A Higlobe, startup de transferências internacionais para estrangeiros que recebem dinheiro nos Estados Unidos, vai em breve atender a uma demanda reprimida: encaminhar os depósitos feitos em contas nos lá fora para contas de empresas brasileiras. Segundo Teymour-Farman Farmaian, CEO da Higlobe, já há uma fila de espera de mais de mil interessados.
A startup, criada em 2020, já atende pessoas físicas que prestam serviços nos EUA. Mas, por diversas questões regulatórias e tributárias especificas do país, aqui os autônomos preferem emitir nota fiscal e receber como pequenas empresas.
O executivo, que é Venezuelano mas mora nos EUA, onde fica a sede da Higlobe, estima um aumento de 500% nos primeiros dois meses depois que a nova funcionalidade estiver no ar.
De acordo com os dados de Market Sizing da CB Insights, o mercado de pagamentos transfronteiriços está avaliado em quase US$ 21 trilhões com uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 90%. Alimentando esse crescimento está a ascensão do comércio eletrônico global, que deve crescer para cerca de US$ 16 trilhões até 2025 .
Além do Brasil, onde as transferências são realizadas 24×7 através do PIX para valores até US$ 10 mil, a Higlobe atua no México: “Em breve estaremos nas Filipinas também”, diz, esclarecendo que o país, assim como os outros dois, “exporta” conhecimento de prestadores de serviços para os EUA.
“O valor individual dos serviços prestados é bem maior do que o das commodities; nossos clientes realizam em média US$ 3 mil em transferências todos os meses com a exportação dos seus serviços”. Além de profissionais liberais, pequenas empresas também poderão agora usar os serviços da Higlobe.
A startup decolou em meio à pandemia, quando o home office e o trabalho remoto ampliaram as possibilidades de morar em um país e trabalhar em outro. Hoje, além das transferências, a Higlobe também oferece cartão de crédito internacional em parceria com a Visa.
Assinatura mensal
Segundo Farmaian, além das transferências automáticas, a startup tem ainda outra vantagem: enquanto seus concorrentes geralmente cobram entre 1% e 6% por pagamento transfronteiriço – uma combinação de impostos e taxas de câmbio -, a Higlobe cobra uma assinatura mensal de U$ 1,99 para a manutenção de uma conta bancária receptora nos EUA, sem limitar o número de transferências recebidas.
O parceiro que realiza as transferências é o Bexs, que ficou conhecido como “o banco dos tiktokers”. O Bexs foi fundado nos EUA em 2010 pelo brasileiro Luiz Henrique Didier Júnior, e comprado no ano passado pela fintech inglesa Ebury, investida do Santander. Além do custo da assinatura mensal, o cliente também paga uma taxa pela corretagem do câmbio. No México, o parceiro é o Bitso.
“Nossa missão é movimentar o dinheiro do mundo instantaneamente e sem custo e assim ajudar a força de trabalho cada vez mais global a obter mais dinheiro de volta para sua conta bancária”, disse Farmaian, que aproveitou sua experiência no Spotify para construir a Higlobe como plataforma de pagamentos por assinatura. Farmaian fundou a Higlobe com Jeff Bolton, CTO da startup.
O “segredo”
O segredo por trás dos custos mais baixos está no fato de que a Higlobe usa stablecoins – segundo o CEO, apenas as emitidas por empresas regulamentadas e supervisionadas por agências federais ou estaduais dos EUA e que são lastreadas em dólares americanos ou títulos do tesouro do governo dos EUA.
A Higlobe já levantou US$ 14 milhões para expandir sua tecnologia e lançar-se em novos mercados. A última rodada foi liderada pela empresa global de investimento em tecnologia Battery Ventures, que aporta em várias fintechs sediadas nos EUA. Além da Battery, a Higlobe tem no seu captable a TTV Capital, FjLabs, Reciprocal Ventures, Raptor Group e o empresário Gokul Rajaram.