SuperSim contrata CFO e quer acelerar modelo 'lending as a service'

A SuperSim, fintech de microcrédito online com foco nas classes C e D, não só cumpriu com a meta de crescer quatro vezes — conforme contaram os sócios-fundadores à Finsiders em agosto — como superou as projeções em 2020. A fintech fechou o ano passado com indicadores (carteira, originação e faturamento) 20 vezes superiores em relação a 2019. A equipe, por sua vez, passou de 13 para 76 pessoas.

A startup não abre tamanho de carteira, nem quanto originou em crédito, mas o cofundador e CEO, Antonio Brito, diz que o plano (e também desafio) é crescer entre cinco e seis vezes em 2021. Por mês, a fintech recebe cerca de 120 mil pedidos de empréstimo em sua plataforma.

Para sustentar o crescimento, a empresa acaba de contratar o executivo Celso Nunes, com mais de 20 anos de experiência em finanças corporativas, diz Brito, com exclusividade à Finsiders. Engenheiro pelo ITA com MBA pela Universidade da California, Nunes atuou junto a investidores da Tech Coast Angels e da DGF Investimentos. Também liderou equipes em empresas como Locaweb, ContaAzul, Aurum Software e Delivery Center.

“Buscamos no mercado alguém que tivesse reconhecida competência administrativa e que conhecesse o ‘olhar do investidor’, permitindo à empresa crescer ainda mais nos próximos anos por meio de novas parcerias”, explica o cofundador e presidente da SuperSim, Daniel Shteyn.

Funding

Para este ano, a SuperSim prevê uma nova rodada de captação, que seria feita até o fim de 2020, mas ficou para 2021. “Como tivemos acesso a venture debt, a ideia é captar equity entre julho e agosto. Já iniciamos conversas com fundos locais e globais”, conta Antonio Brito.

Rômulo Coutinho (CTO), Daniel Shteyn (presidente e chairman) e Antonio Brito (CEO), fundadores da SuperSim (Crédito: Divulgação)
Rômulo Coutinho (CTO), Daniel Shteyn (presidente e chairman) e Antonio Brito (CEO), fundadores da SuperSim (Crédito: Divulgação)

Atualmente, são três as fontes de funding da empresa: operação de securitização, pela qual a fintech levantou R$ 30 milhões no ano passado. Hoje, esse tipo de funding tem capacidade até o início do segundo semestre — a ideia é levantar mais recursos via FIDC ou outro instrumento. A segunda fonte é venture debt, estrutura que vem se tornando mais comum no Brasil. Por esse modelo, a startup levantou capital com high-net-worth individuals, que já tinham equity do negócio.

O terceiro tipo de funding é o próprio equity — entre os investidores da empresa estão nomes como Al Goldstein, fundador da Enova e da Avant, o advogado Bruno Balduccini, do escritório Pinheiro Neto, e o Distrito Ventures.

Lending as a service

Um dos principais objetivos estratégicos da SuperSim para este ano é acelerar o crescimento da vertical de negócios de “lending as a service”, que começou a rodar pilotos no ano passado. Sem divulgar nomes, Brito afirma que novas parcerias estão sendo estruturadas e, por ser um produto B2B2C, envolve mais complexidade na oferta e na tração do que o crédito B2C.

Com isso, a fintech poderia fornecer sua expertise em atender o público de baixa renda para outras startups e empresas que queiram vender para esse nicho. Toda a plataforma tecnológica, além de motor de crédito, cobrança, fica com a SuperSim. Esse modelo de negócios “lending as a service”, ou “credit as a service”, vem sendo adotado por outras fintechs como Nexoos e Bom Pra Crédito (BPC), mas com público-alvo distintos.

“A gente enxerga muita complementaridade com algumas empresas que têm base de clientes com um grande fit sociodemográfico.”

Com foco em pessoas com renda de até dois salários mínimos, a SuperSim empresta até para quem já foi negativado — 40% da base, inclusive, tem esse perfil. Por isso, Brito costuma dizer que o maior concorrente é a financeira Crefisa, e não outras fintechs.

Alguns nomes, porém, vêm avançando no segmento de baixa renda, como Jeitto, com seu aplicativo que concede limite de crédito para pagamento de compras online e serviços, e o aplicativo ClickCash. Ou ainda a ContaZap, que opera uma conta digital por WhatsApp e Facebook Messenger e está agregando novos produtos e serviços financeiros.

Lançada no ano passado como uma forma de controlar o risco de inadimplência, a linha de crédito com garantia do celular do cliente, em parceria com a americana PayJoy, já representa 60% a 70% do share de produto interno, diz o empreendedor. “Temos trabalhado para adicionar novas versões e aparelhos com Android.”

A fintech garante o dinheiro na conta do usuário em até 30 minutos após aprovação do crédito, em dias úteis. Caso a pessoa não receba nesse prazo, os juros não são cobrados.

Fundada por Daniel Shteyn (presidente e chairman), Antonio Brito (CEO) e Rômulo Coutinho (CTO), a SuperSim opera como correspondente bancário da Socinal, mas não descarta montar uma SCD no futuro, como disseram os fundadores à Finsiders em agosto de 2020.