A OTC – plataforma para emissão e negociação de ativos de empresas de capital fechado que nasceu no Lift Lab e se desenvolveu no Sandbox Regulatório do Banco Central – será inaugurada neste semestre.
O primeiro lançamento será uma Cédula de Crédito Bancário (CCB) de uma empresa do agronegócio, com foco em ESG – sigla em inglês usada para definir preocupações das empresas com o meio ambiente, social e governança. O valor total ainda não está definido, mas a estimativa é de que fique em torno de R$ 5 milhões.
“Estamos negociando com um pool de emissores; dois bancos estão analisando a proposta e um já deu garantia firme”, diz o CEO da OTC, Paulo Oliveira, que foi diretor da BM&FBovespa e presidente da Brain.
OTC (over de counter, em inglês) é um mercado balcão que permite que companhias de capital fechado realizem ofertas públicas (“IPO”) de instrumentos lastreados em emissão de dívidas privadas (“CCBs”), com ou sem participação acionária ou por meio de ativos tokenizados em blockchain e negociados no âmbito da plataforma.
O executivo revelou, porém, que a negociação secundária dos ativos faz parte da segunda fase do projeto: “Vamos começar com emissões primárias no primeiro ano, para formar curvas de preços; o mercado secundário vem depois”, informou. A terceira fase é a mais ambiciosa: globalização. Oliveira espera estar pronto para alçar esse voo em cinco anos.
Série A
O CEO disse, ainda, que a OTC prepara uma rodada Série A para o final deste ano. “Começamos com um pool de sócios, gente do mercado; depois atraímos três investidores institucionais: o Grupo Emepar, a Pitang Tecnologia e o Family office de Janguiê Diniz, empresário do setor de educação”, recorda. Oliveira disse que a captação na fase “early stage” ficou entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões.
Além de Oliveira e dos três investidores, atualmente o “captable” da Bolsa OTC é composta ainda por Celso Jung, diretor de Inovação, Jose Moulin, diretor-executivo e membro do Conselho de Diretores da Bolsa OTC e Verdi Monteiro, COO (Chief Operating Officer). Segundo o CEO, a Bolsa é voltada para PMEs – os lançamentos serão de até R$ 20 milhões – e tem o objetivo de baratear o acesso dessas empresas a crédito.
Em relação ao público investidor, a bolsa pretende atrair tanto os qualificados – como gestoras de recursos – quanto não qualificados: “Com a tokenização, o acesso por parte das pessoas físicas fica facilitado, cria um novo mercado para as corretoras. É mais ou menos como o Tesouro Direto, só que com papéis privados”.
A OTC foi uma das finalistas do processo seletivo do Sandbox do Banco Central no final do ano passado, como proposta de inovação ao mercado de capitais por intermédio de mecanismos de sinergia com o mercado de crédito.