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A indústria de ETFs (ou fundos de índice) vem crescendo no Brasil. Ainda é tímida, mas tem avançado. Em maio, o PL dessa classe de ativos bateu R$ 46,7 bilhões. Em dezembro, por exemplo, somava R$ 37,7 bilhões, segundo a B3. Na bolsa, existem 36 ETFs listados atualmente — há alguns anos, esse número não chegava a 15 ou 16. Sinal de que o mercado ganha fôlego, ainda que represente bem pouco perto da indústria de fundos como um todo, que gere R$ 6,5 trilhões, segundo os dados de maio da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Essa cifra é praticamente o que o mercado americano tem no universo de ETFs. Por lá, os fundos de índice totalizam ‘net assets’ aproximado de US$ 5,45 trilhões, para se ter uma ideia. Trata-se de uma classe de ativo forte também em países como Coreia do Sul, Japão e, mais recentemente, Israel.
A Investo, uma nova asset brasileira quer levar portfólios globais, via ETFs, para os investidores brasileiros. Gestada na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos no começo de 2020, a Investo teve a licença CVM aprovada em novembro último, e se posiciona como uma gestora independente 100% digital com foco em ETFs. Em janeiro deste ano, recebeu a aprovação também da Anbima.
E agora a Investo se prepara para impulsionar a infraestrutura da operação. O objetivo é anunciar o primeiro ETF nas próximas semanas, de um total de 12 previstos para 2021. O fundador e CEO Cauê Mançanares não pode dar detalhes ainda sobre o produto, por estar em finalização de processos com a CVM.
A expectativa é atingir até o final do ano uma base de 200 mil investidores. Para dar fôlego aos planos, a gestora acaba de receber um seed round de R$ 15 milhões feito por mais de cinco investidores-anjos do ecossistema de Harvard, conhecidos do fundador e CEO Cauê Mançanares, que fez seu MBA na Harvard Business School. O valuation não foi revelado.
Para o captable neste primeiro momento, a Investo trouxe nomes fortes do mercado financeiro, como Rene Kern, advisory director da General Atlantic (GA) e ex-VP do Morgan Stanley e ex-conselheiro da então BM&FBovespa. Acompanham o aporte investidores americanos, europeus, asiáticos, além de ex-executivos de empresas listadas, empreendedores, e profissionais com experiência em private equity e hedge funds.
Fundada por Mançanares (ex-analista do Banco Central), Silvio Junqueira (CIO, ex-Rio Bravo) e Gabriel Lansac, (CRO, ex-Rio Bravo, Genial e B3), a Investo iniciou a trajetória com recursos próprios dos três sócios e agora captou o seed money para ajudar a atingir ‘milestones’.
“Agora vamos lançar produtos e provar o product market fit. O quanto vai demorar para levantar outra rodada depende de como consigo provar o modelo de negócios e os milestones”, diz Mançanares, em entrevista exclusiva ao Finsiders.
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Como parceiros, estão Credit Suisse (formador de mercado), BNP Paribas (custodiante e administrador), além de corretoras como Easynvest by Nubank e plataformas abertas de investimento de bancos digitais, a exemplo do Inter. A ideia é ter outros acordos. “Estamos trazendo mais parceiros conforme nos preparamos para o lançamento do primeiro ETF em breve”, diz o empreendedor.
A ideia é lançar outros fundos de índice até o fim do ano, com diferentes estratégias de renda variável, renda fixa, inclusive ETFs temáticos.
“O ETF é um bom produto para diversificar os investimentos. Queremos trazer opções para diversificar geograficamente e em setores que muitas vezes não encontramos empresas no Brasil. A ideia é ter um portfólio variado, compondo com renda variável, renda fixa.”
A chegada da gestora ao mercado reflete a evolução do setor e, mais do que isso, a ampliação no número de assets independentes no Brasil. Em fevereiro, o país tinha 700 gestoras de fundos, segundo o ranking da Anbima. Há três anos, por exemplo, a quantidade de assets não passava de 600. Só que vale uma ressalva. Essa não significa, necessariamente, que mais de cem gestoras foram abertas no período, pois algumas podem ter encerrado as operações e, por isso, saíram do ranking.
Escrevi uma matéria recente sobre o avanço de assets independentes para o Valor.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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