O modelo “buy now, pay later” (compre agora, pague depois) que ficou famoso através da fintech sueca Klarna, começa a se consolidar no Brasil. Após a entrada da uruguaia dLocal, em janeiro, quando fechou parceria com a fintech Dinie, a colombiana ADDI entra acaba de anunciar um aporte para alavancar suas operações por aqui. A vertical conhecida como BNPL oferece parcelamentos sem juros e sem cartão de crédito no e-commerce e varejo físico .
O aporte recebido pela ADDI foi de US$ 65 milhões (aproximadamente R$ 350 milhões), dos quais US$ 35 milhões de equity e US$ 30 milhões de linha de crédito, da Architect Capital. O aporte foi liderado pela Union Square Ventures, com novos investidores 8VC, Citius Capital, Endeavor Catalyst, The Marathon Fund, GGV partner Hans Tung e o ex-COO Huey Lin da Affirm. Os investidores anteriores Andreessen Horowitz, Foundation Capital, Monashees e Quona Capital também participaram da nova rodada.
O que vem incentivando a entrada de fintechs estrangeiras especializadas em BNPL por aqui é o aumento vertiginoso do e-commerce desde o começo da pandemia. Segundo dados da dLocal, 54% dos gastos com e-commerce em 2020 no Brasil foram feitos com o parcelamento oferecido pelos estabelecimentos. Com a adição da solução BNPL os vendedores online podem esperar maiores taxas de conversão, já que a pesquisa mostra que os brasileiros geralmente preferem o parcelamento quando se trata de e-commerce.
Embora o parcelamento seja uma realidade no Brasil, seja por meio de cartões de crédito quanto por boletos, a solução BNPL promete menos “fricção” nas transações online – e aumenta as opções, tanto para o comércio quanto para os consumidores, principalmente para os desbancarizados.
Segundo nota, em apenas dois meses, a ADDI já está disponível em 50 varejistas e integrada às plataformas da VTEX, Nuvemshop e WooCommerce. “Nós oferecemos aos varejistas e clientes a possibilidade de, digitalmente, fazerem transações com uma forma de pagamento rápida, justa e disruptiva”, explica Santiago Suarez, cofundador e CEO da ADDI. “Na América Latina, a maioria dos clientes não pode fazer parte da economia digital. Pagar online é incrivelmente difícil, a acessibilidade é limitada e poucas pessoas têm um cartão de crédito.”
Ja a uruguaia dLocal fechou acordo de parceria com a brasileira Dinie em janeiro, para permitir que comerciantes globais ofereçam pagamentos parcelados a seus clientes no Brasil como uma forma de empréstimo para pequenas empresas. A ideia é oferecer às PMEs uma escolha mais ampla de opções de pagamento e mais poder de compra no caixa, o que, por sua vez, aumenta a taxa de conversão e o tamanho da cesta para os comerciantes.
A solução Dinie Paylater (Dinie Pay) permite que os comerciantes recebam o pagamento adiantado e integralmente, enquanto seus clientes se beneficiam do pagamento em parcelas de três a nove meses. O estabelecimento não tem exposição a risco de crédito e os clientes PMEs não precisam ter cartão de crédito nem usar Boleto para pagar, mas podem usar sua conta de crédito Dinie enquanto se beneficiam do parcelamento.
Impulso ao e-commerce
Fundada em Bogotá em 2018 por Santiago Suarez, Daniel Vallejo e Elmer Ortega, a ADDI tem como missão impulsionar o comércio digital na América Latina, começando com o parcelamento sem a necessidade de cartão de crédito, usando as modalidades de boleto ou PIX. Em apenas alguns minutos, os clientes podem comprar de seus varejistas favoritos de maneira parcelada, sem juros e sem a necessidade de um cartão de crédito, efetuando seus pagamentos posteriormente para a companhia.
A ADDI está disponível no comércio eletrônico, em dispositivos móveis e também em lojas físicas e televendas. “Não poderíamos estar mais entusiasmados com a parceria com a equipe da ADDI. A empresa não está apenas ampliando o acesso do consumidor ao crédito no ponto de venda, mas permitindo, de maneira única, que os comerciantes latino-americanos ampliem seus negócios de e-commerce, oferecendo aos seus clientes opções de pagamento convenientes que liberam capital e aumentam as vendas. Acreditamos que a ADDI em breve será uma das empresas mais importantes no crédito ao consumidor na América Larina”, disse John Buttrick, sócio geral da Union Square Ventures.
A empresa, que cresceu mais de cinco vezes desde o início do ano, agora tem parcerias com centenas de comerciantes no Brasil e na Colômbia, atendendo milhares de clientes por mês e gerando milhões de dólares em compras. A ADDI também se estabeleceu rapidamente como um parceiro-chave para essas empresas como um dos principais métodos de pagamento. Os comerciantes parceiros vêem seus valores de pedidos dobrarem ou triplicarem, com aumentos semelhantes na conversão.
Decacórnio sueco
Em março último, após levantar mais de US$ 1 bilhão em financiamentos de investidores, a Klarna passou a valer mais de US$ 30 bilhões. A fintech havia captado US$ 650 milhões em setembro do ano passado, transformando-se no maior unicórnio da Europa – na época, foi avaliada em US$ 10 bilhões.
Nem todo mundo sabe, mas a Suécia é hoje um dos principais hubs de inovação tecnológica da Europa – e o governo vem redobrando esforços para divulgar isso. Além do mundialmente famoso Spotify e da Klarna, o país é o berço de cerca de 400 fintechs. Em janeiro, o governo sueco realizou a terceira edição do webinar Fintechs Trends in Brazil. Patrocinado pela Business Sweden e a Embaixada da Suécia, contou com a cooperação com a Findec, hub de fintechs naquele país
A Klarna foi fundada em 2005. “Nos últimos 15 anos, a tecnologia vem permitindo tornar os pagamentos cade vez mais simples, seguros e sem fricção”, diz a empresa no seu website. A fintech já atende 90 milhões de consumidores em mais de 250 mil comerciantes em 17 países, realiza dois milhões de transações por dia entre pagamentos diretos, opções de pagamento após a entrega e planos de parcelamento em um clique, que permite aos consumidores pagar quando e como preferirem.