Aos 36 anos, a curitibana Employer atua com soluções tecnológicas e operacionais para a área de recursos humanos (RH), principalmente com foco em trabalho temporário e terceirização de mão de obra. E uma das principais dores da companhia sempre foi realizar o pagamento dos trabalhadores em locais de difícil acesso, onde os bancos não chegam. Agora, imagine essa realidade sem os meios de pagamento digitais que temos hoje.
“Nesse tempo de empresa, fomos desenvolvendo ferramentas com os bancos”, conta o fundador e CEO da Employer, Marcos Abreu, de 73 anos. Segundo ele, os instrumentos utilizados incluíram cheque garantido e cartão salário pré-pago, uma modalidade desenvolvida pela própria empresa em conjunto com o antigo Bamerindus — comprado pelo HSBC, que por sua vez teve as operações no Brasil adquiridas pelo Bradesco.
Com a migração das contas para o Bradesco, a Employer precisou usar o cartão pré-pago tradicional para pagar os salários. “Não é o tipo de operação pensado para pagamentos em lote, mas continuamos utilizando o pré-pago”, diz o executivo. “Até que, num domingo à noite, o Bradesco desligou essa operação. Aí fomos para o Sicredi e voltamos a usar cheque, isso em 2018.”
Pix + RH
Com a criação do Pix, em novembro de 2020, a empresa enxergou uma oportunidade de desenvolver uma plataforma de pagamento de salários em lote. “Então, montamos uma interface que se conectava com a grande novidade do momento, o Pix. Assim, nasceu o RHPIX”, conta Marcos.
Lançado no início do ano passado, o serviço está integrado a mais de 70 softwares de folha de pagamento e permite pagar salário, rescisão, abono, 13º, férias e outros benefícios em qualquer banco onde o trabalhador tiver conta. Para identificar os valores que serão pagos, o RHPIX está conectado à Epays, solução de gestão para RH também construída pela Employer.
“O RHPIX puxa os dados via API do Epays e transfere para o banco pagador. Hoje temos Itaú, Banco do Brasil e BV. Eles recebem os arquivos em lote e disparam para as contas dos beneficiários”, conta o executivo. “O grande segredo e a novidade promovidos pelo Pix é que o trabalhador não é mais obrigado a ter conta salário ou corrente no mesmo banco utilizado pelo empregador.”
Em estágio inicial, o RHPIX atende pouco mais de uma dezena de clientes e movimenta cerca de R$ 40 milhões em 35 mil transações mensais. O volume é baixo ainda quando comparado aos R$ 2 bilhões/mês que circulam nos holerites processados pela Employer. “Hoje, temos mais de 600 clientes de pequeno e médio porte, além de mais de 150 empresas de grande porte”, afirma Marcos. Uma delas é a Syngenta, multinacional de defensivos agrícolas.
Próximos passos
Entre os segmentos atendidos pelo RHPIX estão, ainda, escritórios de contabilidade, transportadoras e empresas de terceirização. O modelo de negócio é por assinatura: o sistema custa R$ 5 mensais por CPF. “Nosso trabalho é aproximar o banco pagador das empresas”, diz o CEO da Employer.
Com um ecossistema de soluções para o RH dentro de casa, o executivo vê a chance de abrir novas receitas com serviços financeiros. “Já temos uma solução de adiantamento salarial com desconto em folha para casos de emergência, por exemplo, compra de medicamentos”, conta o CEO.
Nessa direção para avançar em soluções financeiras, a Employer já avalia usar uma plataforma de banking as a service (BaaS). O estudo é preliminar, e o executivo diz que tem conversado com alguns players do mercado. “Nosso sonho é ter um ‘super app’ com três botões: salário, benefício e ponto. E com ele, o trabalhador poderá pagar suas contas e transferir via Pix.”
Mercado
Naturalmente, a Employer com o seu RHPIX não é a única companhia a investir em soluções digitais para automatizar rotinas do RH. A cearense Somapay, por exemplo, é uma fintech especializada em folha de pagamento e recebeu, no fim de 2021, o aval do Banco Central (BC) para operar como uma Sociedade de Crédito Direto (SCD).
Outro caso é a Benup (antiga BenTech), plataforma de soluções e benefícios para RH e colaboradores criada pela Wiz e pela LG lugar de gente. Mais um exemplo é a wiipo, fintech construída pela empresa de software de gestão Senior Sistemas.
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