Em setembro do ano passado, a Kamino — hub financeiro para startups — lançou seus primeiros produtos de banking, uma conta corrente PJ remunerada e um cartão corporativo bandeira Visa com limite dinâmico. A empresa, que nasceu oferecendo serviços que ajudam a tirar as “pedras” do caminho das startups como abertura de estruturas offshore e remessas internacionais, quer se posicionar cada vez mais como uma plataforma com soluções para resolver as dores da jornada financeira de startups em diferentes estágios.
Agora, a fintech está lançando uma funcionalidade que permite aos fundadores e CFOs de startups criarem múltiplos acessos no aplicativo. Na prática, o novo recurso descentraliza a gestão financeira, possibilitando que cada pessoa crie cartões virtuais, faça pagamentos, verifique extratos e movimente a conta de maneira geral. A opção já está liberada para todos os clientes da Kamino.
A gestão dos acessos é feita pelo fundador, que pode adicionar e remover pessoas a qualquer momento. Cada usuário tem sua própria conta e não há compartilhamento de senhas. “É preciso ter um alto nível de segurança. Então, todos os usuários são autenticados com biometria facial”, explica Gonzalo Parejo, CEO e cofundador da Kamino, em conversa com o Finsiders.
Aprendizado no meio do “Kamino”
Lançada oficialmente em março de 2022, a Kamino chegou ao mercado em um dos anos mais turbulentos na história recente das startups e empresas de tecnologia — cenário que prossegue até hoje, com demissões em massa, reduções nos valuations e crescimento mais controlado e diligente. Apesar do quadro desfavorável, Gonzalo garante que o business da Kamino não foi afetado e se mantém otimista para este ano.
“Nosso produto pretende ajudar as empresas que estão com essa sensação de descontrole financeiro. Estamos preparados para um 2023 bom”, diz o fundador. Segundo ele, 2022 foi um ano de “aprendizado” e criação de uma carteira de clientes. Hoje, a Kamino tem mais de 130 startups utilizando suas soluções, a maioria delas no ‘early-stage’. Na lista estão nomes como as insurtechs Latú e Azos e a healthtech ISA.
Perguntado sobre planos e projeções para o ano, o empreendedor revela poucos detalhes do que está por vir. Em relação à expansão do negócio, ele diz que a expectativa é, no mínimo, dobrar ou triplicar a quantidade de clientes, mas sempre com a “mentalidade de crescimento sustentável, olhando para ‘unit economics’”.
Já sobre a evolução do portfólio, Gonzalo fala em novidades nos próximos meses, no sentido de “aprofundar a atuação em pagamentos, mas também a integração com outros serviços financeiros”. Na primeira entrevista ao Finsiders, em março de 2022, Gonzalo e seus sócios citaram, por exemplo, a possibilidade de disponibilizar uma linha de crédito para capital de giro.
Segundo ele, o objetivo da Kamino não é ser um banco, e sim uma plataforma integrada, “only one”, com pagamentos embarcados, voltada para times financeiros de startups. Atualmente, a fintech oferece conta digital com cartão corporativo, além dos serviços de abertura de estrutura offshore em Cayman e Delaware e remessas internacionais (FX). “Temos clientes que já contrataram 3 ou mais produtos.”
Concorrência
Com o boom de startups ocorrido nos últimos anos, nasceram outras startups justamente para atender esse perfil de clientela. Fintechs como Conta Simples e Clara, por exemplo, têm soluções de cartão corporativo e gerenciamento de despesas. A norte-americana Jeeves também desembarcou no mercado brasileiro em março de 2022, depois de receber uma rodada Série C de US$ 180 milhões.
Em câmbio e remessas internacionais, a Kamino também compete com nomes como Trace Finance e Remessa Online. Bancos tradicionais, como ABC Brasil, BTG Pactual, Genial, Itaú BBA e Voiter (antigo Indusval), também vêm ampliando a oferta de produtos e serviços para startups e scale-ups.
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