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O sonho grande da CloudWalk, dona da maquininha InfinitePay, é criar uma rede global de pagamentos. Ambicioso ou não, o objetivo agora ganha um novo capítulo: a fintech acaba de lançar a própria blockchain, a rede aberta CloudWalk, após mais de quatro anos de desenvolvimento.
“Blockchain é uma reinvenção como foi a internet em 99. Não acreditamos em blockchain sozinho, mas junto com esse mundo centralizado e regulado. Estamos construindo uma ponte entre esses dois mundos”, explica Luís Silva, fundador e CEO da CloudWalk, ao Finsiders.
Com a blockchain própria, a fintech quer tornar os pagamentos cada vez mais rápidos, ou “mover o dinheiro na velocidade da luz”, como Luís gosta de dizer. “Hoje, com bandeiras de cartão, o lojista recebe em D+1, e o Pix melhorou bastante isso. Com blockchain, o lojista recebe o dinheiro em um segundo”, diz.
A rede CloudWalk nasce com capacidade de processar 500 transações por segundo e meta de chegar a 5 mil transações por segundo até o fim do ano. “Não conseguimos escalar com outras redes, como Polygon e Ethereum”, explica o fundador, quando questionado sobre montar a própria rede blockchain, em vez de utilizar alguma já existente.
A blockchain é a base da Brazilian Digital Real (BRLC), a stablecoin pareada ao real criada no ano passado pela CloudWalk e utilizada atualmente por 130 mil pessoas. A moeda é oferecida como cashback para as pessoas que baixam a carteira digital da fintech e fazem transações na rede de mais de 300 mil lojistas que usam a maquininha InfinitePay, em mais de 5,1 mil cidades brasileiras.
“A gente investiu muito em user experience. A pessoa não precisa saber que está usando blockchain. O que ela quer de fato são transações mais rápidas, baratas e seguras”, aponta Luís. “A estratégia é oferecer vantagens para a pessoa baixar o app e usar a wallet”, complementa o empreendedor.
Nessa direção, a empresa também está prestes a lançar seu próprio cartão de débito e crédito. “Vamos lançar com mecânicas bem diferentes. É diferente de outros neobanks que têm conta e cartão”, diz Luís, sem abrir maiores detalhes sobre o produto.
A própria blockchain, inclusive, poderá servir como uma espécie de celeiro para desenvolvimento de novos produtos por outras companhias. “Já temos empresas olhando soluções para serem ‘deployed’ na nossa blockchain”, conta. “Na linha do tempo, os lojistas terão acesso a diversos produtos de outras empresas que desenvolvam na rede aberta da CloudWalk. É bom para o ecossistema inteiro.”
Hoje, além da maquininha — o ‘feijão com arroz’ — e da carteira digital, com cashback, a empresa oferece soluções de link de pagamento, transações gratuitas via Pix, assim como uma plataforma também gratuita de loja on-line para os varejistas, além de um empréstimo com prazo máximo de três meses.
“Nosso preço é o melhor da indústria. Continuamos sendo o melhor. É uma promessa que temos para o cliente. E o produto é simples e fácil de usar”, argumenta Luís. Nas vendas parceladas em 12 vezes com cartões de crédito Visa e Mastercard, a CloudWalk cobra 10,87%, já incluindo os custos de antecipação. No link de pagamento, a taxa chega a 16,66% para as vendas online em 12 vezes.
Com uma base de mais de 300 mil lojistas ativos (quem processou pelo menos uma transação nos últimos 90 dias) — eram 150 mil em novembro/21 —, a CloudWalk não abre o volume total processado (TPV, na sigla em inglês) no ano passado, ou quanto espera movimentar em 2022. Em novembro do ano passado, quando falou ao Finsiders, o TPV informado foi de US$ 2,4 bilhões/ano, mesmo número que está no site da companhia. “Estamos processando bilhões por mês”, diz Luís.
Enquanto avança em sua estratégia para montar uma “rede global de pagamentos”, a CloudWalk também pavimenta o caminho para um IPO — no início do ano, a empresa figurou entre as fintechs brasileiras candidatas a abrir capital. Sobre esse plano, o empreendedor diz que não será no curto prazo. “Estamos muito mais focados na construção do produto para ser a empresa de pagamentos número 1 no Brasil. Mas sabemos que queremos fazer o IPO na Nasdaq.”
Desde a fundação, em 2013, a CloudWalk já levantou US$ 365 milhões e foi avaliada em US$ 2,15 bilhões em sua última rodada de captação, em novembro, quando recebeu US$ 150 milhões em uma Série C — seis meses depois de ter captado US$ 190 milhões em uma generosa Série B.
No captable, estão investidores como Coatue, DST Global, Valor Capital, The Hive Brazil, Plug and Play Ventures, além do investidor-anjo Gokul Rajaram e dos jogadores de futebol americano Larry Fitzgerald e Kelvin Beachum, entre outros.
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