Por Thiago Dias*, exclusivo para o Finsiders
“A tendência é sua amiga”, diz o ditado. E isso é confirmado por um estudo da McKinsey, que comprova que uma empresa que conhece as tendências do mercado tem entre 4 e 8 chances a mais de sucesso. Também no segmento das fintechs, as tendências apontam esse caminho. Mas para visualizar o futuro, neste caso, é preciso olhar para o passado.
O modelo ‘standalone’ que veio com os neobanks é uma “desconstrução” das funcionalidades que os bancos tradicionais ofereciam e que estão sendo substituídas por outras mais simples e autogerenciáveis.
A digitalização massiva imposta pela pandemia alavancou a proposta e agora, com clientes cada vez mais comprometidos, chegou a hora de incorporar novas funcionalidades que consolidam o modelo de gerar alianças estratégicas para torná-lo mais rentável.
Um estudo recente da Americas Market Intelligence com a Mastercard revela que a digitalização dos serviços financeiros é um caminho de mão única na América Latina. A adoção de pagamentos digitais, tecnologia sem contato, o número de usuários de internet (e o tempo que passam conectados), juntamente com o aumento exponencial de smartphones e dados móveis, explicam o ‘boom’ das fintechs na América Latina e sua incidência a favor da inclusão financeira de uma região que ainda tem metade de sua população fora do sistema.
O futuro do segmento tem o cliente no centro, e este é um cliente que busca agilidade e transparência, conforto e liberdade, funcionalidade e confiança. Bancos, fintechs e neobanks sabem que a chave para um bom serviço está em sua aliança.
Os serviços financeiros, portanto, mudaram muito e continuarão a mudar. Assim, a seguir os principais tópicos sobre os quais falaremos em 2022:
1. Atrair, mas também reter
No início, as fintechs buscavam conquistar novos clientes. Crescer foi a medida do sucesso. A necessidade, agora, é aumentar a lucratividade por meio de serviços que resultem em maior transacionalidade e mais tempo de tela.
A grande maioria das fintechs começou oferecendo conta digital e cartão, mas estão expandindo seus portfólios para oferecer também empréstimos pessoais, seguros, investimentos, programas de fidelidade ou cashback e até um marketplace de produtos e serviços.
2. Do Open Banking ao Open Finance
A revolução que começou com o Open Banking continua no Open Finance. A abertura de dados, algoritmos e processos que — no primeiro modelo — se concentrava em contas bancárias e pagamentos agora se estende a outros serviços financeiros, abrindo-se para outras indústrias e até mesmo para órgãos públicos.
O Open Finance é um passo adiante porque permite maior liberdade de experiências de gestão financeira — como abrir uma conta ou efetuar um pagamento por meio de redes sociais–, o que é consistente com a estratégia multicanal da Mastercard, que coloca o controle nas mãos dos clientes, mas respalda-os com segurança e transparência. É importante destacar que a modernização da infraestrutura de pagamentos exige uma regulação muito ágil.
3. Compre agora. Pague depois
Essa é uma tendência que se tornou muito popular nos últimos tempos, principalmente entre os millennials e a geração Z, mas já está em vigor na América Latina há anos: o “compre agora, pague depois” (BNPL, em inglês) é o novo “parcelado”.
Funciona como um financiamento de curto prazo, que geralmente não cobra juros caso o cliente cumpra seus pagamentos em tempo hábil. Esta é outra tendência a favor da inclusão financeira na região, e a possibilidade de compra de clientes mais conectados também beneficia os negócios.
4. Blockchain (e criptomoedas)
Tudo parece indicar que estamos caminhando para uma indústria cada vez mais digital, e um dos caminhos que nos leva ao futuro é a tecnologia blockchain. Inicialmente associado ao mundo das criptomoedas, o blockchain é um sistema de documentação de transações digitais que evoluiu rapidamente para se espalhar para outras aplicações e indústrias.
Blockchain e criptomoedas têm o poder de revolucionar o setor financeiro, desde que protejam o consumidor e respeitem os marcos regulatórios que acompanham essas mudanças. A Mastercard adicionou algumas criptomoedas à sua rede para oferecer outra forma de pagamento.
Como Raj Dhamodharan, vice-presidente executivo de ativos digitais, produtos blockchain e parcerias da Mastercard, diz: “Nosso objetivo é permitir que clientes e comerciantes negociem títulos digitais — tradicionais ou cripto –da maneira que preferirem. A escolha é sua, é sobre o seu dinheiro.”
5. Chegada do 5G
E deixei para o final a mãe de todas as tendências, porque o 5G é o que conecta praticamente todos a tudo. Mais confiável e 100x mais rápida que a tecnologia atual, essa nova interface impactará todos os setores e deverá contribuir com US$ 13,2 bilhões de dólares para a economia global até 2035, segundo um estudo realizado pela IHS Markit a pedido da Qualcomm. Embora a pandemia da Covid-19 tenha atrasado a implementação do 5G para este ano que se inicia, são esperadas 1 bilhão de assinaturas em todo o mundo, de acordo com o relatório Ericsson Mobility Report.
Tempos de grandes mudanças exigem respostas e estratégias rápidas. A digitalização marca o ritmo e promove alianças que melhoram os produtos e serviços que as instituições financeiras oferecem aos nossos clientes. A cena pós-covid-19 é um redemoinho de criatividade efervescente. Este é o momento de construir a melhor infraestrutura para realizar todas essas possibilidades, porque é assim que ajudamos os inovadores a construir, lançar e alavancar seus negócios.
*Thiago Dias é VP fintech & enablers para América Latina da Mastercard.
As opiniões neste espaço refletem a visão dos especialistas e executivos de mercado, e não a do Finsiders.
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