Por Roseli Loturco, para o Finsiders
No mundo do Open Finance, qualquer ambiente digital deve poder iniciar pagamentos no futuro. E com a tokenização da economia, o metaverso, as moedas digitais e os criptoativos, será possível multiplicar o tamanho das economias globais. É o que defendem os especialistas e operadores deste mercado, que aceleram lançamentos para não perder a nova onda de inovação pela qual passa o sistema financeiro global.
Atualmente mais de 90% dos bancos centrais (BCs) no mundo estão trabalhando para a criação de suas moedas digitais (CBDCs, na sigla em inglês). O BC brasileiro tem participado ativamente junto a 70 autoridades bancárias com nove casos de uso de moedas digitas sendo estudadas e, desde 2020, tem reiterado a fala sobre tokenização da economia e a adoção de criptoativos nas transações financeiras.
Isso porque não dá para desconsiderar um mercado de criptos que em junho deste ano atingiu US$ 1,1 trilhão no mundo, sendo US$ 6,5 bilhões só em transações nacionais, segundo a Accenture, consultoria multinacional de gestão, tecnologia da informação e outsourcing.
“Nas plataformas de criptos, dá para fazer pagamentos, empréstimos, vender seguros, comprar ações, índices e derivativos. São mais de 1,5 mil de protocolos financeiros já conectados no mundo”, afirma Maurício Barbosa, head de plataformas financeiras da Accenture Brasil, que falou durante o Payment Revolution, evento da StartSe realizado na última semana.
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O especialista conta que existem mais de 100 projetos de tokenização sendo aplicados em laboratórios no país e acredita que se a tokenização atingir o seu potencial poderá transformar a economia e multiplicar o PIB nacional em algumas vezes. Tudo isso, aliado ao metaverso, está gerando estruturas de novos produtos e serviços, como o ‘buy, now, pay later’ (BNPL).
De olho nisso, desde gigantes, como a Mastercard, a fintechs, como a BoletoFlex e a Monkey, têm lançado produtos para disputar o consumidor que está cada vez mais digital. Segundo levantamento da NZN Intelligence, mesmo com a reabertura das economias no pós-lockdown da pandemia, os consumidores continuam preferindo as experiências online.
E para a Mastercard isso é o que tem levado cerca de 2,5 mil fintechs na América Latina a desenvolverem soluções de inclusão financeira. “Essas funcionalidades digitais vão trazer novas experiências e no futuro qualquer ambiente digital deve poder iniciar pagamentos e também operar com produtos bancários. Hoje 150 fintechs já estão nascendo no modelo ‘embedded finance’ e serão colocadas no ar em cerca de 2 meses”, observa Thiago Dias, vice-presidente de fintech & enablers para América Latina da Mastercard.
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O executivo explica que atualmente a empresa – que se define como de tecnologia, e não mais de cartões – trabalha em três iniciativas. Uma que chama de experiência Uber, em que os pagamentos não são sentidos pelo consumidor na hora do uso do serviço, pois já está automatizada. As outras são a ‘tap on phone’ e a ‘digital first’.
Isso porque a empresa acredita que as vendas digitais devem alcançar US$ 20 trilhões na América Latina em 2026. Hoje são de US$ 12 trilhões. E para continuar competitivo neste mercado, a Mastercard considera imprescindível se aliar ao ecossistema das fintechs e vem fazendo aquisições. Em relação ao metaverso, a Mastercard diz possui 15 patentes para competir em um mercado global que deve chegar ao final e 2022 em US$ 50 bilhões e em 2030, em US$ 60 bilhões. “Já em 2026, 25% das pessoas no mundo vão gastar ao menos 1 hora por dia no metaverso”, afirma Thiago.
Para as fintechs, o crédito digital tem o desafio de entregar uma experiência diferente e eficiente para pessoas e empresas. “É a evolução do crédito tradicional. Busca um consumidor digital, faz preenchimento de dados de forma mais simples, análise de crédito mais rápida e com mais dados disponíveis. O iniciador de pagamentos agrega dados nesta experiência”, observa Pedro Noll, CEO da BoletoFlex, fintech que opera no modelo BNPL, com parcelamentos sem cartão de crédito feitos pelo Pix.
“Nós replicamos o crediário do mundo físico. Na pandemia, o consumidor ficou sem esta opção e se deparou com a nossa solução digital. Teve também a migração das lojas físicas para o e-commerce”, conta Pedro.
Outra vantagem do crédito digital para as fintechs é que permite a descentralização das operações. “Hoje tem concentração de mais de 80% das operações de crédito pelos grandes bancos. A digitalização permite que players menores possam operar neste mercado”, diz Bruno Oliveira, cofundador e sócio da Monkey, um marketplace que trabalha com antecipação de recebíveis de nota fiscal e de cartão de crédito.
O empreendedor explica que, com o uso de inteligência artificial, o seu marketplace oferece muitos dados para as instituições financeiras que operam na Monkey e que isso qualifica a análise de risco e a precificação das transações.
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