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A australiana Stake, plataforma de investimento no mercado de ações dos EUA, acaba de fechar um aporte Série A de 50 milhões de dólares australianos (cerca de R$ 210 milhões), em uma rodada liderada por DST Global (investidor de Nubank e Brex) e Tiger Global (investidor da Robinhood e também do Nubank). Os dois fundos fizeram um cheque de R$ 165 milhões, e o restante do round veio de investidores não revelados. O valuation foi estimado em R$ 1 bilhão (seria um unicórnio padrão brazuca?).
O aporte, primeiro recebido pela fintech, chega num momento de expansão da plataforma, fundada há quatro anos na Austrália por Matthew Leibowitz, Jon Abitz e Dan Silver. “A gente precisava de combustível para crescer”, explica ao Finsiders Paulo Kulikowsky, COO global da Stake, diretor Latam da empresa — executivo experiente em tecnologia e serviços financeiros, foi CEO da Acesso e VP da Certisign.
Com o dinheiro, a Stake vai lançar novos produtos na Austrália, mas também planeja acelerar a expansão para novos mercados na América Latina e na Europa — hoje, além da Austrália, a fintech atua na Nova Zelândia, no Reino Unido e no Brasil, a operação mais recente.
No país-sede, a Stake acaba de colocar no ar um self-managed super fund (SMSF), uma espécie de fundo de pensão autogerido pelos investidores. “Lá queremos lançar outros produtos de bolsa também”, diz o executivo. Mais um exemplo: a fintech lançou recentemente também a versão web de sua plataforma, que até então era acessada apenas por aplicativo.
No mercado brasileiro, onde a Stake desembarcou oficialmente em outubro do ano passado, o plano é crescer a base, com expectativa de atingir 100 mil clientes até o fim do ano, número que já foi ultrapassado no Reino Unido — outra operação recente da fintech. No mundo, a plataforma mais do que triplicou o número de usuários para 350 mil. No total, reúne US$ 1 bilhão em ativos sob seu guarda-chuva.
Por aqui, vale lembrar que a empresa precisou adiar o início, que estava previsto para 2019, quando a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deu um “stop order”, algo que também ocorreu com sua principal concorrente no país, a Avenue Securities. O caminho foi firmar uma parceria com um distribuidor local, nos termos do parecer de orientação CVM n. 33 de 30.09.2005 — o acordo é com a Ativa Investimentos. Nos EUA, as operações são feitas por meio da corretora DriveWealth.
Para este ano, como parte do projeto de expansão da operação local, a Stake quer trazer mais conteúdo para educar os investidores brasileiros a aplicar na bolsa americana, assim como agregar novas ferramentas e funcionalidades. Mas Kulikowsky evita dar spoilers sobre o que vem pela frente. Só diz que o investidor brasileiro está se familiarizando mais com a aplicação no mercado acionário dos EUA. “A gente vê já um aumento no funding médio dos investidores”, conta.
Outra frente é tentar diminuir os custos para o cliente entrar, como spread cambial. Hoje, a plataforma tem o apelo de não cobrar taxa de corretagem para o investidor acessar mais de 4 mil ativos na bolsa americana, entre ações e ETFs. A única mordida é do spread cambial de 2%, percentual que não inclui cobrança de IOF. Para ter o dinheiro na conta no mesmo dia útil (até 14h de Brasília), o investidor paga 0,7%.
Hoje, a Stake atinge principalmente investidores que buscam diversificar a carteira, com perfil ‘buy and hold’ em sua grande maioria. Normalmente, são pessoas iniciantes no mercado financeiro, jovens entre 18 e 35 anos — a maioria abaixo dos 35. O investidor brasileiro gira, em média, US$ 360 por operação, em cinco ordens. Um patamar ainda bem inferior ao australiano, que faz algo como sete operações por mês, com tíquete médio de US$ 1.600 por ordem.
“O perfil do heavy trader é muito baixo, em nível global. São poucos que ficam giram a carteira o tempo todo”, explica Kulikowsky.
Com 22 pessoas no time brasileiro, a expectativa é praticamente dobrar a equipe até o fim do ano, com contratações nas áreas de produtos, operações, tecnologia, marketing e relacionamento com cliente. “O Brasil tende a ser a segunda maior base da Stake no mundo, só atrás da Austrália”, diz o executivo. No mundo, a empresa prevê inaugurar presença em outros países europeus e na América Latina, mas esses planos foram adiados deste ano para o primeiro semestre de 2022.
A Stake não é a única a apostar na tese de que o investidor brasileiro busca diversificar sua cesta com produtos no exterior. A Avenue, corretora americana criada pelo ex-XP Roberto Lee, levantou no ano passado um cheque de cerca de R$ 35 milhões, com valuation de R$ 500 milhões. Fundada em 2018, a corretora adquiriu as licenças de funcionamento da Coin DTVM e da Bexs corretora de câmbio, e vai agregar novos produtos e serviços, como contas de pagamento, cartão e até crédito, conforme matéria recente do Valor.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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