Depois de Itaú e Santander, Bradesco estreia em tokenização de ativos

O Bradesco atuou como originador e distribuidor de uma operação de R$ 10 milhões em CCB, em conjunto com a Bolsa OTC

Os grandes bancos começam a tatear a tokenização de ativos financeiros. Depois do Itaú Unibanco e do Santander, agora foi a vez do Bradesco anunciar sua primeira iniciativa do gênero, ainda em piloto.

Nesta sexta-feira (13), o banco da Cidade de Deus informou que concluiu uma emissão tokenizada de CCB (Cédula de Crédito Bancário) no valor de R$ 10 milhões, na qual atuou como originador e distribuidor dos títulos.

A transação foi realizada em conjunto com a fintech Bolsa OTC e ocorreu dentro do sandbox regulatório do Banco Central (BC). Foi, portanto, a primeira operação de tokenização do setor regulada pelo órgão, informou o Bradesco na nota.

Em nota, Edson Moreto, diretor-executivo do Bradesco, afirmou que a operação piloto tem um caráter inovador para o banco, ao transformar ativos físicos ou produtos financeiros tradicionais em ativos digitais.

“Continuamos trabalhando e testando os benefícios da tecnologia blockchain utilizando o seu ecossistema de inovação, o Inovabra, para que novas operações sejam disponibilizadas aos nossos clientes.”

Na visão de Paulo Oliveira, CEO da Bolsa OTC Brasil, a tokenização da CCB no ambiente regulado do BC ocorre em um “momento decisivo” para o desenvolvimento do mercado de ativos digitais no país e no mundo. “A operação se utiliza da tecnologia blockchain, que permite a captação de funding por empresas a um custo menor, com uma segurança maior do que nos mercados tradicionais, aumentando ainda as possibilidades de liquidez de um mercado secundário de títulos privados no Brasil”, afirmou.

Tendência

Quem também estreou recentemente em tokenização de ativos financeiros foi o Santander. No mês passado, o banco coordenou e estruturou uma emissão de debêntures tokenizadas, no valor de R$ 40 milhões, para a Indigo, de gestão de estacionamentos. A operação foi viabilizada pela Vórtx QR Tokenizadora, no âmbito do sandbox da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O Itaú, por sua vez, lançou em julho do ano passado a Itaú Digital Assets, unidade de negócio responsável pela tokenização de ativos. Por meio do seu banco de investimento, o Itaú BBA, a instituição coordenou duas das cinco operações tokenizadas dentro da plataforma da Vórtx QR Tokenizadora.

Segundo analistas, o tema de tokenização deve ganhar força neste ano com o avanço da regulação do mercado cripto e os primeiros testes do real digital. O Banco Central, inclusive, criou o Grupo de Trabalho Interdepartamental “GTI Tokenização” de ativos, para estudar e fazer recomendações sobre custódia, negociação e liquidação de ativos financeiros tecnologias de registro distribuído (DLT).

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem dito com frequência que o futuro vai na direção de uma economia tokenizada. Opinião que é compartilhada por diversos especialistas no setor.

“Essa interoperabilidade entre ativos que a tokenização gera, de forma regulada por meio de CBDC [sigla em inglês para moeda digital de banco central], muda por completo o que conhecemos por dinheiro”, disse Guga Stocco, sócio da Futurum Capital e um dos criadores da operação digital do Banco Original, em entrevista recente ao Finsiders.

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