Conheça o B89, banco digital dos hispano-americanos

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Ao contrário de México, Colômbia e Chile, o Peru recebe poucos holofotes quando o assunto é fintech. Lá está nascendo um novo banco digital para os hispano-americanos. Em operação desde o início do ano, o B89 colocou no ar em agosto seu primeiro produto — um cartão de crédito 100% digital (lembra algum neobank?) — para um grupo pequeno de 7.500 pessoas.

B89, neobank para hispanoa-americanos (Crédito: Divulgação)
B89, neobank para hispanoa-americanos (Crédito: Divulgação)

O lançamento para o público em geral está previsto para janeiro de 2021. O público-alvo? Mais de 8,3 milhões de peruanos da geração dos Millennials, além de mais de 27 milhões de hispano-americanos, entre 18 e 45 anos, nos EUA, e outros 650 mil na Espanha, conforme o pitch deck da fintech, divulgado à Finsiders.

O B89 quer chacoalhar o setor financeiro peruano, também concentrado em poucos bancos, como fez o Nubank no mercado brasileiro. Para isso, a aposta é uma plataforma tecnológica construída por executivos experientes, com atuação em diversos países. É o caso do cofundador e CEO, o cientista da computação espanhol Mauricio Alban-Salas.

Origem

Com passagens por Itaú Unibanco (Brasil), Santander IBM (Estados Unidos), Alban-Salas foi CTO do Banco de Crédito del Perú, maior banco do país, e diretor de canais digitais do Scotiabank, de onde saiu em maio de 2019 para começar a montar o B89.

Ao lado dele estão quatro sócios: Amparo Nalvarte, fundadora da fintech Culqi; Javier Salinas, fundador da fintech Kapital ZocialAlejandro Amicone, ex-country manager da Accenture no Peru, e Cesar Gonzales, ex-Scotiabank.

Em fevereiro deste ano, a fintech recebeu uma rodada pre-seed de US$ 500 mil de investidores-anjos peruanos e brasileiros, entre eles, o ex-CTO do Itaú Unibanco, João Bezerra Leite. Agora, o neobank peruano está fechando uma rodada seed, de US$ 3 milhões, conta Mauricio Alban-Salas, CEO e cofundador do B89, em entrevista exclusiva à Finsiders.

Autosserviço

Assim como outras fintechs, o B89 abriu uma lista de espera para quem quer usar o serviço. Além do cartão de crédito controlado totalmente pelo aplicativo, o neobank aposta em diferenciais como um código de verificação de segurança (CVV) dinâmico para dificultar fraudes, e uma taxa de juros 20 pontos percentuais mais baixa que a média de mercado.

A startup também criou um sistema capaz de mostrar as pegadas de carbono dos usuários ao fazerem determinadas compras com o cartão. Ou seja, conforme a transação, o aplicativo indica quanto aquilo representou em emissão de gás carbônico. “Já nascemos dentro da proposta de capitalismo consciente”, diz Alban-Salas. O passo seguinte, previsto para 2021, é incluir formas de comprar créditos de carbono.

De olho no público nativo digital do Peru e nos hispano-americanos dessa geração, em países como EUA e Espanha, o B99 está desenvolvendo uma plataforma baseada no autosserviço. A ideia é que os clientes façam praticamente todas as operações sem precisar recorrer a ninguém.

Ao longo do tempo, o objetivo é se tornar um super app, com produtos financeiros como cartão de crédito, pré-pago e envio de remessas, além de um marketplace com produtos não financeiros e criptomoedas. Com lançamento oficial no Peru previsto para janeiro de 2021, o B89 prevê a entrada nos EUA também para o ano que vem. “Estamos trabalhando num projeto com a Visa de estudo de mercado e validação de usuários”, diz Alban-Salas.

Com 62 pessoas na equipe, o B89 não quer ser associado a banco, e sim a “bem-estar”, de onde vem o B do seu nome. O número 89 faz referência ao ano 1989, marcado por diversos acontecimentos históricos, entre eles, a Queda do Muro de Berlim.

“A união de B e 89 significa liberdade, sem fronteiras, sem obstáculos”. É assim, com uma plataforma transfronteiriça, que o neobank planeja seu voo.

Fintechs no Peru

As startups estão avançando no setor financeiro do Peru. Hoje existem 151 fintechs no país, contra 130 no ano passado. A principal vertical é pagamentos, seguida por empréstimos e serviços de câmbio (é bastante comum a troca de sóles por dólares no país).

No ano passado, as fintechs peruanas movimentaram cerca de US$ 2,5 milhões e a projeção é que esse valor seja o dobro em 2020. É o que aponta um levantamento feito pelo Centro de Empreendedorismo e Inovação (Empreende UP) da Universidade do Pacífico, dirigido pelo economista Javier Salinas Malaspina, também cofundador do B89.

Conforme a pesquisa, a maior parte (73%) das fintechs no Peru aposta na inclusão financeira e bancarização das pessoas. Seis em cada dez (59%) empresas querem melhorar a experiência do usuário. As startups citam, ainda, transparência, redução de custos e contribuição para educação financeira no país, além serem fontes alternativas de financiamento.

Metade das fintechs atende tanto pessoas físicas quanto empresas. Entre as startups que oferecem soluções PJ, a maioria desenvolve serviços e produtos para micro e pequenos negócios.

A pesquisa também mediu os efeitos da covid-19 nas fintechs peruanas. Apesar do impacto da pandemia, 97% das empresas acreditam que a situação econômica melhorará nos próximos seis meses.

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