Oito tendências para 2022 – Parte 3: novo marco legal aumenta interesse por fintechs de câmbio

Dario Palhares

A terceira parte do material especial preparado pelo repórter Dario Palhares sobre oito tendências que devem manter as fintechs em alta em 2022 aborda o crescente interesse por fintechs de câmbio.

Boa parte desse interesse deve-se à Lei 14.286, que entrará em vigor em 30 de dezembro próximo abrindo novas e promissoras perspectivas para as fintechs no mercado de câmbio.

Algumas das medidas mais relevantes previstas pelo marco regulatório são a permissão para a abertura de contas em moeda estrangeira por residentes no Brasil, maiores liberdades para empresas exportadoras – que poderão realizar empréstimos para filiais no exterior e terão mais autonomia na movimentação de recursos mantidos além-fronteiras –, e a liberação de negociações de até US$ 500 entre pessoas físicas, com o objetivo de estimular o desenvolvimento de plataformas peer-to-peer.

“As novas regras rompem amarras que estavam em vigor há décadas e vão retirar de cena intermediários nas transações com moedas”, comenta Diego Pérez, da ABFintechs. “Boa parte das fintechs de câmbio atua, há tempos, com remessas internacionais”, observa Pérez. “Com o novo marco regulatório, estas e outras empresas do ramo poderão ampliar seus leques de atuação.”

Com perspectivas de crescimento e diversificação de negócios, as fintechs especializadas no segmento vêm despertando a cobiça de grupos mais musculosos. Na primeira quinzena de dezembro, poucas semanas antes da sanção da Lei 14.286, a plataforma Ebanx desembolsou cerca de R$ 1,2 bilhão pelo controle da Remessa Online.

Cerca de 30 dias depois, foi a vez da Travelex, do Reino Unido, adquirir uma participação minoritária na Frente Corretora de Câmbio. “Quando a integração operacional estiver concluída, o que deverá ocorrer nos próximos meses, o novo sócio deverá responder por 80% das nossas receitas”, diz o sócio-diretor Ricardo Baraçal.

No final do ano, a Inter anunciou a conclusão da aquisição da USEND, fintech norte-americana que oferece serviços financeiros e não-financeiros. O anúncio ocorre após a obtenção de todas as autorizações necessárias, de órgãos reguladores tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, e vai acelerar os planos de expansão do Inter para outras geografias. A integração entre Inter e USEND começa com lançamento da conta internacional para brasileiros.

E o Banco do Brasil acaba de entrar na briga com a sua conta digital em dólar, batizada de Conta Easy. A solução está disponível para correntistas do BB que não tenham sido clientes do BB Americas nos últimos 12 meses.

Parcerias de vento em popa

Em atividade há pouco mais de três anos, a Frente Corretora é uma plataforma que tem como carros-chefes compras de moedas online, remessas internacionais e consultoria na área. Sua estrutura comercial está calcada em uma equipe de mais de mil correspondentes cambiais, grupo que inclui, entre outros, agentes autônomos de investimentos e agências de turismo, como Fly Tour e Agaxtur. Hoje ao redor de 1,5 milhão, a clientela da casa tende a crescer de forma geométrica nos próximos meses, a partir de novas parcerias. “Estamos em negociações avançadas, por exemplo, com a Smiles, que soma 17 milhões de clientes”, diz Baraçal. “A meta é fechar o primeiro semestre do ano com algo em torno de 100 milhões de nomes cadastrados.”

Ricardo Baraçal, Frente Corretora

Centrada no nicho de pessoas físicas, a startup também faz planos de crescer na seara corporativa. Ainda em fevereiro, seu portal passará a oferecer cadastros 100% online para exportadores e importadores, com garantias de fechamentos automáticos de câmbio e prontas liberações de recursos. “Nosso foco prioritário são negócios de pequeno e médio porte, um público que não desperta maior interesse das grandes instituições de câmbio”, diz Baraçal.


Não perca os próximos capítulos desse especial sobre o que 2022 reserva!

Os dois anteriores estão aqui:

Especialistas apontam oito razões para acreditar que o crescimento das fintechs continuará acelerado em 2022

Oito tendências para 2022 – Parte 2: Insurtechs passam de 8,5% para 14% do total das fintechs em menos de um ano, e não vão parar por aí

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