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Quando fundou a Bom Pra Crédito (BPC), em 2013, Ricardo Kalichsztein tinha um sonho grande: construir a principal plataforma de crédito para qualquer momento da vida das pessoas físicas.
Agora a fintech entra em uma nova fase. Depois de fecharem uma parceria no ano passado, a fintech e a Focus Financeira decidiram se tornar sócias. As empresas estão formando uma holding, que ainda não tem nome definido. A fusão está sujeita às aprovações regulatórias.
A nova companhia nasce com mais de 10 milhões de usuários ativos, número que está previsto para alcançar 16 milhões até o fim do ano que vem. Também até 2023, a meta é chegar a R$ 100 bilhões em solicitações de crédito, com um volume originado de R$ 3 bilhões até 2023.
Em comunicado conjunto, as empresas dizem que estão criando a “maior plataforma de crédito ‘one-stop-shop’ do país”. Ainda no primeiro semestre, a ideia é lançar soluções de crédito consignado para servidor público, crédito com garantia do FGTS, entre outros produtos.
O crescimento envolverá o desenvolvimento de novos produtos para pessoa física e empresas, além da junção das capacidades analíticas de crédito das duas instituições.
Com a combinação dos negócios, o cliente terá em um único aplicativo diversos produtos e diferentes ofertas. No total, a organização reunindo as duas empresas terá 120 profissionais, numa “estrutura enxuta” e com tecnologia digital, dizem as companhias.
Quem é quem
A Bom Pra Crédito é o maior marketplace de crédito online para pessoas físicas e tem como maior fortaleza o empréstimo sem garantia. No total, a fintech tem mais de 30 instituições parceiras plugadas à plataforma.
A fintech vem diversificando seus negócios. De início, fazia geração de leads, evoluiu para um marketplace online focado em empréstimo pessoal, agregou novas linhas como crédito com garantia e consignado e, há cerca de três anos, colocou para rodar uma solução de credit as a service (CaaS).
O marketplace, que apresentou um crescimento de 78% em relação a 2020, é acessado por usuários do Brasil inteiro, atendendo a mais 90% dos municípios do país. Originou mais de R$ 1,2 bilhão em empréstimos, sendo mais de R$50 milhões em crédito por mês, produção que cresce num ritmo de 10% ao mês.
A Bom Pra Crédito foi fundada em 2013 por Ricardo Kalichsztein, Felipe Lemos e Daniel Polistchuck (que saiu do negócio) — em 2015, Eduardo Braz entrou como sócio. De lá pra cá, a fintech levantou R$ 63 milhões em aportes.
A última rodada foi em 2019, quando recebeu R$ 35 milhões do Grupo Globo no modelo de ‘media for equity’. No captable, estão ainda Astella Investimentos, Innova Capital e SP Ventures — com exceção da Astella, que fez sua saída na Bom Pra Crédito, os demais investidores passam a fazer parte da sociedade na holding.
Para Ricardo Kalichsztein, CEO da Bom Pra Crédito, a união vai ampliar o portfólio de produtos e o posicionamento da empresa como um ‘one-stop-shop’.
“A combinação de negócios fortalecerá ainda mais nosso propósito de dar o poder de escolha do consumidor, apresentando mais ofertas, produtos e serviços, além de ter a oportunidade de compartilhar do risco dos parceiros na operação de ‘credit as a service’”, diz o empreendedor, em comunicado.
Já a Focus Financeira é uma iniciativa dos fundadores da Focus Energia, comercializadora de energia. Especializada em crédito B2B2C, a financeira começou a operar em outubro de 2020, quando recebeu a licença do Banco Central (BC) — a instituição está enquadrada no segmento S4.
A financeira tem como principal público as classes B, C e D, e encerrou seu primeiro ano de operações com 130 milhões em ativos e totalizou mais de R$ 4,5 bilhões em solicitações de crédito pessoal.
O negócio é liderado por Leonardo Grapeia, executivo com mais de 17 anos de experiência no setor financeiro. Ao lado dele, estão seu xará Leonardo Carvalho e Alexandre Antunes, ambos ex-Focus Energia.
“Esse novo passo trará ainda mais benefícios ao consumidor, aumentando a base de negócios e com o objetivo de ser a empresa referência de crédito no mercado, proporcionando soluções únicas e análises mais personalizadas”, afirma Leonardo Grapeia, no texto.
Mercado
A consolidação é um movimento natural, principalmente no estágio atual do ecossistema financeiro. No ano passado, as fintechs de crédito Geru e Rebel se juntaram e deram origem à Open Co, que levantou em dezembro um aporte de R$ 600 milhões em rodada liderada pelo SoftBank Latin America Fund.
A lista de fintechs de crédito é crescente. Conforme relação divulgada recentemente pelo Banco Central (BC), há mais de 40 pedidos de autorização de fintechs para atuar no segmento.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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