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Ricardo Taveira é uma das vozes pioneiras no assunto open banking. Em 2018, entrevistei-o durante o Ciab e ele definiu a Quanto assim: “Somos uma caixa de ferramentas para que seja possível montar, inclusive, bancos de nicho: para o advogado, o mecânico, entre outros”.
A caixa de ferramentas cresceu e acaba de levantar US$ 15 milhões em uma rodada de equity e dívida conversível liderada pelos dois maiores bancos privados do país. O Bradesco injetou recursos por meio do seu fundo de corporate venture Inovabra Ventures e o Itaú Unibanco fez um aporte direto na fintech, sujeito à aprovação do Banco Central (BC).
A rodada teve participação da Kaszek Ventures e da Coatue, que fez seu primeiro aporte na América Latina. Todos os investidores ficaram com uma fatia minoritária e Taveira segue no controle do negócio.
Com o dinheiro, a Quanto vai dobrar a equipe, hoje com 45 pessoas, e preparar a empresa para a segunda fase do open banking, de compartilhamento dos dados cadastrais de clientes. A ideia também é usar o recurso para expandir parcerias e desenvolver novos produtos.
“Nosso trabalho tem sido desenvolver essas arquiteturas. Fizemos isso em 2018, e acreditamos que é o próximo passo do open banking. É quase uma situação de volta para o futuro”, brinca Ricardo Taveira, fundador e CEO da Quanto, com passagens por monashees e e.bricks Ventures.
A fintech foi pioneira ao lançar, em 2018, um internet banking multi-banco. Naquele ano, desenhou uma conta corrente 100% digital para pequenas e médias empresas (PME) em parceria com o Banco Rendimento. Hoje, a tecnologia desenvolvida pela Quanto permite a distribuição de produtos financeiros de diversas fontes por meio da mesma plataforma de APIs.
“A conta corrente pode ser no banco A, o cartão da fintech B. A gente entende que open banking é o grande elo entre essas pontas.”
‘Banco do futuro’
Para os incumbentes, que reúnem uma quantidade enorme de clientes, o desafio é inovar e melhorar a experiência do usuário. Até porque relacionamento, marca e confiança as grandes instituições já têm. No caso das fintechs, Taveira diz que o grande desafio é aquisição de clientes, porém rentabilizar o negócio também é outra dificuldade. Não à toa, várias fintechs começaram como monoproduto e ao longo dos anos ampliam a oferta.
Em meio à concorrência e avanço de novos entrantes, pergunto para Taveira: qual cenário teremos daqui a cinco anos? Para ele, o banco do futuro talvez não tenha a cara de um banco (tradicional ou digital) como hoje. “Mas dizer que serão reinventados não significa dizer como vai ser essa reinvenção”, diz.
A tendência é que o mercado caminhe para negócios cada vez mais especializados, com foco em nichos ou públicos específicos, avalia ele.
“No começo de 2018, não estava claro e como seria expansivo o open banking. Agora até o nome está mudando para open finance, para endereçar não só maquininha, conta e cartão, mas também como consigo montar um supermercado financeiro do meu jeito.”