Depois de lançar em março o seu Mercado de Startups (a antiga Estar), uma rede de mercado secundário para empresas de tecnologia, e listar os próprios tokens, a SMU Investimentos começa aos poucos a tracionar a iniciativa.
Desde então, foram fechados 2.034 negócios, impulsionando 6.284 tokens junto a 1.079 investidores. Com três ofertas de startups, o Mercado de Startups SMU já movimentou o total de R$ 233,6 mil. Os dados foram levantados pela empresa a pedido do Finsiders.
Após colocar à disposição dos usuários os tokens do seu próprio Mercado de Startups SMU e da Radix, uma greentech que faz o reflorestamento de mogno-agricano (árvore que dá origem a uma madeira nobre), a empresa inseriu no jogo, em junho, os tokens de renda fixa do Grupo Muda, que atua com a gestão de resíduos, logística reversa e economia circular.
Nesta quinta-feira (13), lançou, ainda, a captação da More.co, uma proptech que comercializa imóveis modulares por assinatura e tem na carteira clientes como Chillibeans, Onii, Kopenhagen, Oakberry, Imaginarium, Natura e Grupo BRMalls, entre outros.
Como funciona
Antes de entrar para o mercado secundário, onde são negociadas entre investidores, as empresas têm seus papéis oferecidos por meio de um “mini IPO”. Ainda que não conte com auditoria, o projeto criado na esteira do sandbox regulatório da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determina que as companhias precisam divulgar seus relatórios financeiros a cada trimestre.
No primário, o Grupo Muda levantou R$ 600 mil via emissão de nota comercial em menos de 10 dias da abertura da captação — um acréscimo de 20%, já que a meta era levantar R$ 500 mil. O token tinha investimento mínimo de R$ 1 mil. Entre as vantagens, oferecia juros de 2,25% ao mês e pagamentos trimestrais aos investidores.
Ao final dos 18 meses do sandbox da CVM, a pessoa recebe os R$ 1 mil mais 28% dos juros, um patamar bem acima dos títulos prefixados do Tesouro Direto atualmente, que pagam pouco mais de 10%, por exemplo.
Por outro lado, a ideia com a More.co é captar R$ 1 milhão. Com juros prefixados de 1,90% ao mês e pagamentos trimestrais ao longo de 36 meses, o investimento tem retorno de 51,70%. A startup precisa primeiro finalizar a etapa no mercado primário, para só depois entrar na roda do mercado secundário.
“Com a sinalização de que os juros devem começar a cair, [o mercado secundário] é algo muito atrativo para os investidores. Para as empresas, os juros que nós conseguimos são melhores do que os de um banco”, afirma Pedro Rodrigues, CEO do Mercado de Startups SMU e sócio da SMU, em entrevista ao Finsiders.
Segundo ele, o patamar de juros pode ser maior ou menor, dependendo da garantia oferecida pela empresa.
Para ser listada, a startup precisa fazer um depósito caução. Se não honrar com os compromissos, essa nota comercial é executada de forma extrajudicial, sem a cobrança de IOF. A intenção dessa estrutura é justamente oferecer mais segurança a quem investe, já que se trata de uma iniciativa nova no país, em um setor de risco considerável.
E o ‘inverno’ das startups?
De acordo com o CEO, com a priorização de negócios que cresçam de maneira sustentável por parte dos fundos de venture capital, as companhias presenciaram o impacto com a chegada do “inverno” das startups. Mas nem por isso o dinheiro deixou de ser uma necessidade.
“As empresas sentiram essa dificuldade, mas elas ainda precisam de ‘funding’ para sobreviver. E aí acabou indo para dívida, que já existe no mercado. Alguns cases do nosso portfólio têm receita recorrente, como o Grupo Muda”, diz Pedro.
Até aqui, o Mercado de Startups SMU soma mais de 1,8 mil carteiras ativas. Os tokens são listados por R$ 10 cada, enquanto o ticket médio por investidor gira em torno de R$ 67. Dessa forma, a plataforma de mercado secundário já atingiu um market cap de R$ 10 milhões, ante a previsão de alcançar entre R$ 20 milhões a R$ 30 milhões feita em março.
Para chegar lá, mais três startups devem ter seus tokens negociados até dezembro por meio da SMU, enquanto outras quatros serão negociadas no âmbito do sandbox via outras plataformas, como o Kria. No final do dia, os tokens listados no mercado secundário podem ter realizado a captação no mercado primário em outras plataformas.
Na SMU, a ideia é manter a pegada ESG na oferta dos tokens, uma característica em comum das startups que levantam recursos em crowdfunding junto à empresa.
Leia também:
Volume captado via crowdfunding cai 30% em 2022, mostra CVM
Kria cresce com serviço para plataformas e entra no “secundário”
SMU lança primeiros tokens do mercado secundário de startups
“Shine like a Estar”: SMU inaugura mercado secundário de startups no Brasil