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Quem acompanha a trajetória da Creditas (lembra de quando era BankFácil?) sabe que a fintech vem se transformando nos últimos anos em uma plataforma digital de crédito e soluções financeiras com foco em três ecossistemas: imobiliário, auto e salário. E a empresa acaba de ampliar sua oferta no setor de automóveis, com o lançamento de uma plataforma digital de compra, venda, troca e financiamento de carro, complementando o ecossistema de veículos, que já tem o financiamento e o empréstimo com garantia.
A Creditas Auto, como é chamada a nova solução, faz sua largada com uma plataforma digital e espaços físicos. Neste início do projeto, a fintech investiu R$ 50 milhões, incluindo a operação em si, tecnologia, aquisição de equipamentos e, claro, a compra do estoque, que começa com 800 carros na central, em Barueri (SP) — 500 já estão publicados no site. A ideia é chegar ao fim do ano com pelo menos 2 mil carros em estoque. Ao todo, mais de 150 pessoas estão dedicadas ao segmento de auto, das mais de 2 mil que a fintech emprega atualmente.
“Os clientes nos pediam uma solução digital completa que reunisse tudo o que eles precisam ao longo de sua relação com o carro. Começamos a trabalhar no projeto faz um ano, e agora estamos prontos para expandir nosso portfólio de produtos no ecossistema de veículos. Queremos que, quando as pessoas pensem em uma opção confiável relacionada aos seus automóveis, a Creditas Auto seja a primeira opção”, diz em nota Sergio Furio, fundador e CEO da Creditas.
Em entrevista coletiva virtual para jornalistas, Fábio Zveibil, VP de costumer solutions da Creditas explicou que a operação vai ser rentável com escala. “Então, vai ter mais investimento na capacidade de preparação dos carros e também nos pontos físicos”, afirmou. “Para conseguir crescer operação em um mercado apertado como o que estamos vendo agora, com baixa liquidez e baixo giro, estamos sendo agressivos.”
Perguntado pelo Finsiders sobre o potencial e o alcance da solução entre os atuais clientes, o executivo evitou falar em números ou projeções, e enfatizou o plano de crescer as operações físicas ao longo dos próximos meses. O principal ambiente, em Barueri, tem 30 mil metros quadrados, com capacidade para acomodar cerca de 3 mil carros por mês.
Além dele, há outros cinco pontos físicos de atendimento ao cliente, espalhados pela Grande São Paulo. Nas próximas semanas, a fintech vai abrir showrooms e espaços para inspeção, nos shoppings Santa Cruz e Anália Franco, nos supermercados BIG Washington Luiz e BIG Pacaembu, além de outro na região da Berrini.
Segundo Zveibil, um dos diferenciais da nova solução é a combinação entre operação digital e física. O cliente pode comprar ou financiar um veículo pela plataforma digital, para receber em domícilio ou ser retirado na central, em Barueri. Todos os carros vendidos passam por inspeções que verificam mais de 250 itens. A garantia é de um ano, e os clientes têm até sete dias (ou 300 km rodados) como test-drive.
“O cliente vai comprar do jeito que quiser. Se quiser fazer tudo dentro de casa, desde pesquisar o carro até assinar a transação, pode. Estamos montando uma operação omnichannel”, explicou Zveibil.
O business é verticalizado, ou seja, a Creditas atua em todas as etapas: compra os veículos, faz revisão mecânica e estética, reparos e troca de peças se necessário, para colocar os carros à venda. No financiamento, a fintech oferece taxas a partir de 1,15% ao mês, com processo 100% on-line. É possível usar o veículo atual para fazer uma troca — nesse caso, a Creditas usa o valor como entrada e abate o montante no financiamento que for contratado. Para quem quer vender, a equipe da fintech dá o suporte necessário na vistoria e em eventual revisão.
O modelo de negócio é tanto B2C quanto B2B, em que a Creditas compra os veículos de diferentes players, como locadoras e lojistas. Para esse público, inclusive, a fintech construiu a plataforma Creditas Auto Pro. Por meio dela, a fintech dará condições especiais, que incluem o desenvolvimento de uma loja de carros online exclusiva para ajudar a alavancar as vendas dos lojistas, acesso com prioridade ao seu inventário e programas de incentivo com premiações. “Já temos um volume gigante de lojistas na plataforma”, disse Zveibil na coletiva.
Evolução
Há duas semanas, a Creditas divulgou seus resultados do primeiro trimestre, em busca de maior transparência e, claro, já de olho num futuro IPO. A carteira de crédito atingiu R$ 1,54 bilhões nos três primeiros meses do ano, alta de 73,1% em relação ao mesmo período de 2020.
A originação de novos empréstimos cresceu 56,7% em igual intervalo, atingindo R$ 420,7 milhões no primeiro trimestre de 2021. Já as receitas tiveram uma expansão de 49,6%, para R$ 124,2 milhões. Mas na última linha do balanço, a fintech continua apurando prejuízo — fechou o trimestre com perdas de R$ 64,6 milhões, 25,7% acima do prejuízo registrado nos três primeiros meses de 2020. Se levar em consideração a margem/receita, o indicador registrou uma melhora no período, passando de 61,3% no primeiro trimestre de 2020 para 53,1% de janeiro a março de 2021.
No apagar das luzes de 2020, a Creditas levantou uma Série E de US$ 255 milhões, com valuation de US$ 1,75 bilhão (post-money), ingressando na ocasião à mítica lista de unicórnios brasileiros. E logo no segundo dia útil de 2021, a fintech anunciou a compra da Bcredi, plataforma digital especializada no setor imobiliário fundada em 2017 por Maria Teresa Fornea Caron, a Tetê — ela assumiu como VP de crédito imobiliário na Creditas.
A Creditas nasceu fazendo crédito com garantia (imóvel e veículos) e nos últimos anos vem diversificando sua atuação. Em 2019, adquiriu a fintech de crédito consignado Creditoo. No ano passado, lançou o Creditas @Work, um pacote de soluções para o RH das empresas, como consignado, plataforma de compras com desconto na folha (Creditas Store), antecipação salarial, cartão de benefícios flexíveis, além de conteúdos de educação financeira para os colaboradores das empresas.
Sem alarde, o portfólio da fintech fundada por Sergio Furio também passou a incluir no site planos de previdência privada, em parceria com a Icatu Seguros, com fundos que têm taxas de administração até 50% mais baixas que as praticadas pelo mercado. Questionada pelo Finsiders, a empresa disse que o produto está em fase de implementação até o fim do primeiro semestre. A conferir.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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