Fundada por ex-executivos experientes no setor financeiro, a Parallax Ventures caminha para se transformar numa referência quando o assunto é investimento de Venture Capital em fintechs. Com uma tese especialista nessa vertical, o VC tem um portfólio com sete startups com soluções para o setor financeiro (das oito investidas) e espera terminar o primeiro semestre com mais cinco deals fechados, além do aporte já anunciado no Mercado Bitcoin.
“O mercado está bem aquecido”, define Fabio Dutra, managing partner da Parallax Ventures, ex-executivo da B3 e de grandes instituições financeiras, como Itaú BBA, Citi e BofA.
Em 2018, ele se juntou a Delano Macêdo (ex-diretor do Banco Petra), Marcelo Maziero (ex-diretor de produtos da então BMF&Bovespa, ex-diretor do Itaú BBA e fundador da CERC) e Fernando Fontes (ex-CEO do Banco Petra, fundador da Petra Corretora e da CERC). Hoje, no dia a dia da operação do fundo, estão Dutra, Delano e José Bonchristiano, fundador da Tempo Participações, que se juntou como sócio da Parallax no ano passado — Maziero e Fontes seguem como sócios e advisors.
Além dos sócios que tocam a operação e os deals, a Parallax tem ex-executivos de alto escalão de grandes empresas e bancos como advisors e investidores. Um deles é Eduardo Gouveia, ex-CEO da Cielo e da Alelo Brasil e hoje investidor de startups como Vee, Allya e Asaas, além de membro do board de empresas.
Segundo Dutra, o diferencial da Parallax entre os VCs é ser um fundo pequeno, relativamente novo e especialista. Uma métrica de sucesso do trabalho é quando alguma investida liga para Dutra e seus sócios para alguma consulta ou orientação, por exemplo.
“Investimos em poucos e bons, com quatro a sete deals por ano. Participamos ativamente do dia a dia desses caras, ajudando na medida em que os founders precisam.”
Com um fundo de R$ 60 milhões, podendo chegar a R$ 100 milhões, a Parallax não está atrás do próximo unicórnio. Prefere startups do tipo “dragons”, negócios que geram múltiplos. “Nosso foco é múltiplo e retorno”, enfatiza. Tanto é que o investidor está de olho em segmentos pouco disputados, ou nas suas palavras, “fora de onde a terra já está batida”.
Entre as áreas no radar estão recuperação de crédito, consórcio e fintechs na fronteira com agronegócio. Alguns dos próximos aportes devem vir desses segmentos, por exemplo. Com foco em seed money e Série A, os cheques variam entre R$ 500 mil e R$ 5 milhões.
Hoje, o portfólio tem Monkey Exchange (marketplace de antecipação de recebíveis); Asaas (plataforma de cobrança e conta digital para empreendedores); Alicrédito (crédito consignado privado); CERC (registradora de recebíveis de crédito), BBNK (plataforma white-label de banking), goLiza (plataforma de cadastros B2B), Mercado Bitcoin e bright photomedicine (healthtech)
No ano passado, a Parallax acompanhou a Série B do Asaas, de R$ 37 milhões, liderada pelo InovaBra Ventures, do Bradesco. Neste ano, coliderou com a GP Investimentos um aporte (valor não revelado) no Mercado Bitcoin.
O momento não poderia ser mais favorável, com a implementação do open banking no país. “Em geral, as fintechs se antecipam à regulação”, diz Dutra. De fato. Basta observarmos o movimento de fundação de fintechs de crédito, que começaram operando como correspondentes de bancos e em 2018 ganharam uma regulamentação com a criação das figuras de SCD e SEP.
“As startups do setor financeiro passaram por uma fase grande de ‘unbundling’ de serviços financeiros, de separá-los em pedaços. O que vemos cada vez mais é consolidação e ‘rebundling’, com criação de novos produtos para monetizar uma grande base de clientes.”
Tem a ver com o amadurecimento do ecossistema. “Já começamos a ver algumas fintechs olhando para ter ‘economics’ mais saudáveis, antes mesmo de atingir um tamanho grande”, diz Dutra. Segundo ele, a procura por outras avenidas de crescimento passou a entrar no playbood de todo mundo.