No cenário global de venture capital, e no Brasil em especial, as fintechs sempre ocuparam um lugar de destaque na hora de levantar investimentos. Entretanto, com o inverno de investimentos que já se apresenta desde meados do ano passado, até as startups de tecnologia financeira estão passando por seus apertos. Segundo um levantamento global da S&P, 2022 foi ruim, mas 2023 está sendo ainda pior.
De acordo com o estudo “Global Fintech Funding Trends”, em 2022 as fintechs ao redor do mundo levantaram cerca de US$ 63 bilhões. Já no primeiro semestre deste ano, o cenário mostra uma piora: até junho deste ano, apenas US$ 23 bilhões foram captados por startups junto a fundos de venture capital.
É uma queda de 49% em relação ao primeiro trimestre do ano passado – sim, eu falei trimestre – e segundo a consultoria, se olharmos para o volume de rodadas, o cenário parece ainda pior. “Esses números mascaram uma verdade mais dura: um pequeno número de grandes negócios, incluindo a rodada de US$ 6,87 bilhões da Stripe, fez com que os resultados do primeiro semestre parecessem melhores do que provavelmente deveriam”, destacou a S&P.
O que está atraindo os fundos?
Apesar dos números pouco favoráveis, não se trata de terra arrasada. Segundo diversos VCs, soluções como orquestração de pagamentos, transações cross-border, entre outras, ainda são vistas com interesse pelos fundos, mas com termos não tão favoráveis para os fundadores, como eram vistos no auge do mercado em 2021.
Um exemplo dado pela S&P é o de startups de ‘buy now, pay later’ (BNPL), que durante a pandemia foram uma das tendências mais quentes do mercado, o que rendeu a marcas como Klarna megarodadas de mais de US$ 600 milhões e chegando a um valuation de US$ 45 bilhões. Hoje o cenário é totalmente diferente: ainda no ano passado, a fintech reduziu seu valor em 85% para levantar uma rodada de US$ 800 milhões.
“Os credores digitais se tornaram populares durante a bolha da covid, mas devido às altas taxas de juros nos países desenvolvidos, esses serviços podem se mostrar menos atraentes no curto prazo”, aponta o estudo.
Entretanto, os rumos de um futuro ainda mais tecnológico em serviços financeiros, especialmente impulsionados pela inteligência artificial, mostram que as fintechs ainda tem cartas na manga para voltar a receber aportes. Segundo investidores, os avanços em IA podem ser a pedra no sapato dos bancos tradicionais, podendo causar uma mudança de paradigma no mercado.
“A IA generativa é Átila, o Huno e, infelizmente, os bancos regionais e locais são o Império Romano”, afirma Matt Harris, sócio da Bain Capital Ventures.
*Conteúdo publicado originalmente pelo portal parceiro Startups.
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