A Trigg, fintech controlada por um fundo do grupo financeiro Omni, quer ir além do cartão de crédito. Começou a adicionar novos produtos e serviços à plataforma e prepara o lançamento de uma conta digital para 2021. O movimento de rebundling se assemelha ao que Nubank e Neon fizeram. No caso da Trigg, o foco é a democratização do acesso ao crédito — hoje, 65% dos usuários do cartão têm até 35 anos e ganham até R$ 3 mil por mês.
A empresa tem costurado acordos para expandir a oferta aos clientes. Acaba de fechar uma nova parceria com a Travelbid, dona das marcas CompraHotel e Recompra, informa a fintech com exclusividade à Finsiders. Agora, os usuários da Trigg poderão comprar hospedagem com descontos e preços diferenciados.
Durante a pandemia, a fintech lançou novos produtos, como um seguro para o cartão com cobertura de perda, roubo, desemprego, em parceria com a Zurich. Fechou parcerias com varejistas como Magazine Luiza e Via Varejo e ampliou a cobertura de assistência do serviço “Meu Pet”.
Apesar do momento de incerteza, a Trigg aumentou o limite de crédito dos clientes e lançou um cartão adicional, com possibilidade de contratar até três cartões para pessoas acima de oito anos (sim, você não leu errado). Isso porque aumentou bastante o uso do cartão de crédito para compra em games.
“Fomos agressivos no limite. Uma vez que dou limite maior, a pessoa tende a usar mais o cartão e concentrar as transações lá. Para o cartão adicional, o pai configura o limite”, diz Wellington Alves, CEO da Trigg, em entrevista à Finsiders. Executivo com 20 anos de experiência no setor financeiro, com passagens por CSU CardSystem, Banco PAN e WeCash, Alves chegou à Trigg em 2019 e assumiu a presidência em janeiro deste ano.
O movimento de ampliação dos limites dos clientes não resultou, porém, em elevação da inadimplência — o índice caiu 15% nos últimos três meses, diz o empreendedor. A fintech tem um programa de cashback, que varia entre 0,25% e 1,30%, dependendo do valor total das compras. Mas o produto cobra anuidade de R$ 130,80 (R$ 10,90 por mês).
Pelo aplicativo, os clientes também podem fazer recarga de celular e games. “60% dos clientes têm celular pré-pago”, afirma Alves. Com a criação da conta digital, o objetivo é que o cliente concentre as transações na plataforma. Sem dar detalhes, ele diz que o produto será “uma coisa diferente do que o mercado tem feito”.
O empreendedor não está preocupado com a concorrência. Para ele, o diferencial da Trigg é reunir numa mesma plataforma diversos produtos. “Temos proximidade grande com os clientes para saber as dores deles”, aponta. Segundo Alves, cerca de 40% dos novos clientes são orgânicos, vêm por indicação dos atuais usuários. “Isso acaba reduzindo nosso custo de aquisição.”
Com o foco 100% na conta digital, a fintech já começa a estudar novos produtos e serviços. O empreendedor não abre mais detalhes, mas dá uma pista do que pode ser desenvolvido: “quem sabe não posso vincular investimentos com o salário dos clientes?”.
A Trigg dobrou o faturamento de janeiro a outubro em relação ao mesmo período do ano passado. Alves não abre o tamanho da carteira de crédito, nem o volume originado de empréstimos, mas diz que as solicitações de crédito nos últimos três anos superaram R$ 3 milhões, muito puxado pelos pedidos em 2020.