O banco digital Nubank anunciou hoje o lançamento do primeiro fundo semente para investir R$ 1 milhão em startups fundadas por pessoas pretas, o Semente Preta. “Mais da metade dos nossos clientes são pretos, precisamos entender melhor seus desejos e necessidades”, diz o CEO e fundador do Nubank, David Vélez. “O fundo vai nos ajudar a identificar gente diversa e excelente. Hoje nosso principal problema não é dinheiro, é talento. Falta gente boa pra gente crescer mais”, diz. O Nubank não necessariamente vai virar sócio das startups – isso será decidido após 36 meses.
Ainda segundo Vélez, a iniciativa visa incentivar o aumento da diversidade no ecossistema de inovação tecnológica no Brasil e ajudar com mentoria essas pessoas que podem não ter acesso a investidores nas suas redes de relacionamento. Além disso, Vélez explica que a criação desse fundo está em linha com outras iniciativas que o banco vem tomando recentemente no sentido de diversidade e inclusão, como a criação de um centro de tecnologia e design que está sendo construído em Salvador.
O novo fundo, assim como o centro em Salvador são parte do projeto Compromisso de Diversidade, publicado em novembro de 2020. Em outubro do ano passado, sua sócia, Cristina Junqueira, deu uma declaração infeliz ao ser entrevistada pelo programa Roda Viva, da TV Cultura, alegando dificuldade de contratar pessoas pretas porque a maioria delas não seriam capazes de atender o nível de exigência do Nubank. Cristina se desculpou nas redes sociais, e o banco passou a ser mais proativo no sentido de viabilizar investimento e recrutamento dessas pessoas.
Na live em seu anal do Youtube realizada hoje, o Nubank apresentou dados que comprovam quanto o cenário é mais desafiador para empreendedores negros: 49% receberam algum tipo de suporte (contra 57% de fundadores brancos) e apenas 32% (contra 41% dos outros) receberam algum investimento. As inscrições para o processo de seleçåno estão abertas e vão até 24 de setembro neste link.
Podem se inscrever no Semente Preta startups nacionais de base tecnológica, fundadas e/ou lideradas por empreendedores e empreendedoras negras, que tenham MVP (Produto Mínimo Viável) validado e cujos fundadores estejam dedicando tempo integral ou parcial ao negócio.
Além disso, a startup precisa atender a todos os critérios abaixo:
- Estrutura legal: a empresa precisa estar devidamente constituída e em dia com todas as suas obrigações fiscais e regulatórias e deve ter fins lucrativos (não será permitida a participação de Cooperativas, Fundações ou Associações);
- Perfil: pelo menos um fundador negro ou fundadora negra que esteja dedicando tempo parcial ou integral ao negócio;
- Estágio: em fase de operação com o MVP (Produto Mínimo Viável) validado – não são elegíveis startups que ainda sejam projetos ou ideias;
- Conexão com o modelo de negócios do Nubank: startups de setores que tenham sinergia com o modelo de negócio do Nubank (veja lista de setores abaixo);
- Transparência: caso a startup seja selecionada para receber o investimento, é essencial ser transparente quanto ao uso dos recursos;
- Inovação e respeito a direitos de terceiros: o modelo de negócio e proposta apresentados devem ser de autoria e titularidade da startup inscrita. Além disso, a startup deve assegurar que o modelo de negócios e a proposta apresentada não violem quaisquer direitos de terceiros, inclusive direitos de propriedade intelectual, de personalidade e de sigilo.