Educbank capta R$ 70 milhões em debênture para acelerar crescimento

A fintech chegou a 300 escolas na carteira em 25 estados brasileiros. Agora, a ideia é escalar para mais instituições de ensino

O Educbank, uma fintech que atua para solucionar o problema da inadimplência nas escolas do ensino básico, acaba de captar R$ 70 milhões por meio de uma debênture integralmente securitizada em mensalidades. A operação — a primeira do tipo para o segmento no país — foi coordenada pelo Itaú BBA. A emissão será realizada em três séries, sendo as duas primeiras com distribuição pública e a terceira, privada. O prazo de vencimento dos papéis é 2026.

Fundada em 2020, a startup tem como o seu principal produto a garantia do recebimento integral das mensalidades, mesmo em caso de atraso pelas famílias. Isso ajuda a manter o fluxo de caixa positivo das parceiras durante o ano. Além disso, possui linhas de fomento, meios de pagamento e ferramentas de gestão para os clientes.

“Antes de finalizar essa captação, sempre utilizamos capital próprio como principal fonte de funding. Chegou o momento de acessar o mercado de crédito por meio de operações estruturadas. Isso é de extrema importância para a nossa tese, para que o produto de inadimplência zero chegue a mais escolas no Brasil”, diz Caio Noronha, cofundador e CFO do Educbank, em entrevista ao Finsiders

Com esse leque de produtos na prateleira, a fintech chegou a 300 escolas na carteira em 25 Estados brasileiros. Agora, o objetivo é escalar para mais instituições de ensino.

Nesta toada, o Educbank prevê colocar à disposição das escolas parceiras uma linha de financiamento de médio e longo prazo focada em investimentos de infraestrutura, como o aumento da capacidade das unidades e a modernização das salas de aula. 

Estratégia

De acordo com Danilo Costa, cofundador e chairman executivo do Educbank, existem algumas barreiras de entrada no segmento educacional que a empresa precisou superar ao longo dos últimos anos. A primeira delas foi o trabalho de branding. “Como é um setor muito fragmentado, você precisa ter uma marca muito reconhecida para navegar no varejo e nas escolas”, diz ele. 

O segundo ponto foi a distribuição. Atualmente, a fintech possui exclusividade para distribuir produtos financeiros à Vasta Educação, rede com 4 mil escolas que faz parte da Cogna, com faturamento anual de R$ 15 bilhões — a Vasta é uma parceira antiga da fintech, tendo liderada a rodada passada de equity no valor de R$ 200 milhões, em dezembro.

Ainda, a empresa tem 60% do nicho de sistema de gestão empresarial para instituições de ensino (ERPs, na sigla em inglês), por meio de parcerias ou ERPs próprios. 

Portanto, o terceiro gargalo a ser solucionado é justamente capital para investir em matéria-prima. Por isso, os fundadores também estão preparando uma Série B ainda este ano. A estimativa é levantar um ‘funding’ da ordem de R$ 330 milhões, totalizando R$ 400 milhões em 2023. 

Pipeline

Com esses passos, a startup prevê elevar o market share, de menos de 1% para 25%, no prazo de quatro anos, e transacionar R$ 1 bilhão em pagamentos nos próximos 12 meses. A empresa não abre os números atuais.

Da esq. para a dir., os fundadores da Educbank Caio Noronha, Danilo Costa e Fabiola Overrath. Foto: Divulgação
Da esq. para a dir., os fundadores da Educbank Caio Noronha, Danilo Costa e Fabiola Overrath. Foto: Divulgação

Para largar na frente em um mercado tão disputado, o Educbank desenvolveu uma tecnologia proprietária que é capaz de processar um conjunto de variáveis operacionais, acadêmicas e sociais das escolas. A plataforma estabelece uma correlação entre o aprendizado dos alunos, a qualidade operacional e o valor das mensalidades para formar um score completo.

Segundo o CFO, a opção de captar por meio de dívida era parte dos planos e deve seguir daqui em diante, uma vez que a startup tem planos de fazer rodadas durante o ‘inverno’ dos fundos de venture capital. “O mercado de crédito estava muito complexo e sofreu muito. Essa captação trouxe uma mensagem muito positiva, porque ocorreu em meio a uma fase super pessimista”, diz. 

“Quase 80% da população está fora de escolas particulares e mais de 50% dos municípios não têm instituições privadas nas suas dependências, e não é pela falta de demanda. O acesso à educação é um desejo tão grande quanto a casa própria ou o plano de saúde. O nosso propósito é mudar essa realidade, e rápido”, afirma Danilo Costa, cofundador e chairman executivo do Educbank.
Concorrência em alta

Segundo o Censo Escolar 2022, o Brasil tinha 47,4 milhões de estudantes na educação básica, em 178,3 mil escolas. Na passagem de 2021 para 2022, o setor obteve o incremento de 1,5%, acrescentando outros 714 mil alunos. O crescimento foi maior nas escolas privadas, com o avanço de 10,6% nas matrículas.

Em um setor tão disputado, é natural que o Educbank não esteja sozinho. Outra startup brigando pelo espaço é o Isaac, plataforma de serviços financeiros para escolas. Em novembro, a empresa captou US$ 125 milhões em rodada liderada pela General Atlantic, acompanhada por Softbank e Kaszek.

Há, também, a EducPay, que tem como iniciativa ser um ‘one-stop-shop’ de serviços para o mercado de educação privada no país.