Marcelo Romero | ESG e criptoativos: responsabilidade e lucro

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Se você acompanhou os tuítes de Elon Musk, CEO da Tesla em 2021, ainda deve estar fresco na sua memória que o bitcoin deixa uma enorme pegada de carbono. Isso ocorre por conta do alto uso de combustíveis fósseis tanto para minerar, quanto para realizar transações.

Pesquisas realizadas no ano passado mostraram que a cada ano o bitcoin consome, em média, 130,9 terawatt-hora de eletricidade, o que equivale a uma quantia maior do que o consumo de energia de toda a Argentina. Apesar disso, não há nenhuma Argentina, ou qualquer outro país dedicado especificamente à mineração ou transação de criptos.

O bitcoin é uma das maiores criptomoedas do mundo e uma das mais prejudiciais aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS ONU). Essa situação não ocorre porque o bitcoin é o “malvado”, mas sim porque a fonte de energia dos mineradores muitas vezes é baseada em energia não renovável. De toda forma, o importante é encontrar uma solução. E é como dizem: (às vezes) os opostos se atraem.

Em junho do ano passado, Musk comentou que poderia voltar a aceitar pagamentos em bitcoin, se a mineração se tornasse sustentável.

Apesar de a economia não ser um jogo de soma zero, não é preciso “lucrar a qualquer custo”. A pauta de ESG segue relevante e vez ou outra surgem novos destaques a respeito do tema.

Recentemente, surgiu o Crypto Climate Accord (CCA) que conta com mais de 250 empresas e pessoas apoiadoras. Ele foi inspirado no Acordo Climático Internacional de Paris e traçou um compromisso para que todos os ativos em blockchain no mundo sejam sustentados por fontes de energia 100% renovável até 2025, e até 2040 ser neutro em carbono.

O objetivo é que toda descarbonização seja feita em uma velocidade não observada em nenhum outro setor. Assim, o bitcoin, que já foi chamado de anti-verde e, no “menos pior” dos casos, de “jogar energia fora”, terá a oportunidade de ser sustentado por energia renovável.

A Zumo e C&B apresentaram uma direção inicial para descarbonizar as transações em criptoativos e trouxeram um exemplo de liderança em sustentabilidade. Foram eles os pilotos a utilizar energia renovável para minerar bitcoin.

Na mesma linha, a Ethereum, segunda criptomoeda mais relevante, divulgou também no ano de 2021 que faria a transição para operar via Proof of Stake (PoS) ao invés de Proof of Work (PoW).

Essa mudança tem potencial de reduzir de forma significativa o consumo de energia e a necessidade de mineradores com computadores muito potentes.

Abaixo é possível visualizar a estimativa de consumo de energia de cada uma das formas de trabalho:

Fonte: Blog Ethereum

O grande diferencial entre ambas formas de trabalho (PoS e PoW) é que na primeira não há mineradores, mas sim “validadores”. Neste caso, o bloco é validado na rede em função da quantidade de tokens depositados, e não pelo trabalho computacional. Assim, a remuneração do validador se dá em função do montante investido.

Na segunda forma (PoW), milhares de mineradores competem para serem os primeiros a resolver o algoritmo criptográfico, o que gera um gasto energético muito expressivo para concluir os registros.

Tendo em mente todo esse cenário, é interessante notar como os criptoativos quebraram diversos paradigmas e continuam mantendo esse potencial.

Muitos pontos críticos já foram levantados e apontados com relação aos criptoativos e cada vez mais consumidores e investidores estão atentos e envolvidos com as causas ambientais.

Mas, por mais desafiador que se mostre o cenário, os criptoativos se mostram resilientes independente do ganho ambiental a qualquer custo.

As opiniões neste espaço refletem a visão dos colunistas, e não a do Finsiders.

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Marcelo Romero é diretor de análise quantitativa da Magnetis, gestora digital de investimentos. É administrador de carteiras credenciado pela CVM, com certificação internacional em finanças quantitativas (CQF).

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