O C6 Bank terminou o primeiro semestre do ano com um prejuízo ajustado de R$ 285,3 milhões, uma queda de quase 52% em relação às perdas de R$ 591,6 milhões registradas em igual intervalo de 2022. No release de resultados publicado em seu site, o banco diz que os números apontam para uma “melhora sólida na operação”.
O balanço, não auditado, considera os resultados do conglomerado prudencial, acrescido de itens de receita e despesas que são reconhecidos diretamente no patrimônio líquido. Se levarmos em conta as demonstrações financeiras auditadas e sem esse ajuste, o C6 teve prejuízo líquido de R$ 1,06 bilhão, mais do que o dobro na comparação com o primeiro semestre de 2022.
Os números foram publicados pelo banco digital cerca de uma semana depois do anúncio do aumento de participação de 40% para 46% feito pelo J.P. Morgan. O banco norte-americano é acionista do C6 há mais de dois anos.
No detalhe
Na divulgação dos resultados, o banco digital destaca o índice de eficiência em queda, o maior engajamento dos clientes e a melhora na qualidade de crédito. De janeiro a junho, o C6 teve uma receita líquida de R$ 2,65 bilhões, um incremento de 61,2% na comparação com o mesmo período do ano passado e um avanço de 29,3% frente ao segundo semestre de 2022.
A quantidade de contas abertas atingiu 26,9 milhões ao final de junho, uma elevação de 43,2% quando comparada com os 18,8 milhões que o banco havia contabilizado um ano antes. A instituição não informa o tamanho da base de clientes ou usuários ativos.
As “outras despesas operacionais”, por sua vez, foram de R$ 1,67 bilhão no primeiro semestre. O número subiu 19,9% entre um ano e outro, porém, recuou 1,7% na comparação com o segundo semestre de 2022.
A instituição não detalha os motivos para esse resultado, mas vale lembrar que em fevereiro se uniu a outros neobanks e realizou uma demissão em massa. A companhia não confirmou o número de desligamentos, mas o portal Startups apurou na ocasião que os cortes teriam atingido cerca de 500 funcionários.
Crédito e captações
As despesas com provisões contra inadimplência do C6 saltaram 65,7%, para R$ 1,22 bilhão. Já as provisões para perda associada ao risco de crédito (PDD) avançaram 7,6%. Segundo o banco, a alta nesses indicadores está relacionada principalmente à expansão da carteira de crédito. Entre um ano e outro, o portfólio passou de R$ 21,7 bilhões para R$ 38,4 bilhões, elevação de 77,1% no intervalo.
A taxa de inadimplência dos clientes em atraso há mais de 90 dias teve leve queda de 0,3 ponto percentual entre o primeiro semestre de 2022 e igual período deste ano. Na comparação com o indicador apurado ao final de dezembro último, o recuo foi de apenas 0,1%.
Ao final do primeiro semestre de 2023, o C6 somou R$ 37,1 bilhões em captações, o que representa uma alta de 93,5% ano contra ano. A maior concentração (R$ 31,4 bilhões ou mais de 84%) do volume está em depósitos a prazo, que dobraram na mesma base de comparação. Os depósitos à vista cresceram 55,8% no período.
Apesar dos prejuízos acumulados de R$ 4,24 bilhões até junho deste ano, o C6 encerrou a primeira metade de 2023 com índice de Basileia de 12,5%. Conforme diz o banco, o percentual considera as normas previstas na Resolução BCB 229, que entrou em vigor em julho deste ano. Sem esse ajuste, o índice ficaria em 11,4%.
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