Burocracia e tecnologia ultrapassada dos fornecedores de infraestrutura bancária. Segundo Rafael Stark, CEO do grupo que é dono da fintech Stark Bank, foi a insatisfação com a baixa qualidade dos serviços oferecidos hoje no mercado brasileiro que incentivou o grupo a criar uma solução dentro de casa.
“Problemas enfrentados nos últimos anos (a Stark Bank nasceu em 2018) nos motivaram a montar do zero uma infraestrutura bancária de excelência para ser usada não apenas para consumo próprio, mas também para ser usada por outras empresas financeiras ou não financeiras que queiram oferecer produtos como cartões, PIX e crédito aos seus clientes”, afirma. “A Stark Infra quer estar para a Stark Bank assim como a AWS está para a Amazon”, diz.
A meta pode ser ambiciosa, mas a analogia faz sentido: “A Amazon já era um gigante do e-commerce em 2006, quando percebeu que espaço para armazenamento era um ponto crítico para seu crescimento. Então, criou sua própria tecnologia de nuvem e, como se tornou extremamente eficiente, percebeu que poderia vendê-la a outras empresas. Assim como a Amazon usa a AWS, a Stark Bank é usuária do Stark Infra. Esse é o nosso diferencial no mercado: conhecemos as necessidades do negócio por dentro”, afirma.
O CEO revela que a Stark Bank vem usando a Stark Infra já há oito meses, e os resultados têm sido muito melhores que antes. “A gente enfrentava problemas como queda de sistema, travamento e outros quando usávamos os serviços de terceiros – e nossos clientes finais, as empresas, não queriam saber de quem era a culpa, claro. A proposta da Stark Bank é ser digital, moderna e eficiente, então não podemos apresentar tantas falhas”.
O elevado padrão de exigência do executivo em relação à tecnologia se explica: ele é engenheiro formado pelo ITA (o famoso Instituto de Tecnologia Aeronáutica em São José dos Campos, SP) e passou a maior parte da carreira criando APIs – sigla em inglês para interface de programação de aplicativos.
PIX, cartões e crédito
A Stark Infra não é um Bank as Service (BaaS) completo – por enquanto. De saída, vai oferecer apenas três produtos: APIs para empresas se conectarem ao Banco Central e ofertarem Pix (como Participantes Diretos e Indiretos), além de emissão de cartões pré pagos com a marca da empresa (card as a service) e emissão de Cédula de Crédito Bancário (credit as a service). Em breve, vai colocar no mercado outros serviços, como onboarding, KYC (conheça seu cliente, na sigla em inglês) e conta digital. “Vamos acrescentar funcionalidades aos poucos. Queremos ser o melhor provedor de infraestrutura financeira do Brasil. Nossas soluções são feitas para 2022 em diante, não tem 10 ou 15 anos de vida como muitas outras hoje no mercado”.
Para ter uma ideia da capacidade de processamento da Infra, perguntamos sobre os volumes movimentados pela Stark Bank – mas o CEO não quis revelar. Só disse que hoje já conseguiria processar todo o volume que passa pelo Banco Central diariamente: “Fizemos vários testes de performance para poder garantir isso”. Segundo ele, o sistema entrega alta disponibilidade, com taxas de erros inferiores a 0,005% das transações – muito abaixo da média do mercado.
Rafael Stark também não informou o montante investido na nova empresa. Segundo ele, o projeto já estava em curso quando veio o aporte de US$ 45 milhões em sua rodada Series B no início do ano, liderada pela Ribbit e com a participação de ninguém menos que Jeff Bezos – o fundador da Amazon. “O investimento apenas acelerou nossos planos. Mas a Stark Bank já dá lucro, temos muitos milhões em caixa”.
Além de Bezos, o grupo tem em seu captable investidores e empreendedores de peso, como os fundos Y Combinator, Iporanga e Foundation Capital, Brian Armstrong (Coinbase), Stewart Butterfield (Slack), Sebastian Mejia (Rappi) e Arash Ferdowsi (Dropbox), por exemplo.
Fundada em 2018, a fintech se especializou em atender empresas de médio a grande porte e conseguiu a licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD) em 2020. Stark afirma que a Stark Bank criou a primeira API para transferência bancária no Brasil, possibilitando que empresas operem sua conta bancária de dentro do ERP, Excel, Google Sheets, Web Banking ou do próprio sistema da empresa. “Com isso, podem automatizar toda a área financeira, aumentando a produtividade do time, simplificando a conciliação, dando visibilidade do fluxo de caixa, além de eliminar operações manuais, erros e fraudes. Assim, empresas conseguem realizar grandes volumes de transferências, pagamentos e boletos, sem gargalo operacional”, diz Stark.
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