A fintech sueca FinanZero, no Brasil desde 2016, está fechando uma rodada de captação que pode girar em torno de US$ 10 milhões. A empresa já está em conversas e negociação com alguns fundos e a expectativa é que o round seja concluído neste início de 2021, conta com exclusividade à Finsiders Cadu Guidi, sócio-diretor de marketing da FinanZero.
O aporte serviria como uma espécie de pré-Série C, segundo ele. Essa seria a terceira rodada de captação da empresa, que já levantou cerca de US$ 15 milhões em dois rounds. No captable, tem investidores como Vostok Emerging Finance (VEF), fundo que investiu também nas fintechs brasileiras Guiabolso, Creditas e Magnetis, além dos fundos Zentro Founders e Atlant Fonder AB.
“Como já temos geração de caixa interessante, não é vantajoso pegar um valor muito mais alto e diluir mais o capital dos sócios.”
Com a injeção de recursos, a fintech quer incrementar o investimento em campanhas de mídia, principalmente off-line, com anúncios em canais da TV aberta. Em 2020, a FinanZero fechou um contrato com o apresentador do SBT, Celso Portiolli, para que ele fosse garoto-propaganda do marketplace de empréstimo on-line.
Com cerca de 3 milhões de visitas ao mês no site e uma média de 600 mil pedidos de empréstimos mensais na plataforma, a fintech não divulga o número de usuários ativos, nem quantidade de pessoas cadastradas ou que já tomaram crédito no site. O motivo é a rodada de captação em andamento. Guidi diz que os índices de aprovação de novos empréstimos caíram no auge da crise do coronavírus e agora estão quase voltando ao patamar pré-covid.
A ideia é que o novo aporte ajude também no desenvolvimento da plataforma, tornando a experiência do usuário mais simples. Isso vai exigir, claro, a contratação de novos profissionais para a equipe de TI, hoje com 12 pessoas — a empresa como um todo tem cerca de 50 funcionários.
“A ideia é entrar com novos produtos, fazer melhorias no site e o time vai crescer, em TI, suporte, comercial, produtos e UX.”
Entre os novos produtos que passarão a ser intermediados pela plataforma estão crédito consignado para aposentados do INSS e servidores públicos, e cartão de crédito, além de empréstimos para empresas. Segundo Guidi, a fintech fechou com alguns parceiros, ainda não integrados, para possibilitar isso. Hoje, mais de 90% do volume de crédito originado no site é crédito pessoal — a fintech também trabalha com refinanciamento de veículo e refinanciamento de imóvel (home equity).
A base de parceiros reúne 30 instituições, incluindo bancos como Pan, Inter, Santander, Alfa e Sofisa Direto, além de fintechs como SuperSim, BizCapital e Creditas. Trata-se de um modelo de negócio que exige bastante investimento em mídia, diz Guidi. Ele explica: a ambição da FinanZero é se tornar o principal canal de aquisição de novos clientes para as instituições parceiras. Uma tarefa nada fácil.
Com esse modelo de marketplace on-line de empréstimos, ao lado da FinanZero, estão nomes como Bom Pra Crédito, que soma mais de 7 milhões de pessoas cadastradas e já intermediou mais de R$ 700 milhões em crédito. No captable da fintech criada por Ricardo Kalichsztein está o nome mais forte de mídia, o Grupo Globo, que investiu R$ 35 milhões em uma rodada de captação em 2019. O plano é intermediar R$ 10 bilhões até 2022. Uma das verticais de crescimento do negócio de Kalichsztein é o formato de credit as a service, conforme me contou recentemente o empreendedor.
Outro competidor da FinanZero, mas no segmento de empresas, é a Capital Empreendedor, fintech que atua como um marketplace de crédito com foco em PJ, intermediando a oferta de produtos como capital de giro, antecipação de recebíveis e cartão de crédito, oriundos de mais de 300 fontes de financiamento, como grandes bancos, fintechs, FIDCs e empresas simples de crédito. Desde o início das operações, em 2017, a plataforma soma R$ 2 bilhões em intermediação de crédito, contou à Finsiders recentemente Juliano Graff, cofundador do negócio.
Fundada em 2015 pelos suecos Joakim Pops, Kristian Jacobsson, Olle Widén, a FinanZero começou operando no Brasil no ano seguinte com financiamento de veículo. Na época, inclusive, chegou a fazer uma parceria com a OLX. “Porém, percebemos que veículo é difícil de aprovar crédito porque é aprovado para a pessoa e para o carro”, explica Guidi, que está no negócio como chief marketing officer e sócio desde outubro de 2016.
Para ele, as fintechs estão brigando por uma fatia pequena do mercado de crédito. O desafio da FinanZero, segundo Guidi, não é entrar nesse rouba-montes, mas sim ajudar a mudar o hábito do brasileiro, que ainda está acostumado a tomar crédito indo a uma agência ou aceitando a sugestão (muitas vezes imprópria, pra dizer o mínimo) de gerentes.
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