Edmond, fintech de energia solar, vai lançar seguros e cartão de crédito

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Quando se fala em fintechs, automaticamente vem a palavra dinheiro na cabeça. O segundo pensamento pode se dividir entre empresas que democratizam o sistema financeiro ou resolvem a dor de uma população ou segmento específico. Mas ter um propósito ambiental não é comum ser mencionado, apesar de o tema ter ganhado mais força nos últimos anos com o avanço da pauta ESG.

Por ser algo novo no Brasil, é crescente o número de fintechs com esse tipo de proposta, principalmente em fontes renováveis de energia, como a solar. E com o brasileiro cada vez mais consciente de que energias sustentáveis custam menos no longo prazo (alô gasolina a R$ 7 o litro e gás de cozinha a quase R$ 100!), as empresas relacionadas a este setor estão se mexendo e demandando serviços para resolver as suas dores.

Foi pensando em democratizar a energia fotovoltaica por meio de soluções de meios de pagamento (há anos restritas a grandes bancos e com menos expertise sobre a área) que a Edmond nasceu há menos de um ano.

A empresa conta hoje com mais de mil integradores atendidos e 5 mil clientes da conta digital (PF e PJ). Desde o início, foram mais de R$ 200 milhões transacionados e com a expectativa de atingir mais de R$ 1 bilhão em vendas de equipamentos e transações financeiras nos próximos meses.

A diretora de ‘pay e bank’ da Edmond, Alessandra Zuza — que assumiu o cargo há quase cinco meses, após passagens pela Cielo, Liq, Santander e Unibanco — antecipou ao Finsiders que, em dezembro, a startup expande suas ofertas para o ramo de seguros.

Mais conhecida no mercado de pagamentos pelo sobrenome, a executiva diz que a ideia é que os integradores fotovoltaicos – aqueles que fazem a conexão entre as distribuidoras de equipamentos fotovoltaicos, normalmente provenientes da China, e os clientes finais – também ampliem sua própria gama de ofertas e tenham receita recorrente.

Os integradores serão comissionados em 10%, com seguros que variam de R$ 199, podendo chegar a R$ 10 mil. Tendo possibilidade de criar planos de assinatura e apólices por um ano.

É o típico seguro mais preventivo e que o beneficiário não deseja ter que acionar, conforme comenta Zuza. De qualquer forma, são três tipos de contratos, cujas cobertura estão relacionadas, basicamente a incêndios, explosões, vendavais, roubos ou furtos, entre outros riscos específicos do setor.

Este seguro faz parte do APP Solar, lançado após aporte de R$ 40 milhões em janeiro deste ano. É uma plataforma de SaaS (software as a service) white-label, que auxilia os profissionais no comércio de equipamentos e na elaboração de projetos.

Além do aplicativo, o ecossistema da Edmond é composto por soluções de pagamento que incluem maquininhas; o Edmond Bank, que disponibiliza uma conta digital na qual é possível concentrar pagamentos e recebimentos, e fazer transferências via TED ou Pix, de forma gratuita e sem taxa de manutenção; além de fornecer crédito para projetos solares no agronegócio.

Zuza diz ainda que no início do próximo ano, os clientes devem ter mais soluções ofertadas pela fintech, como é o caso do cartão de crédito. Por outro lado, a verdadeira ambição da empresa é oferecer serviços não somente para o segmento de energia solar, como também para outros mercados sustentáveis, como biomassa, energia eólica e do setor de automotivo.

“A gente acredita no básico bem feito. Dentro do [ramo] solar, já estamos posicionados com o mais completo ecossistema. Mas o nosso olhar vislumbra outras possibilidades como gás natural. Já fomos procurados por empresas, por exemplo, que querem saber qual o meio de pagamento poderá ser utilizado na cobrança após carregar um veículo a bateria. Já sabemos que há dores não solucionados”, aponta.

Mercado com desafios

A entrada da especialista de 20 anos do mercado de pagamentos na fintech tem a missão de tornar a Edmond referência nacional em inovação de modelos de negócios na cadeia de geração distribuída solar. Mas os últimos meses não foram fáceis.

Em território brazuca, mais e mais fintechs se voltam para o segmento de energia solar. Exemplo disso foi a Solfácil que, depois de captar R$ 21 milhões em julho do ano passado, a fintech de financiamento solar, recebeu em um junho um novo cheque de R$ 160 milhões em uma rodada Série B, liderada pelo fundo de venture capital QED Investors (investidor de Creditas, Guiabolso e Warren). O investimento é considerado o maior para o setor no país.

Nesta semana, inclusive, a fintech anunciou uma captação de R$ 1,28 bilhão em green bonds para financiar dezenas de milhares de sistemas fotovoltaicos para produção de energia limpa. Os recursos serão usados para financiar as linhas de financiamento para pessoas físicas, pequenos comércios e produtores rurais.

Merecem destaque, ainda, as empresas com parceiros fortes, como é o caso do Meu Financiamento Solar, que iniciou as atividades em 2020 e tem o banco BV como investidor. A carteira de crédito dessa linha, aliás, cresceu 3x no terceiro trimestre, na comparação anual, para R$ 2,1 bilhões.

E ainda que fosse só isso. O segmento tem enfrentado impactos com os movimentos advindos da China, – principal fornecedor mundial da indústria fotovoltaica – que, em crise energética, tem se voltado cada vez mais para mais para o mercado interno. E tem o fato que o Brasil passa por uma depreciação cambial e os equipamentos são cotados em dólar.

“Desde meados de setembro, o que deve ficar até janeiro, acontece, na verdade, uma pré-venda. O cliente final quer uma previsibilidade da chegada do sistema para efetuar sua compra. Mas, em termos de roadmap, com ajustes um pouco para cima, estamos dentro do que propomos”, diz Alessandra, da Edmond. Segundo ela, o tamanho do mercado brasileiro mostra o potencial do setor.

“O Brasil 90 milhões de unidades consumidores de energia. Este é o tamanho do mercado e seu potencial. Isso aumenta ainda com a possibilidade de poder comprar a tua energia, conforme projeto de lei que foi discutido no Senado”, elucida, em referência ao projeto de lei 414/202 em tramitação na Câmara dos Deputados.

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Redação: Conteúdos produzidos pela equipe de jornalistas do Finsiders,
além de artigos de executivos do setor

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