Denise Ramiro
À uma da madrugada do dia 4/11, os três sócios da QI Tech, fintech que opera como Sociedade de Crédito Direto (SCD), estouraram um champanhe para comemorar o primeiro aporte recebido desde o início das operações em 2019, quando começaram com capital próprio. Pouco menos de 24 horas após o brinde, anunciaram para o mercado o investimento de R$ 270 milhões, liderado pelo Fundo Soberano de Cingapura (GIC), um dos maiores investidores em startups do mundo.
Segundo disse Pedro Mac Dowell, fundador e CEO da QI Tech, em entrevista ao portal Fintechs Brasil, a maior parte do reforço de caixa será destinada para uma agenda de M&A, com foco especial em empresas de inteligência de dados. O montante também servirá para a construção de novos produtos que aprimorem a jornada de crédito, de originação e cobrança, e na contratação de novos funcionários para dar suporte e acelerar o lançamento de soluções — a ideia é quadruplicar o tamanho do time, formado hoje por 60 pessoas, conforme comunicado à imprensa.
“Esse aporte chega em um momento decisivo na nossa trajetória, onde queremos dar o próximo passo em busca do aprimoramento da jornada do crédito, possibilitando que qualquer empresa ofereça serviços bancários 100% digitais a partir das nossas tecnologias proprietárias”, diz Mac Dowell.
A ideia inicial dos sócios da QI Tech quando buscaram a assessoria financeira da Vinci Partners e Quatá Confidence era começar um processo de IPO, conta Mac Dowell. Mas foram aconselhados a ir ao mercado buscar um investidor antes de dar um passo maior. “Foi fundamental buscarmos uma assessoria financeira. Eles nos fizeram várias perguntas como por que precisávamos do dinheiro, como iríamos usá-lo, qual o formato dos negócios de M&A que queríamos fazer, quantas companhias queríamos comprar por ano, o modelo de negócio”, lembra Mac Dowell.
A partir daí, a Vinci Partners e a Quatá Confidence iniciaram um processo competitivo para achar o investidor ideal para a QI Tech entre fundos locais e globais, bancos, entre outros. “Acabamos fechando com o Fundo Soberano de Cingapura, que nos deu a independência que buscávamos de manter as decisões da empresa em nossas mãos”, diz Marcelo Bentivoglio, sócio da QI Tech.
Empresas querem ser banco
A QI Tech oferece várias verticais de lending-as-a-service, como financiamento estudantil, crédito direto ao consumidor, Buy Now Pay Later (BNPL), financiamento automotivo ou imobiliário, capital de giro para PJ e operações de crédito com garantia. “Desta forma, qualquer fintech, empresa tradicional ou banco pode utilizar as APIs da QI Tech para oferecer essas verticais para seus clientes finais”, explica Bentivoglio.
“Qualquer empresa, seja ela fintech, varejista ou até mesmo empresa de serviços pode oferecer produtos financeiros para os seus clientes. A QI Tech tem toda a infraestrutura necessária para que essas empresas ofereçam jornadas completas, com contas, emissão e liquidação de boletos, transferências TED/DOC/PIX, este último com múltiplas funcionalidades, como o PIX 24/7 embedded na jornada de crédito e o QR code dinâmico nos checkout de e-commerce”, explica Marcelo Buosi, co-fundador da QI Tech.
Desde o início das operações, em 2019, a QI Tech já ultrapassou os 100 clientes, movimentando mais de R$ 5,5 bilhões em operações de crédito, sendo R$ 4,1 bilhões apenas em 2021.
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