O clima não está tão gelado para as startups em busca de investimento no Brasil. Nos corredores do Web Summit Rio, o inverno tech talvez esteja mais para outono. As apresentações e conversas com gestores de venture capital e idealizadores de startups e fintechs no evento deixam claro que o dinheiro para novos investimentos não acabou, mas está mais seletivo.
“O dinheiro para startup ficou mais criterioso e o valuation das empresas estão mais realistas. Não acabou o dinheiro, a gente voltou para uma racionalidade”, diz Daniel Izzo, cofundador e CEO da Vox Capital, gestora de venture capital que faz investimentos de impacto.
Para o investidor, havia um descolamento da realidade nas avaliações entre 2020 e 2021. “A gente entrou num lugar muito irracional entre 2020 e 2021, quando se via startups recebendo dinheiro a valuation que era 100 vezes o faturamento do próximo ano”, afirma Daniel.
Segundo ele, há muito espaço no Brasil também para investimento e crescimento de fintechs. Esse cenário é viável, na avalição do gestor, porque o país apresenta cerca de 40% da população desbancarizada ou sub-bancarizada. “Enquanto tivermos cinco bancos representando 90% das contas correntes, há espaço para disrupção”, afirma o CEO da Vox Capital.
Latam
Na visão de investidores, o Brasil é um dos principais focos na América Latina, quando se fala em startups, inclusive fintechs. Em painel ontem (2) no Web Summit Rio, Gabriel Vasquez, sócio da gestora de venture capital norte-americana Andreessen Horowitz (a16z), deixou claro que o Brasil apresenta mais oportunidades hoje que a China, muito fechada, e a Índia, mercado de difícil compreensão.
Para Gabriel, há boas perspectivas no Brasil em fintechs e startups focadas em healthcare. O mercado de assistência em saúde apresenta, segundo ele, muito espaço para expansão e disrupção.
Nas apresentações do Web Summit Rio entre investidores e fundadores de startups, o clima não é de inverno. Há um ventinho ameno de outono, e os investidores continuam a busca por projetos que tenham impacto social e empreendedores resilientes. Izabel Gallera, sócia da firma de venture capital Canary, enfatizou a resiliência dos fundadores como um diferencial na hora de investir.
Na sessão “How to build a sucessful fintech company”, também ficou claro que há disposição dos gestores de venture capital para investir em startups que tenham objetivos bem traçados. Vitor Torres, CEO e fundador da Contabilizei, e Pete Casella, co-head do Point72 Ventures — que tem a América Latina como foco de investimento — comandaram a sessão, deixando claro que a relação entre investidor e investidas precisa ter uma sintonia.
Segundo Vitor, a mesma seletividade para escolher o time da Contabilizei é direcionada a investidores. Para o fundador, o melhor investidor é aquele que abraça o sonho da startup e aporta também conhecimento para que ela concretize esse sonho.
Durante o Web Summit Rio, 974 startups, representando 28 indústrias, participam expondo seus projetos. O evento conta, ainda, com a participação de mais de 500 investidores de venture capital.
*Suzana Liskauskas é a jornalista convidada pelo Finsiders para cobrir o Web Summit Rio.
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