Há cerca de seis anos, o banco digital BS2 e a fintech de câmbio Abrão Filho iniciaram um relacionamento, que agora está evoluindo para um “namoro” e pode levar a um casamento no futuro. As instituições estão ampliando a parceria para um acordo comercial de exclusividade, que poderá ir muito além de impulsionar os negócios, com o banco mineiro eventualmente se tornando acionista da fintech.
“Estamos apoiando a expansão da nossa força comercial, e o futuro disso pode nos levar a uma associação e um investimento”, diz Juliana Pentagna Guimarães, da família controladora do banco e diretora de desenvolvimento corporativo, com exclusividade ao Finsiders. “Tem um horizonte temporal para isso acontecer, mas é muito difícil cravar um número para os próximos anos. Vamos acompanhar o andamento dos negócios.”
Por ora, a parceria tem como objetivo ampliar o relacionamento entre BS2 e Abrão Filho. Para o banco, significa reforçar o balcão comercial na área de câmbio, que vem crescendo de forma acelerada desde que o BS2 passou a atuar no segmento, em janeiro de 2016. Neste ano, a instituição deve movimentar cerca de US$ 6 bilhões em operações de câmbio, um volume quase 30% acima do ano anterior. “Em 2023, esperamos atingir US$ 8,5 bilhões”, prevê Juliana.
Para a Abrão Filho, o acordo permitirá à fintech oferecer novas soluções aos seus clientes, como conta em dólar e cartão de débito internacional físico e virtual. Isso porque a Abrão Filho será a primeira empresa a utilizar a plataforma white-label de câmbio, desenvolvida pelo BS2. “Temos um número relevante de pessoas físicas do corpo diretivo de empresas de médio porte que demandam conta global”, comenta Leonardo Abrão, fundador da Abrão Filho.
Outro caso na direção da ampliação do portfólio são as operações de trade finance, que contempla modalidades de financiamento à exportação e importação de bens e serviços. “Estamos passando a trabalhar com crédito em moeda estrangeira. Acabamos de fazer um piloto com uma empresa em uma operação de US$ 450 mil”, conta o empreendedor, cujo pai atua no mercado de câmbio desde 1969.
Fundada em 2011, a Abrão Filho opera como correspondente cambial e aposta em um modelo semelhante ao dos assessores de investimento. Atualmente, a fintech tem 24 agentes autônomos de câmbio, com expectativa de adicionar outros nove no início do próximo ano. Em 2021, a Abrão Filho superou a marca de US$ 1 bilhão movimentados em mais de 16 mil contratos. “Este ano, vamos bater US$ 1,5 bilhão em mais de 27 mil contratos de câmbio”, informa Leonardo.
Foco em PJs
A ampliação das parcerias e a exploração de mercados como câmbio e seguros é mais um passo do BS2 em sua estratégia para ser um banco digital especialista em PJ, principalmente pequenas e médias empresas (PMEs). Há pouco mais de um ano, a instituição da família Pentagna Guimarães decidiu dar foco para o segmento de empresas, mudança que coincidiu com a chegada de Marcos Magalhães (ex-presidente da Rede) como CEO. Atualmente, o BS2 tem mais de 200 mil clientes.
“No ano passado, tivemos um lucro modesto, em grande parte por causa de receitas não recorrentes, por exemplo, ativos dos quais nos desfizemos. Este ano, vamos ter um lucrativo, com receitas recorrentes. Indica que estamos indo na direção certa”, aponta Juliana. Segundo ela, há novos produtos e funcionalidades para serem lançados. Em câmbio, por exemplo, o BS2 trabalha na funcionalidade de multimoeda para a conta global PJ.
A instituição mineira colocou no ar sua conta global para pessoas físicas em 2019 e lançou essa modalidade para empresas no início do ano passado. De lá pra cá, vem ampliando o portfólio de produtos e serviços. Em agosto, incrementou a oferta com os primeiros produtos destinados à exportação — Nota de Crédito à Exportação (NCE) e da Cédula de Crédito à Exportação (CCE) —, conforme notícia antecipada com exclusividade ao Finsiders na ocasião.
O relacionamento com as fintechs, por sua vez, também não começou hoje. O banco, inclusive, já foi às compras no passado recente. Em junho de 2021, adquiriu a fintech de crédito israelense Weel, por valor não revelado, em uma operação que demonstrou o apetite do banco mineiro por operações de crédito, como antecipação de recebíveis, para PMEs.
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