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A Duxx Investimentos foi uma das gestoras brasileiras de Venture Capital que mais lideraram rodadas nos últimos cinco anos, ao lado de Canary, monashees, Kaszek Ventures e Redpoint eventures, conforme um levantamento da Sling Hub.
Fundada em agosto de 2014, é liderada por Daniel Matumoto — com experiência em M&A e fundador de um e-commerce de quadros personalizados — e Marcos Couto, ex-CEO da seguradora ACE, Tempo Assist e hoje presidente da Alper Seguros (antiga BR Insurance).
Com um primeiro fundo de R$ 15 milhões, a Duxx construiu um portfólio de dez startups, entre elas, as fintechs Acesso, especializada em meios de pagamento e Wuzu, de sistemas de negociação secundária. Na carteira, estão ainda as insurtechs Tô Garantido, startup de seguro de vida, e Amar Assist, plataforma de venda on-line de planos funerários e assistência funeral.
Com um portfólio diversificado, que inclui de e-commerce de cachaça a uma empresa de compartilhamento de guarda-chuvas, a Duxx começou a captar um segundo fundo em julho deste ano, com target de R$ 50 milhões, podendo chegar a R$ 100 milhões caso tenha demanda.
Nesta entrevista, Matumoto fala sobre como enxerga o ecossistema de fintechs e para quais segmentos está olhando.
Finsiders: Como enxerga a vertical de fintechs? Quais as oportunidades?
Daniel Matumoto: Em fintech, são quatro temas relevantes ultimamente: soluções para empresas, focados em pequenos negócios ou startups. Soluções banking as a service (BaaS), criando infraestrutura e back office para outras empresas consumirem; fintechs mais de nicho, por exemplo, crédito para o agronegócio. E outro tema relevante, que recebemos bastante, é solução de aplicação de blockchain e criptoativos.
Quatro temas em fintechs: soluções para pequenos negócios, BaaS, fintechs de nicho e soluções com uso de blockchain
Finsiders: Mesmo com avanço dos bancos digitais, ainda tem espaço para fintechs que atendem PME?
Matumoto: Querendo ou não, solução para empresas era um mercado carente até um tempo atrás. Temos casos no nosso portfólio de startups que não conseguiam pagar publicidade no Google porque banco travava crédito. Lógico que é um mercado que tem players mais consolidados. Mas conheci algumas que olham para dor de startups e empreendedores, por exemplo, conta sem burocracia, soluções de crédito para negócios com modelo SaaS.
Finsiders: Por que negócios de banking as a service?
Matumoto: Temos um histórico de concentração bancária, com parcela mal-atendida ou insatisfeita, e outra não atendida por grandes bancos. Vejo oportunidade em que qualquer player de mercado possa contratar solução de BaaS, criar novos produtos e serviços mais especializados para a base de clientes e aumentar relacionamento com essa base. A Acesso, por exemlo, criou o Bankly, solução que atende desde grandes empresas do varejo até fintechs. É uma forma de focar no produto e no relacionamento com cliente em vez de precisar construir a infraestrutura, que demanda bastante capital. Outro mercado que a gente aposta bastante é o de funding, soluções de emissão de ativos e negociação secundária, com soluções inovadoras, que trazem eficiência, redução de custos e burocracia, além de acesso a capital.
A Acesso, por exemlo, criou o Bankly, solução de banking as a service que atende desde grandes empresas do varejo até fintechs.
Finsiders: Mas não é um segmento difícil, considerando a dominância, praticamente um monopólio, da B3?
Matumoto: A ideia da Wuzu, por exemplo, não é explorar os mercados tradicionais que a B3 concentra, mas outros tipos de ativos, conforme a demanda das empresas. Eles desenvolveram, por exemplo, um token para negociação de crédito de carbono. Teve um token emitido pelo BTG [o banco emitiu o ReitBZ, token que investe em uma carteira de imóveis recuperados gerida pela Enforce, empresa do Grupo BTG Pactual especializada na recuperação de créditos corporativos].
Finsiders: Qual o tamanho do portfólio hoje?
Matumoto: Foram dez investimentos. A primeira startup foi a Acesso, em 2015. Naquele ano, também investimos na Tô Garantido, Kenoby, HRTech de recrutamento e seleção, e GoMarket, de alimentação saudável. Em 2016, fizemos três investimentos: Fred, plataforma de construção de chatbots; Amar Assist, insurtech no mercado de planos funerários; e Cachaçaria Nacional, e-commerce de cachaça. Em 2017, fizemos aporte na Wuzu, que tem uma plataforma de exchange as a service. E também investimos na Rentbrella, de compartilhamento de guarda-chuvas e que tem hardware envolvido. O último investimento foi no Poppin, aplicativo de relacionamento. Fizemos um portfólio bem diversificado.
Finsiders: Qual a tese de investimento?
Matumoto: Nosso foco é seed. Somos agnósticos de setor, mas temos preferência por fintech, HR Tech e healthtech. O principal que olhamos são os empreendedores. Se tem complementariedade de equipe, como os fundadores se complementam, storytelling skills, quão estruturados estão para fazer abordagens, porque querendo ou não isso se vai se refletir na habilidade de acessar novos investidores e potenciais clientes. E também a troca. A partir do momento em que iniciamos análise e relacionamento com startup e empreendedores, isso diz muito do que poderia funcionar na sociedade. No dia a dia tenho bastante proximidade com empreendedores, buscando oportunidades de negócios. Somos um fundo bastante ativos, lideramos as rodadas e participamos do conselho das startups.
Fundo ativo, que costuma liderar rodadas e participa do conselho das investidas
Finsiders: Como está a captação do segundo fundo?
Matumoto: Estávamos em conversas com fundos gringos no começo do ano. Com pandemia, isso esfriou. Em julho, voltamos a falar com fundos brasileiros. Hoje ainda não tenho sensibilidade em relação a timing para o primeiro closing. Mas a ideia é captar R$ 50 milhões para continuar a estratégia do fundo 1, que tem dado certo. Recebemos muitas oportunidades.
Finsiders: Quais erros e acertos vocês tiveram nos seis anos de atuação?
Matumoto: Entre os acertos, temos um relacionamento bom com todos os empreendedores. Não é uma trajetória fácil de startup, mas temos várias startups em que a trajetória delas tem sido boa, com retorno interessante. Com relação a erros, não sei se chamaria de erro, mas talvez fosse um ponto a mudar: deixar um espaço maior para follow-on para poder dobrar apostas em alguns negócios. Não fizemos isso no primeiro fundo, mas agora vamos fazer no segundo.