Denise Ramiro
Com menos de três meses de operações, a Marvin, plataforma que atua em arranjo de pagamentos, anuncia a sua segunda rodada de investimento. O aporte foi liderado pela gestora de venture capital Canary, com a participação de Eduardo Gouveia, que foi o CEO de empresas do porte da Cielo, Alelo, Livelo e Multiplus.
O valor da operação não foi revelado, mas os fundadores e sócios, Henrique Echenique e Bernardo Vale, garantem que o volume do investimento ultrapassa o anterior, que foi liderado pela Mauá Capital, gestora do ex-diretor do Banco Central Luiz Fernando Figueiredo.
O novo aporte servirá, especialmente, para investir no reforço da equipe, que já conta com um time sênior em arranjo de pagamentos. O negócio da Marvin é viabilizar o aumento das vendas de grandes fornecedores, fazendo com que eles assumam o risco de crédito dos seus clientes (lojistas, padarias, supermercados, postos de combustível).
A ideia do negócio da Marvin nasceu com a aprovação e publicação da Circular 3942 do Banco Central, que deu direito ao vendedor de ser o dono absoluto dos créditos que tem a receber em cartões de crédito, o que potencializa e aumenta a competitividade de um mercado de R$ 2 trilhões, que é o de recebíveis. “Nossos clientes são os detentores de recebíveis, o potencial é enorme”, diz Echenique.
Recentemente, os gestores da Marvin encontraram um novo nicho de negócio, o dos administradores de shopping centers. Ao falarem com algumas franquias de lojas de shoppings, eles perceberam uma queixa recorrente, o alto custo das ocupações para os lojistas. Segundo Vale, as lojas têm um volume alto de recebíveis, já que 70% das suas vendas são feitas através de cartões de crédito. A Marvin intermedia o negócio, tirando o custo de antecipação da loja e transferindo-o para o shopping, conseguindo prazo maior para o lojista pagar o aluguel.
Os gestores da Marvin decidiram antecipar a segunda rodada de investimentos, programada para o ano que vem, como estratégia preventiva em relação a todas as incertezas políticas e econômicas que o país poderá enfrentar até lá. “Decidimos entrar em 2022 no melhor cenário possível. O período promete ser animado (risos), e é melhor entrarmos com o tanque cheio”, diz Vale.
O interesse na parceria com Gouveia, que além de ter presidido gigantes empresariais, é membro de conselhos de participação de várias empresas, como CI&T e Mapfre, e agora também atua como investidor de capital de risco. Além da Marvin, Gouveia já investiu em quatro startups: Allpoints (de fidelidade), Hands Mobile (inteligência de dados) e Pin People e a Allya (RH).
“Com esse novo aporte, trazemos para perto o Canary, que tem um super track record e entendeu bem nosso negócio dentro da indústria de venture capital. A chegada do Gouveia, uma grande referência no mercado e por quem temos uma baita admiração, também nos ajudará a alavancar os números para este segundo semestre”, diz Vale.
Com mais de 22 indústrias como clientes, a empresa projeta transacionar R$ 500 milhões no segundo semestre de 2021.
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