O Itaú Unibanco vai lançar no mês que vem o íon, um aplicativo que promete mudar a forma como as pessoas se relacionam com os investimentos, conta com exclusividade à Finsiders Cláudio Sanches, diretor de produtos de investimento e previdência do banco.
O projeto, que envolve 150 pessoas (80 contratadas durante a pandemia), começou a ser idealizado há cerca de nove meses. Nasceu de uma dor dos clientes, que passaram a pedir uma plataforma digital com foco em investimentos.
“Nos laboratórios que fazemos com clientes, apareceu a necessidade de ter um app único de investimentos, para concentrar todos os produtos e toda a parte de informação, relatórios.”
O novo aplicativo, nas versões Android e iOS, será colocado na rua como um MVP, diz o executivo, citando que o banco tem trabalhado há dois anos com metodologias ágeis, entregas curtas e times multidisciplinares. Hoje, a solução vem sendo testada com uma base de usuários e, anteontem (6), a instituição enviou um e-mail para funcionários convidando-os a experimentar a nova ferramenta, conforme texto ao qual a Finsiders teve acesso.
“De maneira quase semanal, temos testado com os clientes. Desenhamos uma tela, conversamos com os clientes. Voltamos para casa para mexer. Foi um processo que vem evoluindo até chegarmos na versão final do desenho, que temos hoje. O íon não nasce pronto, mas com um conceito de MVP.”
Sem abrir detalhes da experiência que o usuário terá no app, Sanches diz que o banco procurou beber da fonte de aplicativos de empresas não financeiras, com os quais as pessoas estão acostumadas em seu dia a dia. A ideia é que o íon concentre toda a carteira de investimentos do cliente pessoa física, com uma experiência igual para todos os segmentos — do varejo ao Personnalité.
“Hoje temos o app da corretora, que com o tempo deve ser migrado para este novo produto. E o aplicativo do banco claramente vai se comunicar com o íon, que terá duas grandes dimensões: informação e acompanhamento da carteira, com muitos gráficos, informações sobre liquidez dos produtos, dividendos, rentabilidade.”
Segundo o executivo, o íon nasce com o desafio de personalizar a experiência do investidor. A tendência é que a pessoa que aplica mais em ações, por exemplo, receba mais informações e relatórios sobre o tema. Claro que a nova plataforma não será lançada com todas as funcionalidades, mas sim haverá um processo evolutivo, diz Sanches. “Diria que em seis ou sete meses teremos o aplicativo com todas as funcionalidades.”
A criação do aplicativo é a estratégia mais recente do maior banco privado do país, que começou a abrir sua plataforma de investimentos para produtos de terceiros a partir de 2017 e intensificou o movimento nos últimos anos com entrada de novos gestores, ao mesmo tempo em que mantém 49,9% do capital da XP, que soma R$ 436 bilhões sob custódia e 2,3 milhões de clientes.
Segundo Sanches, atualmente cerca de R$ 80 bilhões estão aplicados em fundos de terceiros disponíveis na plataforma do Itaú. Ao todo, o banco tem 427 produtos próprios, além de 1.073 produtos de terceiros.
Este ano, o banco também criou um projeto “multimesas”, para o qual trouxe 42 gestores de diferentes casas para reforçar a equipe e, assim, desenvolver novos produtos dentro da asset.
“São várias peças de um quebra-cabeças que vão sendo colocadas juntas para que tenhamos uma oferta muito estruturada e robusta pra os clientes.”
O analytics também tem sido um elo importante, com bilhões de simulações feitas pelos algoritmos, diz ele. Ao mesmo tempo em que o banco tenta cada vez mais personalizar a oferta de produtos para os investidores, reforça o arsenal de user experience e interfaces para os clientes que preferem se autosservir ao fazer as aplicações financeiras.
Mercado aquecido
O movimento do Itaú ocorre num momento de verdadeira ebulição no mercado de investimentos brasileiro.
Na semana passada, o Santander anunciou a compra de 60% da Toro Investimentos.
Recentemente, o Bradesco “ressuscitou” a Ágora para entrar na briga com a XP e as demais plataformas abertas. A corretora do segundo maior banco privado passou de 367 mil clientes em dezembro de 2019 para 449 mil em junho deste ano. No segundo trimestre, tinha R$ 50,6 bilhões sob custódia e até 2021 a meta é conquistar 25% do mercado, segundo noticiado pelo Estadão.
Um mês atrás, o Nubank divulgou a aquisição da Easynvest. Em agosto, a Neon comprou a Magliano. Em junho, o Credit Suisse fechou um acordo para comprar 35% do modalmais.
A Guide, controlada pela Fosun (dona também da Rio Bravo), estaria à venda pelo grupo chinês, segundo noticiou o Valor Econômico no início deste ano. Conforme reportagem publicada ontem (7) pelo Broadcast, do Estadão, a PagSeguro estaria de olho na corretora.