O Nubank anunciou na quinta-feira (28) uma nova rodada de investimento (Série G) de US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões). Com o round, o maior banco digital do país passa a valer US$ 25 bilhões — na Série F, feita em 2019, o banco foi avaliado em US$ 10 bilhões. A fintech também informou ter chegado a 34 milhões de clientes, número que triplicou desde a rodada anterior, em julho de 2019.
Com o aporte, o Nubank passa a ser quarta instituição financeira mais valiosa do Brasil, atrás de Itaú Unibanco (US$ 50,5 bilhões), Bradesco (US$ 39 bilhões) e Santander (US$ 28,1 bilhões), e empata com XP Inc. — no fechamento do dia 28. O neobank fica à frente de bancos como BB, Inter e BTG Pactual.
A Série G atraiu investidores de peso, como GIC, fundo soberano de Cingapura, Whale Rock e Invesco. Acompanharam a rodada alguns dos atuais investidores da fintech, como Sequoia, Tencent, Dragoneer e Ribbit Capital.
Em sete anos, o Nubank captou US$ 1,2 bilhão. A nova rodada prepara a fintech para um possível IPO, mas não é um plano para o curto prazo, disse David Vélez em entrevista ao Valor. O recurso captado agora vai ajudar a suportar a operação por um período de dois a três anos, segundo ele. O dinheiro da Série G será usado, principalmente, para apoiar a expansão internacional do banco na América Latina.
No fim de setembro, o Nubank anunciou sua chegada à Colômbia. Hoje, o banco tem operações também no México, além de escritórios de engenharia na Argentina, Alemanha e Estados Unidos. No México, mais de 1 milhão de pessoas já pediram o cartão de crédito do Nubank – na Colômbia, a lista de espera do roxinho soma mais de 200 mil inscritos, escreveu a instituição em seu blog.
Em meados do ano passado, a fintech fez uma captação de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,60 bilhão na cotação do dólar da época). O aporte data de 4 de junho de 2020, conforme documento entregue à Securities and Exchange Commissio (SEC), assinado por David Vélez, fundador do neobank; Douglas Leone, do Sequoia Capital; Nicolas Szekasy, da Kaszek Ventures; e Meyer “Micky” Malka, do Ribbit Capital. Os três fundos já eram investidores do Nubank.
Com essa nova injeção de capital, a fintech já levantou mais de US$ 1,4 bilhão — a última captação anunciada, uma Série F, foi em julho do ano passado, no valor total de US$ 400 milhões, em rodada liderada pelo fundo TCV, com participação da Tencent, DST Global, Sequoia Capital, Dragoneer, Ribbit Capital e Thrive Capital, que já haviam participado em aportes anteriores. Na ocasião, a empresa fora avaliada em US$ 10 bilhões, ou um “decacórnio”, startup com valuation superior a US$ 10 bilhões.
Apesar de ser o banco digital mais valioso do mundo, à frente de nomes como Chime e Revolut, o Nubank ainda não gera lucro. Como a empresa tem reiterado há algum tempo, o prejuízo faz parte da estratégia de crescimento do negócio. “Escolhemos investir na empresa, nas pessoas e no desenvolvimento de novas tecnologias para continuar entregando a melhor experiência aos nossos clientes. Este modelo é bastante conhecido e usado por empresas de tecnologia”, escreveu Marcelo Kopel, então CFO do Nubank e ex-diretor do Itaú, no blog do neobank. O executivo deixou o banco por motivos pessoais e foi substituído por Guilherme Lago, VP de finanças.
No primeiro semestre – dados mais recentes divulgados -, a fintech viu o prejuízo líquido cair 32% em relação ao primeiro semestre de 2019 — entre janeiro e junho, as perdas somaram R$ 95 milhões. O dinheiro em caixa, por sua vez, atingiu R$ 19,9 bilhões nos seis primeiros meses de 2020, um incremento de 48% ante dezembro de 2019.