A plataforma de inovação aberta 100 Open Startups divulga nesta quarta-feira (10) as Top 10 Fintechs, que aponta as startups na área mais atraentes para o mercado corporativo. Como leitor da Finsiders, você fica sabendo antes de todo mundo as mais bem colocadas e também lê entrevistas exclusivas com as Top 3.
O ranking, publicado anualmente desde 2016, é usado como referência por grandes companhias e investidores. Em fintechs, nomes como BLU365, Meu Câmbio, MEI Fácil (comprada pela Neon) e Acordo Online, já passaram pelo filtro nos anos anterioes.
Vamos aos números e à lista
Neste ano, 13% das startups que pontuaram nesta edição do ranking são fintechs. Ao todo, as fintechs no Top 10 tiveram 133 relacionamentos validados de open innovation com empresas no último ano (veja mais detalhes da metodologia do ranking ao final do texto).
Os setores de empresas que mais absorvem soluções de fintechs são serviços financeiros, energia, TI, mineração, alimentos e bebidas. Do total de contratos registrados de inovação aberta no último ano, 8% são provenientes de fintechs.
No ranking como um todo, que mostra as Top 100 Open Startups, cerca de 10% das startups participantes (13.177) do movimento 100 Open Startups fizeram relacionamentos de open innovation com 1.968 empresas nos últimos 12 meses e foram aprovadas como candidatas ao ranking. Desse número, 13% das startups são fintechs.
As Top 10 Fintechs do Ranking 100 Open Startups 2020 (a conversa com os founders das Top 3 está depois da lista).
- Guiando
- Getmore
- Direct.data (controlada pela EGEA)
- Polen
- Zro Bank
- Espresso
- Planium
- License Solutions
- Convenix
- Omnihunter
Todo mundo quer ser ou ter uma fintech
As três startups mais bem posicionadas no Top 10 Fintechs têm um aspecto em comum: nenhuma delas nasceu com soluções financeiras, de fato. Mas todas criaram e estão desenvolvendo novos produtos e serviços na área. Ou seja, resolveram colocar um pé no mundo de fintechs.
Guiando: de telecom ao contas a pagar
A Guiando, startup de Juiz de Fora (MG) criada pelo administrador Rodrigo Schittini, começou desenvolvendo um projeto para ArcelorMittal na área de telecom. Na época, Schittini tinha 20 anos e acabara de começar a graduação em economia — o negócio voou tanto que ele precisou trancar o curso, que depois mudaria para administração.
A experiência em telefonia é inspiração de seu pai, que tinha uma empresa de manutenção de PABX em Juiz de Fora. “Fiquei cerca de dois anos focado no projeto para a Arcelor”, conta. Das duas uma: ou o projeto viraria um negócio, ou ele se tornaria executivo da produtora de aço. Escolheu seguir a veia empreendedora.
O negócio engatou, atraiu um novo sócio, ex-executivo da Embratel, e em 2008 a empresa conquistou o primeiro cliente. Mas as vendas começaram a decolar, mesmo, dois anos depois quando o empreendedor decidiu diminuir o valor mensal do serviço e ganhar com a recorrência dos clientes. Com o tempo, a Guiando se tornou referência em telecom expense management no Brasil.
“Em 2015, fizemos nosso planejamento estratégico. Ficou claro que telecom não era mais oceano azul, e estava caminhando para ser oceano vermelho. Entendemos que maior ativo eram as grandes empresas clientes.”
Dessa constatação nasceria, três anos depois, uma nova solução de automatização de faturas (contas de consumo, aluguel, IPTU, prestadores de serviço etc.). A tecnologia funciona integrada aos principais ERPs. Em piloto desde o ano passado, na virada para 2020 diversos contratos foram fechados, diz Schittini. O modelo de negócio é SaaS e permite atender empresas com, no mínimo, 150 faturas por mês.
“Tem um mercado grande e com muita oportunidade. Nossa taxa de conversão está alta, não é rápida porque são grandes empresas. Estamos falando de empresas com faturamento acima de R$ 300 milhões ao ano.”
