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A mais de 20 km da Faria Lima, a Teddy Open Finance quer ser uma solução para bancários autônomos, correspondentes bancários e assessores de investimentos, num cenário de digitalização das transações financeiras e fechamento de agências — as unidades caíram de 19,3 mil em 2020 para 18,3 mil no ano passado, conforme o Banco Central (BC).
Com sede em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, a fintech se posiciona como um ecossistema que conecta os profissionais (chamados por ela de business bankers) a mais de 30 instituições financeiras, incluindo bancos como BTG Pactual, Banco BS2, Banco BV, Daycoval, Sofisa, Semear, além de fintechs como Creditas e Warren, entre outros nomes.
“A dor do bancário autônomo é não ter produtos e serviços num só lugar para vender para o cliente. Estamos trazendo um ecossistema, inclusive com apoio ao marketing desses profissionais, mesas de apoio especializadas, treinamento”, explica Wagner Ferreira, CEO e fundador da Teddy — um matemático com MBA em marketing que, aos 24 anos, se tornou gerente geral de agência, e teve passagens por Unibanco, Santander e Daycoval.
Em entrevista exclusiva ao Finsiders, o ex-gerente bancário e agora empreendedor explica que a Teddy já nasceu em um contexto “Open Finance”, com o diferencial de atuar com um portfólio de mais de 70 produtos PJ, como conta digital, conta escrow, capital de giro, antecipação a fornecedores, operações estruturadas, debêntures, consórcios e outros.
A prateleira de produtos inclui, ainda, seguros — por meio de uma corretora de seguros própria, que tem parceria com diversas seguradoras — e investimentos, fruto de um acordo com a plataforma Warren. “Temos também um portfólio para PF, como crédito pessoal, empréstimo com garantia do FGTS, home equity”, conta.
Dados revelados com exclusividade ao Finsiders mostram que, no primeiro trimestre deste ano, os mais de 120 business bankers plugados à plataforma da Teddy originaram R$ 622 milhões em quase mil propostas — somando um total de R$ 336 milhões já analisados, R$ 35 milhões desembolsados para cerca de cem clientes, e R$ 286 milhões em negócios atualmente em andamento, com destaque para operações de capital de giro, conta digital, câmbio e antecipação a fornecedores (supply chain finance). Para o próximo semestre, a projeção é dobrar as movimentações.
O público-alvo dos bankers na Teddy são as empresas do middle market. “É onde estão os maiores tíquetes e, portanto, as maiores comissões”, aponta Wagner. Ainda assim, a ideia não é se restringir a esse perfil de companhia. “Estamos entrando mais no varejo, com capital de giro”, revela. “E no ano que vem, vamos colocar consignado.”
Além de conectar os produtos e serviços financeiros das instituições em sua plataforma, a Teddy montou uma mesa de câmbio com o BTG Pactual, com serviços como operações de compra e venda de moeda estrangeira à vista, recebimentos e pagamentos internacionais, além das modalidades de financiamento ACC (adiantamento sobre contrato de câmbio) e ACE (adiantamento de câmbio já entregue). “Foi um dos nossos primeiros produtos. Ano passado, giramos R$ 100 milhões em câmbio”, conta o empreendedor.
Com mais de 120 bankers conectados, e planos de chegar a 600 até o fim do ano, a Teddy oferece a plataforma web aos profissionais, que inclui suporte, treinamentos, e apoio de marketing.
No início de junho, a fintech vai lançar um aplicativo para os bankers e também começará a disponibilizar uma versão white-label da plataforma. “Também estamos lançando a [funcionalidade] comissão em tempo real para o business banker saber quanto vai receber de comissão.”
Para aderir à plataforma, é necessário que o profissional possua mais de três anos experiência no segmento bancário, tendo um relacionamento com clientes PJ ou PF em bancos, ou que atue como assessor de investimentos (a nova denominação para os agentes autônomos de investimentos, AAIs). O modelo de negócio é 80/20, ou seja, a cada produto vendido, a maior fatia (80%) da comissão fica com o banker, e a Teddy ganha 20% restantes.
Fundada em 2020 e com início das operações em setembro do no ano passado, a Teddy foi montada com um investimento inicial de R$ 2,5 milhões e ainda não levantou rodadas de investimentos. “Todo mundo quer ser unicórnio. Eu quero que a Teddy seja conhecida por fazer diferença para o segmento bancário. Somos muito pé no chão”, define Wagner.
Mercado
Hoje o modelo que mais se aproxima do que a Teddy está fazendo é a Franq, que soma mais de 40 instituições plugadas à plataforma e mais de 5 mil personal bankers cadastrados. O segmento PJ — que representa 40% do volume de crédito solicitado na plataforma — gerou um total de R$ 6,5 bilhões em propostas no ano passado, conforme divulgação recente feita pela fintech.
Fundada por Paulo Silva — executivo com mais de 30 anos de carreira em bancos como Banco do Brasil (BB), HSBC, Citi e Santander —, a Franq levantou R$ 20 milhões há cerca de um ano com o Valor Capital Group.
No captable, estão também Cassius Schymura (CEO da Quod e ex-Santander); Daniel Prianti (cofundador da BPool); Valéria Camarero (ex-diretora do HSBC e do Santander); Fabio Torelli (ex-Bmg, Santander e Mastercard); e Donax Participações, da família Tellechea.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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