Após conseguir autorização do Banco Central (BC) para atuar como Sociedade de Crédito Direto (SCD) na semana passada, a fintech Stark Bank já está negociando com investidores novos aportes para viabilizar seus planos de crescimento.
A informação foi dada ao portal Fintechs Brasil com exclusividade pelo presidente do banco, Rafael Stark. Investido pela Y Combinator, Iporanga e Foundation Capital, a fintech tem clientes como Loft, Rappi, Buser, Kovi, Rebel e Colgate, e cresceu 30% ao mês durante a pandemia. A expectativa é fechar 2020 com R$ 2 bilhões transacionados.
A autorização do BC viabiliza um plano antigo de Stark: lançar um cartão corporativo, oferecido para as empresas que já tem conta digital no banco. “Nosso cartão será parecido com o Brex nos Estados Unidos”, diz. O Brex Corporate Card for Startups, criado pelos brasileiros Henrique Dubugras e Pedro Franceschi, não requer verificação de crédito ou garantias pessoais e não tem anuidade. Ele se conecta à conta corrente e oferece benefícios personalizados para empresas.
“Com a entrada em vigor do PIX, a partir de 16 de novembro vamos lançar o modo de cobrança de boleto em tempo real”, adianta o CEO. “Já pensou comprar na internet, pagar o supermercado, ônibus/avião e conta de luz através do QR Code e ter confirmação de pagamento e liberação do serviço de forma imediata? Nossos clientes já tem uma API robusta e escalável para receber pagamentos em tempo real através do PIX”.
Pioneiro no Brasil em várias tecnologias, a fintech se especializou, como o Brex, em atender empresas de médio a grande porte. Mas não qualquer empresa: aquelas digitais, com mindset aberto, e intensivas em tecnologia. “Queremos atrair os fundadores das startups com a proposta de ser um banco inteligente, digital, para atender todas as necessidades”, diz.
Segundo Stark, as empresas brasileiras ainda enfrentam dificuldades para fazer operações bancárias simples. “O sistema financeiro funciona da mesma forma para as empresas desde a década de 1990; o banco evoluiu para pessoas físicas, mas para empresas não. Nascemos para resolver algumas dessas dores, como a conciliação de contas, pagamento de folha, de fornecedores, administração de fluxo de caixa, tesouraria… Até hoje os bancos tradicionais não conversam com os sistemas ERP das empresas, é um caos. O mundo está em cloud e os bancos, ainda em disquetes. Nós ajudamos as empresas a automatizar tudo”, afirma.
Para ele, que é engenheiro formado pelo ITA (o famoso Instituto de Tecnologia Aeronáutica em São José dos Campos, SP) e passou a maior parte da carreira criando aplicativos e sistemas para a troca de informação entre empresas, ou APIs – sigla em inglês para interface de programação de aplicativos – é algo corriqueiro. ”Só replicamos para o sistema financeiro”.
Em 2021, a Stark promete a oferta de uma “experiência full”, tipo market place, para os clientes – o que inclui investimentos, câmbio e seguros. “Não vamos fazer tudo, vamos fazer parcerias; com as API fica fácil plugar instituições financeiras para ofertar serviços; sabemos o que nossos clientes precisam e seremos os intermediários”, diz.
Fundado em 2018, Stark afirma que sua fintech criou a primeira API para transferência bancária no Brasil, possibilitando que empresas escalassem suas operações bancárias. Assim, as empresas podem operar sua conta bancária de dentro do ERP, Excel, Google Sheets, Web Banking ou do próprio sistema da empresa. “Com isso, podem automatizar toda a área financeira, aumentando a produtividade do time, simplificando conciliação, dando visibilidade do fluxo de caixa, além de eliminar operações manuais, erros e fraudes. Assim, empresas conseguem realizar grandes volumes de transferências, pagamentos e boletos, sem gargalo operacional”, diz Stark.
As SCD foram criadas pelo BC em 2018 e só podem realizar empréstimos com capital próprio. Com a autorização para a Stark, agora existem 38 SCDs.