Hoje a nova solução é usada por cerca de 20 grandes companhias — a carteira total de clientes da startup é de 70 empresas, que usam os serviços de telecom expense management. A Guiando está otimista. Para este ano, a projeção é mais que triplicar a receita oriunda dessa linha de negócio, e a ideia é repetir a dose em 2021. “Em 2022, esperamos que essa solução represente a maior receita —hoje representa entre 15 e 20%.”
Financiada com capital próprio desde o início, a Guiando gera lucro. Agora está nos preparativos para abrir uma captação com fundos de Venture Capital. O empreendedor não abre ainda o target da rodada, mas diz que o plano é investir bastante em comercial e marketing. “Vamos acelerar a máquina de vendas para contas a pagar de enterprises.”
Getmore: parcerias com bancos e varejistas no mercado de loyalty
A Getmore, especializada no segmento de loyalty solutions, foi fundada no fim de 2015 pelos engenheiros Edgar Scherer e Daniel Radicchi, colegas de Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O negócio nasceu como uma plataforma de cashback para o varejo e evoluiu para uma solução de fidelização, com cashback, gamificação, e modelo white-label ou via APIs. Hoje, a plataforma tem integração com mais de 250 parceiros, entre grandes varejistas, e-commerces e marketplaces.
Em 2017, a startup recebeu um investimento-anjo de R$ 250 mil feito pelo empresário João Appolinário no Shark Thank Brasil. Foi o único aporte de investidor desde então. “Em 2018, atingimos breakeven. Mas agora estamos sentindo bom espaço para escalar. Não fomos atrás, mas vamos começar a abrir captação para uma Série A”, conta Edgar Scherer, cofundador.
Com seis clientes, que acabam atingindo 10 milhões de usuários, o plano é quadruplicar o número de pessoas alcançadas até fevereiro de 2021. Grande parte desse crescimento deve vir de projetos-piloto em andamento com dois bancos, diz o empreendedor, que não pode divulgar os nomes por causa do NDA.
Ao mesmo tempo, a empresa está desenvolvendo outros pilotos com duas grandes varejistas — um deles já começou a rodar internamente e outro deve começar em janeiro. Mas o empreendedor diz que a solução se aplica a varejistas, indústrias, bancos, wallets, fintechs, que buscam fidelizar o usuário dos seus serviços.
“Pega um varejista que tem e-commerce, lojas físicas, conta digital e parceiros. A empresa poderá segmentar por perfis como serão os incentivos, os cashbacks. Na outra ponta, o cash-out é flexível. Permite múltiplas formas.”
Direct.data: análise de crédito com coleta de dados em real time
Com cinco anos de mercado, a direct.data é uma plataforma criada por Agustin Sylveste, um publicitário argentino com especialização em estatística. Ex-diretor de inteligência de negócios da Wunderman, agência do Grupo WPP, ele se mudou para o Brasil em 2003. Em 2010, montou a EasyCheck, gateway de consultas em portais públicos, negócio em que manteve a participação até 2015.
A direct.data foi uma evolução dessa experiência. Com uso de inteligência artificial, a plataforma captura dados espalhados na internet e entrega-os aos clientes via um conjunto de 350 APIs. As soluções incluem background check, governança da informação, prevenção de fraudes e autuações fiscais, validação e captura de dados e avaliação de risco.
Com cerca de 200 clientes, incluindo nomes como JBS, Santander e Sicredi, neste ano a startup resolveu entrar na área de análise de crédito. “Sempre fiquei muito chocado com as poucas opções no mercado, preços fora da realidade, e isso acaba trazendo e onerando empresas de pequeno e médio porte, que têm as mesmas necessidades de operação financeira com segurança que uma empresa grande”, diz.
O produto, que acaba de ser lançado, vem sendo chamado de ‘decision as a service’, com coleta de dados em tempo real. A meta é ambiciosa: revolucionar como se faz análise de crédito no país. O produto já vem sendo testado por grandes clientes do setor financeiro, do agronegócio e de e-commerce.
“Com a nova solução, esperamos quintuplicar o faturamento nos próximos dois anos.”
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