Como era esperado, o ano começou fraco no quesito investimento em startups, e as fintechs não se livraram do mal humor do mercado. No pior janeiro desde 2018, as startups brasileiras captaram US$ 96,6 milhões — deste montante, quase 33% (ou US$ 31,7 milhões) foram para fintechs.
Os dados constam do levantamento Inside Venture Capital, produzido mensalmente pelo hub de inovação Distrito. De acordo com o report, o volume investido nas startups brazucas no mês passado despencou 84% quando comparado a janeiro de 2022.
No caso das fintechs, o tombo foi ainda maior: redução de 90% na comparação anual — em janeiro/22, as empresas do setor haviam captado US$ 319,2 milhões, de US$ 591 milhões recebidos pelas startups como um todo.
O levantamento do Distrito mostra também forte queda na quantidade de deals. Em janeiro, foram apenas 25, contra 117 no mesmo mês do ano passado. O maior número de aportes foi na vertical de fintechs, com dez deals, entre eles, as captações de Parfin, Portão 3, Paketá e Transfeera.
O total captado pelas fintechs no primeiro mês do ano só perdeu para o cheque de US$ 45,5 milhões recebido pela startup de energia solar Órigo. As healthtechs, por sua vez, receberam US$ 10,6 milhões, seguidas pelas edtechs (US$ 7,2 milhões), mostra o Distrito.
Recursos escassos
A menor liquidez, com a elevação global de juros no ano passado, continua deixando os investidores retraídos, indica o relatório do Distrito. Na visão de Gustavo Gierun, CEO e cofundador da companhia, janeiro foi marcado por maior intensidade no movimento de demissões, tanto de big techs quanto de startups, o que demonstra o humor do mercado.
“Não temos a menor dúvida que 2023 será um ano desafiador para a indústria. Ainda existem dúvidas sobre quando e como os juros globais começaram a ceder. Com isso, os recursos tendem a continuar escassos e as startups deverão buscar sustentabilidade operacional e fontes alternativas de capital”, diz ele, em nota.
Mesmo as operações de M&As — que analistas apontam como uma das saídas para as startups atravessarem a crise — também encerraram janeiro em baixa. No total, foram modestos oito deals, contra 26 no primeiro mês de 2022.
Ao contrário do que aconteceu em 2022, quando a maior parte das transações foi de startups comprando outras startups, em janeiro esse tipo de operação representou apenas 20% do total. Durante todo o ano de 2022, essa participação ficou em 56,9%, segundo outro relatório do Distrito.
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