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O cenário segue dramático para as fintechs mundo afora, e alguns números divulgados nesta semana evidenciam isso. Globalmente, no segundo trimestre, as fintechs captaram US$ 27,6 bilhões em rodadas de investimentos, o patamar trimestral mais baixo desde o quarto trimestre de 2020.
A cifra representa, ainda, uma queda de mais de 30% em comparação com o segundo trimestre de 2021. Os dados são do banco de investimentos norte-americano FT Partners.
No relatório, o banco ressalta que muitos negócios anunciados no segundo trimestre provavelmente foram acordados meses antes, o que gera um atraso nos dados trimestrais. “Dado esse efeito de defasagem junto com nosso pulso em tempo real no mercado, esperamos ver uma desaceleração mais pronunciada na atividade nos próximos meses”, escreve.
O menor volume financeiro no trimestre também pode ser atribuído à ocorrência de uma menor quantidade de rodadas de US$ 100 milhões. Entre abril e junho, foram mais de 78 rodadas com esse tamanho, em comparação com 111 no mesmo intervalo de 2021.
Quando são somadas as atividades de M&A, rodadas privadas de investimento e IPOs, o volume total registrado no segundo trimestre foi de US$ 64,8 bilhões, queda de 29% na comparação anual e 24% ante o primeiro trimestre.
O recuo é ainda mais acentuado (67%) quando a atividade no período é comparada ao pico apurado no terceiro trimestre do ano passado.
O maior cheque no segundo trimestre do ano foi o de US$ 725 milhões recebido pela corretora de seguros norte-americana Acrisure — que, inclusive, desembarcou no Brasil no fim do ano passado com a aquisição da plataforma It’s Seg.
Na lista de deals do período, aparecem os aportes das brasileiras Dock (US$ 110 milhões) e unico (US$ 100 milhões).
M&A
As operações de M&A no segundo trimestre somaram US$ 37,3 bilhões em um total de 318 deals, o menor volume financeiro e a menor quantidade de negócios desde o segundo trimestre de 2020, de acordo com o FT Partners.
Mercado público
A correção de valuation das fintechs listadas nos EUA continua intensa. Segundo reportagem publicada nesta semana pelo Financial Times, desde o início de 2020, essas empresas — que incluem Nubank, Robinhood, Coinbase e Toast, entre outras — perderam quase US$ 500 bilhões em valor de mercado, comparando com o pico que chegaram a atingir.
Desde o começo de 2020, mais de 30 fintechs foram listadas nas bolsas norte-americanas, conforme dados da CB Insights. Mas desde o início deste ano, as ações dessas companhias caíram, em média, mais de 50%, conforme a análise do FT. No mesmo período, o Nasdaq Composite teve uma desvalorização de 29%, cita a reportagem.
Somente neste ano, no acumulado, as fintechs perderam US$ 156 bilhões em valor de mercado. Quando analisada as ações a partir de sua alta histórica, a perda de valuation é de cerca de US$ 460 bilhões.
A explicação para esse quadro tem a ver com as preocupações em relação ao aumento dos juros globalmente, a falta de lucros dessas empresas e os modelos de negócio não testados, num contexto em que a economia global caminha para uma possível recessão, cita a reportagem do FT.
No mercado privado, o downround já dá suas caras. A sueca Klarna precisou reduzir em mais de 85% seu valuation para conseguir levantar US$ 800 milhões. Já a norte-americana Stripe teria cortado internamente o valor de suas ações em 28%, o que implicaria numa redução do valuation para US$ 74 bilhões, conforme reportagem do jornal The Wall Street Journal, citando fontes familiarizadas com o assunto.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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