturou R$ 209 milhões no ano passado, o dobro em relação a 2018. Ao todo, o volume financeiro transacionado por clientes atingiu R$ 2,7 bilhões em 2019, contra R$ 1,1 bilhão no ano anterior.
Antes da pandemia, a fintech mantinha um crescimento de 15% ao mês, mas precisou revisar as projeções para o ano por conta dos efeitos negativos da crise no setor automotivo.
“Provavelmente vamos mostrar crescimento, mas naturalmente menor do que gostaríamos que fosse.”
Novos produtos e serviços
Até o início do quarto trimestre, a empresa planeja lançar um novo pacote de produtos e serviços para os clientes. “Estamos no final do piloto porque isso vai colocar a empresa em um novo patamar”, diz Cabral Netto, sem abrir detalhes da iniciativa.
Desde o ano passado, a Listo atua como SCD e já captou dois FIDCs, no valor total de R$ 450 milhões. Sem investidor externo até hoje, a fintech não descarta uma captação para acelerar a expansão.
Concorrência
Para o empreendedor, a concorrência tem vindo em cada produto que a startup oferece. Nas ferramentas de gestão, a fintech naturalmente concorre com as empresas de software e contabilidade. Em meios de pagamento, enfrenta a competição acirrada das adquirentes, mas resolveu correr por fora e criar sua própria solução.
“O grande diferencial é que a gente combinou UX simples e customizado para um nicho de clientes. Ofereço tudo num lugar só: maquininha, relatórios de conciliação, histórcio de vendas, controle de vendas por usuário. É um mini ERP que está sempre em construção porque vamos incluindo novas soluções.”
Expansão
Com presença em todos os Estados brasileiros e escritórios em Argentina, Peru e México, a Listo tem 825 pessoas na equipe (90 vagas em aberto) e aposta em um time comercial para captar novos clientes. É o bom e velho boca a boca que tem ajudado a fintech a manter um NPS acima de 75%, por exemplo. Assim, a empresa conquistou as revendas de automóveis, oficinas e lojas de autopeças.
Agora começa a ganhar mercado em outros setores, como saúde, construção e comércio em geral, que trabalha com produtos de alto valor agregado. Hoje, esses pequenos negócios de diversos segmentos representam apenas 20% da carteira de clientes, mas a fintech vem expandindo os projetos e investimentos para atender outros nichos.
“Antecipamos muito do roadmap de produtos e várias soluções novas que vamos lançar para o mercado, com foco em ajudar o cliente a vender mais. Fizemos pesquisa com clientes e isso pautou todo o investimento no último trimestre.”