O saldo em 2022 acabou sendo positivo para a Investo, asset especializada em ETFs e gestão passiva, mesmo num ano de forte volatilidade nos mercados, juros altos e inflação acelerada. Apesar do quadro turbulento, a gestora fez sua segunda captação de recursos, ampliou o portfólio de fundos de índice e avançou em sua estratégia para popularizar essa modalidade de investimento, ainda incipiente no Brasil.
A casa encerrou o ano passado com R$ 400 milhões em patrimônio líquido (PL) sob gestão e mais de 30 mil clientes ativos. Neste início de 2023, o PL já superou a marca de R$ 500 milhões e a base de investidores chegou a 35 mil, conta Cauê Mançanares, CEO e cofundador da Investo, com exclusividade ao Finsiders. Porém, os números ficaram aquém do que tinha sido projetado pela empresa — 50 mil investidores e R$ 1 bilhão sob gestão até o fim de 2022.
“É um ‘milestone’ que continuaremos perseguindo, e vamos dosando esforços para chegar com robustez nessa meta”, aponta Cauê, que se diz satisfeito com o desenvolvimento da empresa. “Estamos criando um negócio novo, a principal busca é achar avenidas de crescimento. Temos convicção de que encontramos o público-alvo para nossos produtos: brasileiro que quer acessar investimentos com baixo custo, de forma inteligente e com diversificação.”
Para atrair os investidores em tempos de crise, a Investo lançou mão de uma prateleira com ETFs para todos os gostos, com opções de renda fixa (local e global), small caps brasileiras e norte-americanas, além de produtos temáticos com foco em mercados ou tecnologias específicas como 5G, agronegócio, biotecnologia, cripto, entre outros. O portfólio começou em 2022 com 5 produtos e terminou o ano com um total de 17.
Dentre todos, o primeiro ETF desenvolvido pela Investo, o USTK11, é aquele com a maior quantidade de cotistas — são mais de 10 mil. “É um produto com tíquete de investimento menor e também ele teve mais tempo para crescer porque foi o primeiro que lançamos, em 2021”, afirma Cauê. O fundo replica na B3 o ETF VGT (Vanguard Information Technology), listado em Nova York, que investe em mais de 350 empresas norte-americanas do setor de tecnologia.
Pela métrica de patrimônio líquido, o maior ETF no portfólio da Investo é o LFTS11, que acompanha o desempenho de títulos públicos pós-fixados atrelados à Selic, e tem um PL de R$ 273,8 milhões. “O momento do país está levando o brasileiro a buscar renda fixa”, justifica Cauê.
Na renda variável, o maior fundo da gestora é o WRLD11, que engloba mercados globais, desenvolvidos e emergentes, e soma patrimônio de R$ 82,6 milhões. “Esse está entre os mais negociados na B3 e captura a tendência de diversificação global do brasileiro”, analisa o CEO, acrescentando que o investidor tem buscado também pelos produtos de renda fixa global e norte-americana. “Temos dois ETFs de cripto que sofreram recentemente com desvalorização e também estamos vendo voltar o interesse”, diz.
Próximos passos
Depois de um movimento acelerado de lançamento de ETFs ao longo de 2021 e 2022, a Investo agora vai diminuir o ritmo. Para 2023, o plano é consolidar o portfólio criado e ter mais “cautela” para lançar novos produtos, afirma o CEO da gestora. “Temos algumas adições a fazer, mas a ideia é fazer isso de forma mais seletiva, vendo o que está faltando e o timing de mercado.”
Segundo ele, o ano será de fortalecimento com foco na distribuição dos produtos, com o objetivo final de alcançar mais clientes. “Temos um time comercial e estamos fazendo mais a parte de relacionamento com grandes investidores”, aponta Cauê. “Também trabalhamos muito próximos com bancos e corretoras para ajudá-los a conhecerem o produto que estamos oferecendo. O mercado de ETF está nos seus primeiros dias no Brasil.”
De fato: a indústria de ETFs no país encerrou o ano passado com patrimônio líquido de R$ 43 bilhões, contra R$ 50 bilhões em 2021, conforme boletim mensal divulgado pela B3. Nos últimos anos, esse tipo de fundo vem crescendo e novas gestoras independentes resolveram apostar suas fichas nesse mercado. Apesar do crescimento recente, ETFs representam menos de 1% do total da indústria brasileira de fundos de investimento.
“Nos EUA e na Europa, também aconteceu esse fenômeno de queda de PL, não apenas por resgates, mas porque houve desvalorização dos ativos. Foi um ano ruim para o mercado de capitais globalmente”, analisa Cauê. Aqui no Brasil, o mercado de ETFs tem potencial de ser, no mínimo, 10 vezes maior do que é hoje, em sua avaliação. A oportunidade é grande para crescer o tamanho do bolo. “E nós queremos ser uma das líderes desse mercado.”
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