Com chamariz de operações na bolsa americana sem taxa de corretagem, a australiana Stake abriu oficialmente sua operação no Brasil em outubro e agora se prepara para crescer a base de clientes no país, que chegou a 10 mil no fim de janeiro. No mundo, a plataforma triplicou o número de usuários para 300 mil — 100 mil novos apenas no primeiro mês de 2021.
Por aqui, a empresa precisou adiar o início, que estava previsto para 2019, quando a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deu um “stop order”, algo que também ocorreu com sua principal concorrente no país, a Avenue Securities. O caminho foi firmar uma parceria com um distribuidor local, nos termos do parecer de orientação CVM n. 33 de 30.09.2005 — o acordo é com a Ativa Investimentos. Nos EUA, as operações são feitas por meio da corretora DriveWealth.
Depois de montar uma lista de espera com 6 mil pessoas, a Stake inaugurou a presença local em outubro, ainda com ações tímidas de marketing. Precisou fazer ajustes de plataforma, como traduzir os sistemas para português, o que fez com que o objetivo de chegar a 10 mil clientes até o fim de 2020 ficasse para o final de janeiro de 2021.
De lá pra cá, o crescimento tem sido alto, e a operação brasileira é a que tem a maior taxa de expansão comparada aos demais mercados (Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido) onde a Stake atua, conta Paulo Kulikovsky, diretor-geral para América Latina da Stake, um executivo experiente em tecnologia e serviços financeiros — foi CEO da Acesso e VP da Certisign.
“Teve o efeito de ano novo, de as pessoas quererem começar a investir. O Game Stop também influenciou. As pessoas se sentiram mais propensas a testar, e felizmente isso continua. A ideia é abrir por volta de 10 mil contas por mês.”
Hoje, a Stake atinge dois públicos principalmente no Brasil: investidores que buscam diversificar a carteira, com perfil ‘buy and hold’ em sua grande maioria, com tíquete inicial entre R$ 500 e R$ 1 mil; e pessoas que aplicam entre R$ 1 mil e R$ 10 mil. “Temos investidores com mais experiência. São muito poucos traders, que ficam girando carteira o tempo todo”, diz Kulikovsky. Para quem aplica acima de R$ 500, a empresa tem um programa “free stock”, que dá direito a uma ação.
Com apelo de plataforma sem taxa de corretagem para acessar mais de 4 mil ativos na bolsa americana, entre ações e ETFs, a empresa cobra apenas o spread cambial de 2%, percentual que não inclui cobrança de IOF. Para ter o dinheiro na conta no mesmo dia útil (até 14h de Brasília), o investidor paga 0,7%.
A empresa acaba de reduzir o valor do seu plano por assinatura, de US$ 9 mensais para US$ 5, para os investidores brasileiros, com o objetivo de atrair mais pessoas e facilitar o acesso a investimentos no mercado americano. O valor é promocional pelo menos por este ano, garante Kulikovsky. O plano dá direito a duas vantagens: conjunto de relatórios sobre empresas compilados de diferentes fontes globais e a possibilidade de liquidar a operação de venda de ações em algumas horas. “Nosso objetivo é ter entre 10% e 20% da base de clientes usando o plano de assinatura até o primeiro semestre do ano.”
A principal meta para 2021 é crescer o número de investidores que usam a plataforma no Brasil, agregando novas funcionalidades e facilidades. Outra frente é tentar diminuir os custos para o cliente entrar, como spread cambial. Para isso, devem ser firmadas parcerias, diz o executivo. Sua principal concorrente, Avenue, preferiu fazer aquisições — comprou a corretora de câmbio Bexs e a Coin DTVM.
No mundo, a Stake prevê inaugurar sua presença em outros países europeus. Para o segundo semestre, deve desembarcar num país da América Latina, ainda não definido.
Fundada na Austrália há quatro anos por Matthew Leibowitz, Jon Abitz, e Dan Silver, a Stake captou US$ 3,5 milhões em 2019, conforme dados no Crunchbase. Soma mais de 300 mil clientes cadastrados e cerca de US$ 750 milhões sob seu guarda-chuva, com maior parcela ainda na Austrália, seguida por Nova Zelândia e Reino Unido. O Brasil, até por ser recente, responde por uma fatia bem pequena. Aqui, a equipe tem 15 pessoas e há dez vagas em aberto para desenvolvimento, marketing e outras áreas.
- Reportagens exclusivas
- Ativa Investimentos
- Avenue Securities
- bolsa americana
- bolsa dos EUA
- bolsa norte-americana
- Estados Unidos
- ETFs
- ETFs nos EUA
- EUA
- financial services
- fintech
- investimento
- investimentos
- investir em ações nos EUA
- investir em ETFs
- investir nos EUA
- open banking
- serviços financeiros
- Stake
- startup
- technology