O PicPay voltou a registrar resultado positivo na última linha do balanço. No primeiro semestre, o super app da J&F teve lucro ajustado de R$ 58 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 656 milhões entre janeiro a junho do ano anterior. O número desconsidera despesas com aquisições e a integração da Liga Invest (agora PicPay Invest) e dos clientes pessoas físicas do Banco Original. Assim, o lucro contábil foi mais modesto: R$ 3 milhões.
Nos primeiros seis meses do ano, a receita líquida da fintech atingiu R$ 1,5 bilhão, alta de 21% ano contra ano. A companhia atribuiu o resultado ao maior engajamento da base e ao ‘cross sell’ de produtos.
O ritmo de expansão da base de clientes, porém, teve forte desaceleração no período. O PicPay encerrou junho com 33,9 milhões de clientes ativos, praticamente estável ante igual intervalo de 2022. Apesar disso, a fintech diz que, em agosto, deve adicionar aproximadamente 900 mil novos clientes.
Com o aumento da eficiência e redução de custos, a margem passou de 31% para 53%, na mesma base de comparação. E o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi a R$ 123 milhões, ante uma perda de R$ 403 milhões. O volume total de pagamentos (TPV) bateu R$ 116 bilhões, expansão anual de 32%.
Foco no retorno
Em comunicado à imprensa, o CEO do PicPay, Eduardo Chedid, destaca movimentos importantes para manter o ritmo do ‘breakeven’. Entre eles estão a aquisição da BX Blue, fintech de crédito consignado, e a incorporação das contas de clientes pessoas físicas do Banco Original, em junho.
“Isso nos ajudou a acelerar nossa capacidade de expandir o ecossistema, com mais produtos de investimentos, crédito, cartões e seguros, além de outros diferenciais, sem perder o foco na rentabilidade. Esse equilíbrio nos levou ao terceiro resultado positivo consecutivo e nos dá confiança para seguirmos para o próximo passo, que é oferecer uma proposta de valor personalizada para cada tipo de cliente”, afirma o CEO.
O PicPay espera incrementar ainda mais a sua base de usuários ativos e o crescimento da receita com rentabilidade. Mas ressalta que não deve maximizar os lucros devido às “integrações e aos investimentos em novas avenidas de crescimento, como a recente unidade de negócios de investimentos, a expansão de serviços financeiros para o público PJ e a entrada no mercado de benefícios corporativos”.
Além disso, a fintech entrou em crédito com garantia de veículo, em parceria com a Creditas, e diversificou a prateleira de produtos do “PicPay Shop”. Outro movimento recente foi o lançamento de novos títulos de renda fixa na sua vertical de investimentos, entre eles CDBs, LCIs e LCAs.
Para ganhar espaço no Open Finance, o PicPay lançou, há pouco mais de três meses, o ‘conta das contas’, uma feature que permite ao usuário movimentar todas as suas contas bancárias, diretamente do seu ecossistema, e que já soma mais de 1,5 milhão de usuários e R$ 17 milhões transacionados.
De olho na alta renda
“Neste ano, lançamos diversos produtos e serviços com foco na estratégia de expandir nosso ecossistema financeiro para nos tornarmos a principal conta dos usuários ao longo do tempo. Esse objetivo deverá permanecer pelo próximo semestre, baseado também na rentabilidade e maior eficiência operacional”, diz André Cazotto, diretor de RI, estratégia e M&A do PicPay, em comunicado.
Com uma plataforma mais ampla, a fintech informa, ainda, que os clientes mais antigos usam os serviços mais rapidamente, enquanto os novos têm uma adoção mais acelerada. Os novos usuários consumiram três produtos no primeiro trimestre de experiência, em média, algo que antes levava cerca de oito meses.
Com 2 milhões de clientes ‘afluentes’ (aqueles com renda bruta acima de R$ 15 mil ou pelo menos R$ 40 mil investidos), a fintech passará a ter uma oferta de produtos e serviços segmentada para a alta renda. O público também está na mira de neobanks como C6 e Nubank.
O PicPay prevê o lançamento de novas vertentes dos cartões Black e Platinum, com um programa de pontos com mais vantagens. E diz que vai trazer ainda mais produtos de investimentos, como fundos e atendimento via gerentes. “Estamos saindo de uma abordagem de ‘one-size fits all’ para uma comunicação personalizada e sob medida para cada segmento de cliente”, diz André.
*Colaborou Danylo Martins
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