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O banco digital BS2 (antigo Bonsucesso) anunciou hoje a aquisição da fintech israelense Weel, com foco em antecipação de recebíveis. A operação, de valor não revelado, marca o avanço da instituição mineira em crédito para pequenas e médias empresas (PMEs), e é a primeira transação anunciada desde a chegada do novo CEO, Marcos Magalhães (ex-presidente da Rede), no início do mês passado.
Toda a equipe da fintech, fundada por Simcha Neumark, será incorporada ao BS2. O founder passará a atuar como executivo do banco, além de ocupar uma das cadeiras no conselho de administração — cuja meta é ter três membros independentes. A transação foi feita por meio de troca de ações. Então, os atuais investidores da Weel — que incluem monashees, Franklin Templeton, banco BV e Mindset Ventures — passam a ser acionistas do BS2.
Como uma instituição financeira mineira, o BS2 sempre foi mais ‘low profile’, mas a tendência é que isso mude com a chegada de Magalhães. “Ter movimentos como esse é algo que esperamos ter num ritmo mais natural”, diz, em entrevista exclusiva ao Finsiders.
Por mais que tenha desenvolvido uma plataforma digital com soluções financeiras para PMEs, o BS2 ainda não tinha muito bem construída a perna de crédito. Hoje, o banco fundado pela família Pentagna Guimarães tem uma carteira de cerca de R$ 8 bilhões em diversos segmentos. Para se ter uma ideia, ao final de 2020, a carteira era de R$ 4,1 bilhões, contra R$ 2,2 bilhões ao final de 2019, conforme os demonstrativos financeiros do banco. “Quando a gente vê o que a Weel traz ao segmento PME, estamos falando de uma carteira de quase R$ 500 milhões”, diz Magalhães.
Montar uma estrutura dentro de casa levaria algo como um ano e meio, diz Magalhães. Prazo inviável, dado o momento de aceleração do mercado e do avanço de competidores dispostos a capturar uma fatia do segmento de SMB (small and medium business). Foi aí que o banco começou um diálogo com a Weel, na segunda semana de Magalhães à frente da instituição. “A partir daí, entramos numa jornada de completude de produtos. Com foco o objetivo de o BS2 ser um neobank completo para PJ.”
Fundada em 2015 em Israel, a Weel oferece antecipação de recebíveis para PMEs com receita média anual de cerca de R$ 10 milhões, usando inteligência artificial e machine learning. No fim de 2020, a fintech atingiu R$ 1 bilhão em créditos concedidos, e reúne mais de 15 mil clientes em sua base.
“Quando vimos o que o BS2 tinha debaixo do capô, percebemos o quão isso é poderoso. A vantagem é que o banco tem muitos dados que não teríamos em ecossistema aberto”, explica Simcha Neumark, fundador e CEO da fintech, ao Finsiders. As sinergias são claras, diz ele. “O BS2 construiu algo poderoso em APIs para recebimentos, pagamentos, Pix, entre outras. E nós construímos algo poderoso em crédito, mas sempre tivemos restrição por não ser banco.”
A intenção do BS2 não é parar por aí para conseguir atrair as PMEs. “Temos cash management, Pix, emissão de boletos, transferências, adquirência, agora crédito no qual a gente se capacita. Mas vamos trabalhar com outros pilares”, diz Magalhães. O banco está trabalhando em novos produtos de seguros e de câmbio, adianta o executivo.
Vale lembrar que, em janeiro, a instituição lançou a conta internacional digital para PJ, com o objetivo de atender empreendedores e empresas que prestam serviços ou recebem pagamentos no exterior, funcionários de multinacionais, empresas do ramo de turismo e intercâmbio, gamers e influencers PJ, que recebam em moeda estrangeira, entre outros. Desde 2019, o BS2 tem essa modalidade para pessoa física.
No ano passado, o BS2 teve prejuízo de R$ 27,8 milhões, revertendo um lucro de R$ 11,5 milhões em 2019. O capital social do banco encerrou 2020 em R$ 508,6 milhões.
PME
O segmento de PMEs vem sendo cada vez mais assediado por bancos digitais e fintechs. Nomes, como BTG+ business, Original, Inter, Neon (com foco no MEI, principalmente) avançam com oferta para capturar as pequenas e médias empresas do pais. Isso sem contar algumas fintechs, entre elas, Cora, fundada por Igor Senra e Leonardo Mendes. A empresa, que levantou sua série A em abril, está colocando gasolina no tanque para oferecer crédito, como contou Senra ao Finsiders.
Além dela, concorrem nesse nicho o Linker, fundado pelos ex-executivos de bancos, Ingrid Barth (ex-JP Morgan e Neon), David Mourão (ex-Itaú e Vinci Partners) e Daniel Benevides (ex-Neon). A fintech começou com uma conta digital PJ, lançou o cartão de débito físico em 2020 e uma ferramenta de link de pagamentos, o LinkerPay. Captou um seed money em dezembro do ano passado, conforme antecipou o Finsiders à época, e deve fazer uma nova rodada este ano, apurou o Finsiders.
Já a Conta Simples, de Rodrigo Tognini (ex-Stone), também levantou uma rodada seed em 2020 de US$ 2,5 milhões, em aporte liderado pelo Quartz, veículo de Venture Capital cujo um dos investidores é a família de José Galló, charmain da Renner. A rodada teve participação dos fundos FJ Labs, Big Bets, Domo Invest, AbSeed e dos ex-sócios da XP Marcelo Maisonnave, Eduardo Glitz e Pedro Englert.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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