Após a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do Banco Central (BC), a Serasa Experian está concluindo a aquisição do capital majoritário da Mova, a primeira instituição autorizada pelo BC a atuar como SEP (Sociedade de Empréstimos entre pessoas). O negócio havia sido divulgado em maio do ano passado, mas aguardava o retorno positivo dos reguladores.
Para fechar o deal, a Serasa está pagando R$ 40 milhões (cerca de US$ 7,9 milhões) por 51% do capital da Mova junto aos acionistas Érico Sodre Quirino e Roberto Tesch, fundador e CEO, respectivamente. A fintech utiliza o credit as a service (CaaS) para viabilizar a captação junto às pessoas físicas com o objetivo de conceder a outras pessoas ou mesmo à empresas — neste caso, o foco são as PMEs.
“A plataforma da Mova permite que empresas, inclusive não-bancárias, criem produtos de crédito próprios de maneira simples e ágil. O modelo de negócio é complementar ao nosso portfólio e vai promover a inclusão financeira principalmente das PMEs endereçando novas oportunidades para o mercado de crédito brasileiro”, afirma Rodrigo Sanchez, vice-presidente de soluções de crédito da Serasa Experian, em comunicado.
Com aproximadamente 200 funcionários e escritórios em Itajubá (MG) e São Paulo (SP), a Mova permanecerá independente. Ainda, a Serasa Experian tem a opção de adquirir os 49% restantes da startup entre 2026 e 2028. Já os acionistas podem exercer a opção de venda em 2026.
“Estamos muito felizes com esse novo momento. Temos certeza de que, juntos, ampliaremos o nosso potencial de crescimento, levando a nossa solução para mais empresas que querem criar produtos de crédito como estratégia para fidelizar e rentabilizar sua base de clientes”, diz Roberto Tesch, CEO da Mova, em nota.
Serasa no Brasil
Na sua operação em território brasileiro, a Serasa, que é controlada pela britânica Experian, vem reforçando a aquisição de empresas e investimentos minoritários.
A Mova é a última de uma série de compras que tem, ainda, BRScan (de autenticação e antifraude), Brain Ag (que usa big data em operações financeiras para o agro), Pague Veloz (de pagamentos e recebimentos digitais para o B2B) e Agrosatélite (de software e informação geográfica para a agricultura).
Outras investidas da Experian passam, também, por Traive (agfintech de serviços financeiros apoiada pela BASF) e PayHop (de recebíveis de cartão). De acordo com a Serasa, “trata-se de um movimento estratégico de expandir o negócio, com empresas com sinergia complementares ao nosso portfólio.”
Mercado
Por conta dos juros elevados, com a Selic em 13,75% durante três anos, os empréstimos P2P (peer to peer) ficaram estacionados nos últimos anos. A partir da queda da taxa em agosto, para 13,25%, e a perspectiva de novas baixas, o setor retoma os esforços nas atividades.
Conforme reportou o portal parceiro Fintechs Brasil, a EntrePay fechou a compra da Wealth Money, plataforma que oferece empréstimos para empresas com garantia de recebíveis de cartão. Em março, foi a vez da Inco contar ao Finsiders sobre a intenção de encerrar o ano com R$ 300 milhões em novas ofertas.
Voltando um pouco mais no tempo, em 2021, o PicPay, fintech da J&F, anunciava a entrada no segmento de P2P. De lá pra cá, o super app vem ampliando as ofertas dessa modalidade.
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