Cora demite 13% do quadro e fala em ser lucrativa no ano que vem

"É a medida mais dura que já tivemos que adotar, sem qualquer dúvida", escreveu Igor Senra, CEO e cofundador da Cora, no LinkedIn

Em meio ao contexto turbulento de mercado, a Cora, fintech para pequenas e médias empresas (PMEs), decidiu demitir 59 pessoas. O corte equivale a cerca de 13% do quadro total de funcionários. O anúncio foi feito pela companhia em um comunicado à imprensa, também publicado no perfil da empresa no LinkedIn.

“É a medida mais dura que já tivemos que adotar, sem qualquer dúvida”, diz o texto assinado por Igor Senra, CEO e cofundador da Cora.

O empreendedor justifica o corte citando que o cenário de mercado “continua difícil” e ainda há “muita incerteza” em relação a uma reversão desse quadro. Segundo ele, antes de realizar os desligamentos, a Cora tomou algumas medidas, como reavaliação dos investimentos em marketing, suspensão das contratações e dos encontros de time.

De acordo com o fundador, o momento exige redefinição de prioridades, escopos, times e escolhas estratégicas, para que a fintech se concentre nas iniciativas que entreguem mais valor aos clientes e à própria empresa. Isso significa tirar das prioridades os projetos “com maior grau de incerteza, ou cuja contribuição real para a Cora só deve se materializar num prazo muito longo”, citou Igor, sem dizer quais seriam esses projetos.

O CEO diz, ainda, que as medidas estão em linha com o objetivo da Cora de continuar crescendo. A expectativa é se tornar um negócio lucrativo no ano que vem. “Continuaremos trabalhando duro e perseguindo o nosso o propósito de simplificar a vida das pessoas donas de pequenos negócios”, afirmou ele.

Para apoiar os funcinários demitidos, a Cora pagará um salário adicional e estenderá por seis meses os planos de saúde e odontológico e também oferecerá um mês de acesso à plataforma Zenklub, de terapia online. Todos os profissionais desligados também receberão verbas para a compra de notebook e para a assinatura de três meses da versão premium do LinkedIn.

Para quem tem filhos de até 17 anos, haverá um auxílio de R$ 1,5 mil. Já para pessoas de grupos minorizados socialmente (mulheres, pessoas pretas e da comunidade LGBTQIAP+) que ganhavam até R$ 7 mil, a fintech oferecerá um auxílio de R$ 4.250 para o pagamento de uma consultoria de recolocação no mercado.

Em operação desde 2020, a Cora foi fundada por Igor Senra e Leonardo Mendes, ambos ex-Moip. De lá pra cá, a fintech levantou três rodadas de investimento — a última foi um cheque de US$ 116 milhões (mais de R$ 600 milhões) anunciado em agosto de 2021, ou seja, antes de o “inverno” começar.

Layoffs

O cenário macroeconômico adverso tem feito startups e fintechs de todos os tamanhos reduzirem os quadros de funcionários para enfrentar um dos momentos mais turbulentos dos últimos tempos. Em fevereiro, mais de 30 startups demitiram, conforme levantamento do site Layoffs Brasil.

Entre fevereiro e março, fintechs como PagBank PagSeguro, OpenCo, Neon, Solfácil, C6 Bank, TerraMagna, entre outras, anunciaram cortes de funcionários. Há casos, ainda, como o da Partyou, fintech para universitários, que inicialmente desligou 30 pessoas e há algumas semanas fechou as portas definitivamente.

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